Uma pesquisa sobre afasia realizada pela professora da Faculdade de Fonoaudiologia da PUC-Campinas Ivone Panhoca envolvendo pacientes com esse problema indica que o número de casos aumentam gradativamente e que com tratamentos específicos realizados em tempo hábil há grandes possibilidades de melhora do quadro. O estudo é realizado com os atendidos pelo Ambulatório da Clínica de Fonoaudiologia da Universidade.
A afasia é uma lesão cerebral provocada, na maioria das vezes, pelos acidentes vasculares cerebrais (AVCs) ou por acidentes de trânsito e que comprometem a área do cérebro responsável pela linguagem. É o caso da aposentada A.T.S., que há sete anos teve um AVC. Ela é uma das cerca de 60 pessoas em atendimento na Clínica.
Segundo Ivone, quando a paciente chegou à clínica falava apenas quatro palavras: “isso”, “obrigada”, o nome do marido e o da filha. “É visível sua evolução. Seu repertório de palavras aumentou e ela já consegue cantar algumas perfeitamente”, diz a professora.
“No final do ano fizemos uma apresentação para as famílias e os pacientes que pouco falavam conseguiram cantar e emocionaram as famílias e a nós”, comemora a aluna do 4º ano da Faculdade de Fonoaudiologia Polyana C. Baptista, que foi a responsável pela ida da A.T.S. ao atendimento. “Fiquei sabendo do caso da dona Ana por meio do marido dela. Ele explicou o quadro da esposa e eu recomendei que procurasse a clínica”, comenta a aluna.
Esses dados aliados aos cerca de 39 pacientes afásicos em lista de espera por atendimento na Clínica de Fonoaudiologia da PUC-Campinas subsidiaram a pesquisa e os trabalhos da professora na área. “Hoje 13 alunos dos 2º, 3º e 4º anos atendem em média 60 pacientes. Sem contar os novos casos que chegam por mês”, completa Ivone.
A professora ressalta que a persistência, o apoio familiar e a dedicação são fundamentais para a melhora do quadro desses pacientes. Mas, ela ressalta, falar em cura ainda é difícil. “Não se pode falar em cura, mas pode-se falar, sem dúvida, em melhoria da qualidade de vida”. A pesquisadora ainda lembra que o cantor Herbert Vianna, depois do acidente de ultraleve, ficou afásico e é um símbolo de que pode haver melhora.
Aumento nas estatísticas
Dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) de Campinas indicam que as doenças do aparelho circulatório, na qual se enquadra o AVC, aumentam anualmente. No ano de 2000, em Campinas, foram 1.573 mortes por doenças do aparelho circulatório, das quais 838 eram homens. Em 2003 foram 1.784 casos, sendo 950 deles homens. Os acidentes de trânsito respondem também por uma considerável parcela de pessoas que podem ficar com alguma lesão cerebral. No primeiro semestre de 2005 a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) contabilizou um aumento de 34% das ocorrências. No total foram cerca de 1.600 acidentes. O AVC é o terceiro responsável pelo número de mortes no Ocidente e a segunda causa de danos cognitivos, perdendo apenas para a doença de Alzheimer.
Serviço:
A Clínica de Fonoaudiologia é vinculada à Faculdade de Fonoaudiologia da PUC-Campinas. Sua coordenadora é a professora Ana Maria Chirelli. No local são atendidos em média 850 pacientes por mês. Atuam na clínica 17 profissionais, que orientam e supervisionam atividades de estágio desenvolvidas por cerca de 40 alunos dos terceiro e quarto anos. Todos os atendimentos são feitos sob encaminhamento médico.
São estes os principais atendimentos oferecidos:
· Avaliação audiológica em adultos, crianças e recém-nascidos (“”teste da orelhinha””)
· Exames de audição
· Avaliação otoneurológica
· Indicação e adaptação de prótese auditiva
· Avaliação da linguagem
· Terapia da linguagem (habilitação e reabilitação de pessoas com distúrbios de comunicação)
· Aperfeiçoamento da voz
A Clínica de Fonoaudiologia funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, no Campus II da PUC-Campinas (Avenida John Boyd Dunlop, s/n – Jardim Ipaussurama). Mais informações pelo telefone 372