Pesquisa realizada na PUC-Campinas comprova eficácia do laser para recuperar paladar
Voluntários que tiveram covid-19 e perderam paladar fizeram testes
Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde comprovou a eficácia do uso de Laser de Baixa Potência em tratamento para reversão da perda de paladar em pacientes afetados pela covid-19. A pesquisadora Letícia Fernandes Sobreira Parreira realizou testes em 70 voluntários na Clínica de Odontologia da PUC-Campinas para avaliar os resultados. Eles buscaram o tratamento após a divulgação do estudo pela Universidade e por veículos de comunicação da região.
O objetivo da pesquisa, base da dissertação de mestrado da pesquisadora aprovada no final de fevereiro, foi verificar a eficácia do tratamento, que é utilizado tradicionalmente em pacientes com câncer, em pessoas que perderam o paladar e olfato por causa da covid-19.
Os 70 pacientes foram selecionados após confirmação da perda do paladar e olfato e divididos em dois grupos distintos. Um deles recebeu a aplicação de luz FBM (fotobiomodulação) de forma simulada associada à terapia olfativa. Outra recebeu a aplicação real com laser de baixa potência em 18 pontos da borda lateral da língua e nas glândulas salivares. O resultado foi uma melhora mais rápida e eficiente no grupo que recebeu o tratamento real.
Houve casos de melhora de 100% do distúrbio do paladar em ambos os grupos, porém somente 13,80% dos pacientes do grupo simulado atingiram a reversão completa da disgeusia (perda de paladar), enquanto 32,35% tiveram obtenção da reversão completa no grupo que teve o tratamento efetivo.
Além disso, em alguns pacientes do grupo efetivo que tiveram covid por mais tempo foi notada uma melhora substancial em menos tempo quando comparado ao grupo simulado.
“Devo apresentar esses resultados na Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica, em setembro. Espero que as pesquisas agora sejam continuadas na PUC-Campinas por outros estudantes da graduação ou do mestrado”, diz Letícia.
Os procedimentos foram feitos uma vez por semana, associados a teste de sabores e questionário qualitativo, até a remissão dos sintomas ou no máximo dois meses, em ambos os grupos.
No grupo simulado, após o cumprimento dos protocolos de proteção pessoal, o paciente foi posicionado na cadeira odontológica, a ponteira do laser foi colocada em todos os pontos de aplicação da luz, porém, a mesma não foi ativada.
Os sons emitidos pelo equipamento de laser foram acionados de forma que fizessem somente o barulho, mas não ativação da luz, ou seja, também foram simulados com o objetivo de obter o efeito placebo para comparação entre grupos.
Treinamento sensorial
Somado à laserterapia, os pacientes também foram orientados ao treinamento olfativo para uma possível melhora do distúrbio do paladar. Esse treinamento sensorial foi orientado e feito com rosa, limão, eucalipto e cravo, em que o paciente cheirou cada substância por um período de vinte segundos cada um deles, duas vezes ao dia durante dois meses. Em relação aos pacientes com laserterapia simulada, houve a mesma orientação quanto ao treinamento olfativo.
Para a avaliação do nível da disfunção do paladar, feita uma vez na semana, os pacientes foram submetidos ao teste de sabores com ácido cítrico (simulação do sabor azedo), sacarose (sabor doce), cloreto de sódio (sabor salgado) e boldo extrato seco (sabor amargo).
Mulheres
Em relação à amostra, ela foi constituída de 54 pacientes do gênero feminino em um total de 70 pacientes, reforçando as pesquisas que indicam que mulheres possuem maior capacidade de percepção do sabor, ou seja, conseguem perceber mais facilmente se o paladar está normal ou não.
Mesmo que o número de mulheres seja discrepante em relação ao de homens, a estatística do trabalho se preocupou em parear a influência do gênero, idade e tempo desde que teve a covid-19.