Exposição na PUC-Campinas aborda isolamento de pessoas com hanseníase
Mostra reúne imagens em um dos mais importantes asilos de pacientes com a doença
Tendo como tema a vivência de pessoas com hanseníase, a exposição “A Cerejeira não é Rosa – vivência poética no Asilo-Colônia Pirapitingui” pode ser vista até 21 de outubro, na Biblioteca do bloco H13, no Campus I da PUC-Campinas. A iniciativa é uma parceria do Museu Universitário com o Sistema de Bibliotecas e Informação da Universidade. O projeto foi contemplado pelo ProAC (Programa de Ação Cultural) e é realizado pelo Governo do Estado de São Paulo; Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas; e Engenho Cultural.
A mostra reúne fotografias e vídeos captados por Flávio Torres com o intuito de combater o preconceito e o desconhecimento de uma doença que ainda existe nos dias atuais. A curadoria é de Tânia Lima Barreiro, com pesquisa de Renata Gava, montagem de Esdras Casarini e expografia de Rodrigo Santos.
A exposição itinerante evidencia as experiências de pessoas que foram internadas compulsoriamente para tratar a hanseníase no antigo Asilo-Colônia Pirapitingui, que iniciou suas atividades em 1931, em Itu, para tratamento da doença, vista com preconceito no período, o que fez com que fosse imposto isolamento aos doentes. No local, os pacientes geravam relações sociais entre si, motivadas, muitas vezes, pela perda de contato com os familiares.
Na época em que não havia tratamento e a forma de contágio era desconhecida, os doentes, chamados de “leprosos”, eram alvo de repulsa e considerados pessoas “amaldiçoadas”. Uma vez contaminadas, muitas pessoas eram rejeitadas pelas famílias e acabavam deixando suas residências e sobrevivendo às custas de esmolas.
“Para nós, do museu universitário, está sendo uma experiência incrível receber a exposição em nossa instituição. Primeiro, pela possibilidade de poder oferecer aos nossos estudantes, discentes, colaboradores e comunidade em geral o contato com uma mostra tão potente e poética sobre um tema tão carregado de preconceitos com a doença da hanseníase e com todo o escopo histórico que o tratamento da doença causou, principalmente nos internos compulsórios do sistema de profilaxia no Brasil, especialmente no estado de São Paulo. Segundo, pela abertura dos gestores do projeto, em nos proporcionar, para além das realizações das duas oficinas de contrapartida ofertadas pelo projeto, a possibilidade de oficinas, dada a articulação que nossa instituição foi capaz de operacionalizar para tão bem receber o projeto”, disse o museólogo e coordenador do Museu Universitário, Rodrigo Luiz dos Santos.
Além da exposição, há a realização de oficinas. Elas acontecem em conjunto com o Vitalità, a Faculdade de Turismo, a Escola de Arquitetura, Artes e Design, além do Sistema de Bibliotecas do Campus I, que afetivamente recebe a exposição em seu espaço. As inscrições podem ser pelo e-mail museu@puc-campinas.edu.br.
“O Museu Universitário nos propôs uma parceria para que o Vitalità pudesse participar desse belo projeto e nós entendemos que ele tinha muita afinidade com as nossas ações e com as pessoas que participam das atividades do centro. As oficinas previstas são um momento de aprendizagem, de troca de conhecimento e de reflexão de como a cultura e a arte podem nos ajudar a ter mais qualidade de vida, a promover a interação, a socialização e o aprendizado”, disse a Profa. Dra. Mariana Reis Santimaria, Coordenadora do Centro de Envelhecimento e Longevidade Vitalità, da Universidade.
A primeira atividade foi realizada dia 26 de setembro e abordou o tema “Turismo Cultural: receptivo através do Patrimônio”, ministrada por Esdras Casarini, turismólogo formado em Turismo com Ênfase em Agenciamento e Eventos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
A segunda oficina será “Fotografia – a poesia do olhar”, ministrada por Flávio Torres Sitio. O objetivo é mostrar aos participantes os benefícios do ato de fotografar, desenvolvendo habilidades e sensibilizando os participantes quanto à interpretação e observação para além da figura e do momento. Ela será realizada dia 03 de outubro, das 15h30 às 17h, no Espaço Vitalità, no Campus I.
A terceira atividade será uma Visita Guiada, que acontecerá dia 10 de outubro, das 15h30 às 17h30, na Biblioteca I – H13 – Campus I. A mediação será de Renata Gava, historiadora com especialização em patrimônio arquitetônico, e Rodrigo Luiz dos Santos, museólogo especialista em Cultura e Arte Barroca pela Universidade Federal de Ouro Preto e Coordenador do Museu Universitário da PUC-Campinas.