BREVE HISTÓRIA DO SOLAR DO BARÃO DE ITAPURA
CAMPUS CENTRAL DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
Desde as primeiras décadas do século XIX, o café substituía o açúcar como principal produto da economia campineira. Por volta de 1850, a Vila atingia a condição de um dos maiores centros cafeicultores da Província de São Paulo. A produção e comercialização do produto propiciaram grande desenvolvimento local, permitindo a instalação de ferrovias, um hipódromo, calçamento de ruas, mercados, jardins, fontes, chafarizes, iluminação pública, associações culturais, artísticas e recreativas, lojas de qualidade de influência francesa e outros melhoramentos.
Na região de Campinas, na época conhecida como “Oeste Paulista”, instalaram-se inúmeros fazendeiros que, além de suas propriedades rurais, construíam seus palacetes na cidade.
Joaquim Policarpo Aranha (1809-1902) teve muito destaque na vida econômica, política e social da cidade. Além de próspero cafeicultor e proprietário de várias fazendas na região, tomou parte na maioria das iniciativas públicas campineiras.
Foi vereador, comendador da Imperial Ordem da Rosa e, em 19 de janeiro de 1883, adquiriu o título de Barão de Itapura. Nascido na Vila de Ponta Grossa, mudou-se muito jovem para Campinas com seus parentes. Mais tarde, tanto ele como seu irmão Manuel, futuro barão de Anhumas, tornaram-se grandes proprietários de terras no município.
O palacete, conhecido como Solar do Barão de Itapura, no centro de Campinas, foi encomendado por Joaquim ao construtor Luiggi Pucci, para servir de residência para sua família. Em estilo renascentista italiano, era um arrojado projeto para a época, pois, os 227 cômodos foram construídos em alvenaria de tijolos, substituindo a taipa de pilão, técnica empregada nesse período. A obra, realizada em três anos, é inaugurada em 1883.
O Barão residiu por pouco tempo nesse endereço, tendo este falecido em 1902 e sua esposa, a baronesa consorte, em 1921, quando o imóvel foi herdado pela única filha solteira dos seis filhos do casal, Izolethe de Souza Aranha.
Izolethe, a partir de 1935, aluga o edifício para a Arquidiocese de Campinas, que passou a utilizá-lo como sede de algumas repartições da Igreja, como, por exemplo, o Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado, instituição religiosa criada pelo bispado de Campinas.
Em 1941, o prédio é transferido para a Sociedade Campineira de Educação e Instrução, até os dias de hoje mantenedora da Pontifícia Universidade Católica, a PUC-Campinas, para a instalação da Faculdade de Ciências, Filosofia e Letras.
A transferência oficial de propriedade aconteceu em 1952, quando Izolethe, ainda em vida, vendeu o edifício para a Arquidiocese.
Para a instalação da Universidade e o atendimento às novas funções educacionais, o palacete sofreu modificações na sua volumetria original, com ampliações no andar superior e a construção de anexos. Ainda assim é possível perceber a riqueza de detalhes e ornamentações, bem como a grandiosidade da residência original observada nas colunas jônicas, porões de teto abobadado, telhado de platibanda, janelas em semicírculos e afrescos.
Uma das características mais marcantes do edifício é o Pátio dos Leões, como ficou conhecido o antigo jardim do Solar. Restam ainda algumas palmeiras do jardim original, o portão de grade em ferro fundido e os pilares de cantaria com os leões que deram nome ao local.
O Solar foi tombado pelos órgãos de preservação estadual, o CONDEPHAAT (1983) e municipal, o CONDEPACC (1988).