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Quando o Dia Internacional da Mulher foi oficializado, há 33 anos, a data ficou marcada pela luta das operárias de uma tecelagem de Nova York, nos Estados Unidos, que fizeram uma greve, no dia 8 de março de 1857, e ocuparam a fábrica em que trabalhavam a fim de reivindicar melhores condições de trabalho, como a redução da carga de trabalho, equiparação de salários com os homens –mulheres recebiam até um terço do salário deles– e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com violência e as mulheres foram trancadas dentro da fábrica que foi incendiada. Cerca de 130 tecelãs morreram carbonizadas. Mas, e hoje? Será que as lutas da mulher do século 21 ainda são as mesmas?

“A luta por igualdade em condições de trabalho, salário, ocupação de cargos de chefia, representatividade política e contra a violência não cessa”, garantiu a professora da Faculdade de Serviço Social da PUC-Campinas Mirian Faury.

De acordo com a professora, apesar de muitos dos direitos das mulheres estarem previstos em leis, seu cumprimento não ocorre no dia a dia. Além disso, alguns desses direitos são exclusivos aos homens, como a visita íntima em presídios. “Essa é mais uma luta por igualdade pela qual as mulheres têm de passar”, exemplificou Mirian. Em 1996, o Congresso Nacional instituiu o sistema de cotas na Legislação Eleitoral que obrigava os partidos a inscreverem, no mínimo, 20% de mulheres nas chapas proporcionais. No ano seguinte, o mínimo passou a ser de 30%. Mas esse sistema não garante à mulher o acesso ao poder, já que não há punição aos partidos que não cumprirem a regra. “É fundamental a participação da mulher na política para a construção de políticas públicas específicas, sem falar que quando a mulher está no governo, geralmente, coloca a causa feminina em primeiro lugar”, argumentou Mirian.

A docente da PUC-Campinas defende que o dia 8 de março deve ser para reflexões sobre os direitos, o papel e a participação da mulher na sociedade. “Ouve uma desvirtuação da data. Tornando-a mais uma data comercial. E esse não era o objetivo”, argumentou a pesquisadora. Ela ainda reforça que muitas empresas realizam cafés da manhã e oferecem rosas no Dia da Mulher, enquanto deveriam estar promovendo palestras e debates. “Toda a sociedade tem suas datas importantes e que remontam a fatos históricos, como o Dia Internacional da Mulher, que deve ser lembrado pela luta das mulheres pelos seus direitos”, reforçou.



Portal Puc-Campinas
5 de março de 2008