PUC-Campinas e PUC SP debatem futuro em 4º Congresso de Inteligência Artificial
Evento trouxe o tema em várias faces, entre elas os entraves normativos e a ética no uso da inteligência artificial
A PUC-Campinas, através da Pró-Reitoria de Inovação e da Pró-Reitora de Pesquisa Pós-Graduação e Extensão, em parceria com a Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia (FCET) e o Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital (TIDD) da PUC-SP, realizaram o 4º Congresso de Inteligência Artificial (IA), nos dias 7 e 8 de novembro. O evento reuniu especialistas do Brasil e do mundo para debater várias faces da inteligência artificial, com foco em novas tecnologias, aplicações e investigações sobre seus impactos sociais e éticos, bem como questões relacionadas à regulação da inteligência artificial.
O debate, que contou com a apresentação de 35 projetos dos pesquisadores da comunidade acadêmica, abordou a aplicação da inteligência artificial em várias áreas, selecionadas pela Comissão Científica, como: direito, educação, ética, negócios, social, comunicação e saúde.
“Nós já tínhamos um relacionamento com a professora Dora Kaufman, que é uma das maiores especialistas em inteligência artificial no Brasil, e esse ano conversamos sobre a possibilidade de realizar o evento em parceria, para ampliar a discussão sobre a inteligência artificial, principalmente no que diz respeito aos efeitos dela na nossa vida. Então, não é um congresso unicamente para desenvolvimento de IA, puramente técnico. Ele preza por questões de ética, diversidade, sustentabilidade, direito, entre outros temas. Acreditamos que esse projeto tem muita aderência com a nossa missão institucional”, comentou a Prof. Dra. Camila Brasil Gonçalves Campos, Pró-Reitora de Inovação, que também participou do congresso, representando a Universidade.
“A PUC-Campinas é super bem-vinda. É uma parceria exitosa, muito amigável, prazerosa, nós nos complementamos. Essa colaboração amplia a discussão”, reforçou a Profa. Dra. Dora Kaufman, da PUC SP, organizadora do evento.
Um dos temas que mais chamaram a atenção foi a regulação do uso da inteligência artificial. Kai Zenner, que é assessor do parlamentar alemão Axel Voss – muito atuante na questão regulatória na Europa -, participou do debate e trouxe questões importantes sobre legislação, tema também debatido na Europa. “Um dos pontos colocados por ele foi a dificuldade em criar leis sobre a inteligência artificial, porque não há uma função única, como uma ferramenta ou um brinquedo, que possuem uma finalidade específica. Quando falamos da IA, ela pode fazer muita coisa. Então, como você regulamenta uma questão ética, que, de certa forma, ainda permita o avanço da tecnologia para melhorar a vida das pessoas? É necessária uma regulamentação, é urgente, mas é difícil criá-la. Talvez seja necessário sair uma versão inicial, para depois ser aprimorada”, comentou a Pró-Reitora.
Entre os entraves que ainda são temas de discussão está, por exemplo, a questão da sustentabilidade, pontuada pela professora Dora Kaufman. “Ao mesmo tempo que a sociedade tem um conhecimento relativamente profundo sobre as mudanças climáticas, tem muito a ver com a inteligência artificial, usa modelos de inteligência de dados. O paradoxo é que, ao fazer isso, com esse modelo intensivo de dados, é preciso um sistema de computação muito robusto, que utiliza muita energia e emite muito CO2. Então, ao mesmo tempo que o sistema ajuda no conhecimento e no processamento dos dados sobre a sustentabilidade, ele, nos modelos atuais, emite muito CO2”, explica a professora.
Ao final dos dois dias, a avaliação é que a parceria foi de bastante sucesso e irá permanecer em 2024. “A parceria conseguiu atingir os objetivos, com recordes de submissões, inscrições e visualização. Nós decidimos manter a parceria para o ano que vem, em um outro formato, com mais pesquisadores envolvidos”, explica a professora Camila.
Parcerias de sucesso
As parcerias de inovação crescem na Universidade. Em 2023, a Universidade, por meio da Pró-Reitoria de Inovação, tem ampliado o alcance das ações e proporcionado a alunos a possibilidade de participar de eventos ligados ao tema. Um exemplo foi o Amazon Conecta 2023. Através da parceria entre PUC-Campinas e Amazon, o evento transmitiu gratuitamente para os estudantes da Universidade palestras com especialistas sobre marketplace e e-marketplace em todo mundo.
A Pró-Reitoria de Inovação da Universidade também alinhou uma parceria importante com o setor de inovação da Bosch – empresa já parceira da Universidade em outras áreas. O primeiro trabalho foi sobre o tema de economia circular, também com a presença da Panasonic. “Nós temos objetivos parecidos em relação à economia circular. A empresa quer buscar soluções viáveis para mudar o modelo de negócio e a Universidade está preocupada com a questão de preservar o meio ambiente. Então, foi uma discussão importante e que vai gerar uma publicação pela editora da PUC-Campinas”, adiantou a Pró-Reitora de Inovação.
Outra aproximação que ainda renderá muitos frutos é com o ICE (Instituto de Cidadania Empresarial). E o primeiro passo já foi dado, para a criação da primeira edição do Cria Impacto. Trata-se de um programa que tem por objetivo ajudar estudantes do terceiro ano do Ensino Médio de uma escola estadual, localizada em área de vulnerabilidade social, a criarem um negócio que tenha impacto na sociedade. “Eles passarão por um programa de um ano e meio de formação com nosso apoio, financiado pelo ICE, para gerar ideias de negócios. Nós queremos dar a eles uma possibilidade de sair com um curso, uma formação, que vai ser um diferencial muito importante na hora de eles buscarem uma colocação no mundo do trabalho. E já estamos disseminando a ideia do negócio de impacto – para que seja pensado não só no retorno individual, mas pensar no retorno à sociedade, que pode caminhar junto com a geração de renda para o empreendedor”, comenta a professora Camila.
O programa foi desenvolvido pelo Mescla, com a Pró-Reitoria de Inovação e com a Escola de Economia e Negócios, por meio do projeto da Coalizão Pelo Impacto, que está sendo financiado pelo ICE (Instituto de Cidadania Empresarial) e patrocinado pela Fundação Educar, Fundação Feac, Somos Um, Instituto Sabin, Humanize, Instituto Herda Gerdau, Cosan, Fundação Grupo Boticário, RD (RaiaDrogasil) e Beja Instituto.
Essa aproximação abriu outras portas, como o Instituto Sabin, por exemplo. “Fomos convidados a conhecer o Instituto Sabin, em Brasília, que trabalha muito questões relacionadas com as mulheres. Eles têm muita atuação social na área de desigualdade de gênero”, reforçou a professora. Outro parceiro é o Grupo Boticário, que tem alinhado com a Universidade discussões sobre o meio ambiente. Além disso, a Universidade também alinha trabalhos futuros com a PUC RS, que também tem avançado bastante na área da inovação.
Além das parcerias firmadas, a Universidade, por meio de uma iniciativa do Reitor, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior, instituiu um Conselho Empresarial, que tem desenvolvido debates acerca de como o meio acadêmico e o empresarial podem colaborar para formar o profissional do futuro, traçando estratégias para que, cada vez mais, a PUC-Campinas esteja alinhada com o novo e as tendências do mundo do trabalho.