Esta coleção foi resultado de um intercâmbio, em 1977, entre duas instituições: o Museu Universitário da PUC-Campinas, quando era dirigido pelo Prof. Desidério Aytai e The Little World Foundation Museum of Man de Nagoya, Japão.
O conjunto das peças japonesas é composto por mais de uma centena objetos que foram amplamente utilizadas em Zonas Rurais do Japão. Neste acervo encontramos: artefatos utilizados na lavoura de arroz, foices, pás, peneiras, rastelos, enxadas, rastelos, marcadores e niveladores de terra para o plantio, etc. e maquinas de beneficiamento construídas em madeira, cestos para transporte do arroz, objetos de uso pessoal de trabalho na plantação de arroz (como chinelos e chapéus), material de uso na cultura e produção da seda (carretéis, casulos do “bicho da seda”, bandejas, suportes para folhas de amoreiras e casulos, cestas, etc.), peças pertencentes à pessoas e grupos familiares utilizadas durante o inverno (trenós, botas e capas de palha de arroz, oratórios, máscaras, tinas, formas para confecção de calçados e outros. Observa-se que estes objetos utilizados na Rizicultura (Cultivo do arroz), na Sericicultura (cultivo e produção da seda), equipamentos e acessórios domésticos de inverno mostram como uma comunidade rural, manteve a sua sobrevivência e as suas atividades econômicas na fase pré-industrial japonesa, durante as Eras Edo (1603 a 1867) e da Dinastia Meiji (1868 a 1912 – período que marcou o início da modernização do Japão e da imigração japonesa para o Brasil). A província de Yamagata, na Região Nordeste do Japão (Tohoku), local de origem das peças mencionadas, tem as temperaturas mais baixas do Japão, com um verão curto, um inverno prolongado rigoroso, recebendo os ventos frios da Sibéria que provoca tempestades de neve, reduzindo as atividades agrícolas, dificultando a comunicação e o transporte na região. Neste ambiente surgiu uma sociedade com características particulares onde a terra era uma propriedade da família, à qual todos se dedicavam. Nesta região, até o final do séc. XIX, foi uma das partes menos desenvolvidas do Japão, sendo a agricultura desenvolvida por meio do trabalho braçal e o cavalo introduzido como foça de tração no início do séc. XX, quando cultivava-se o arroz, o tabaco e a sericultura a partir de atividade doméstica e familiar.
O intercâmbio entre as instituições, com a doação do acervo para o Museu Universitário da PUC Campinas, deu-se a partir de uma visita do arqueólogo japonês Prof. Unoki Y. ao Prof. Desidério Aytai por indicação da antropóloga do MAE/ USP Profª Drª Nobue Myazaki. O acervo de grande volume chegou no Camus I da PUC-Campinas em 1977.
Além da PUC Campinas, outros museus já expuseram esse singular acervo, como o Museu Paulista , na ocasião da visita dos príncipes japoneses ao Brasil. Ao MAE/USP para a montagem de uma exposição comemorativa ao Centenário da Amizade Brasil-Japão/ 1895-1995 e motivou um seminário com o tema relacionado com a “Cultura Japonesa Pré-Industrial – Aspectos Sócio-Econômicos” coordenado pela Profª Nobue Myazaki.