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Para uma parte das pessoas e da mídia, a reposta é sim. Lamentavelmente! A capa da revista americana “The Economist” com um andador representando a condição do presidente Joe Biden foi de total falta de respeito para com um ser humano, mas ficou entre os assuntos mais comentados do mundo e, em muitos casos, entre sorrisos mal disfarçados. Foi desolador observar que uma pessoa, aos 81 anos, virou motivo de chacota no mundo só porque envelheceu. Como se a idade dele fosse sinônimo de demência, fragilidade e incapacidade.

Em que mundo estamos vivendo?! Quanto mais mergulhamos no mundo da tecnologia e das conexões imediatas, mais nos distanciamos dos valores básicos de qualquer sociedade dita civilizada, como respeitar a experiência, a vivência e os ensinamentos daqueles que já contribuíram muito para a vida de outros.

Não podemos esquecer que o Biden é o atual presidente dos EUA e sua reeleição deveria ser definida pela avaliação do seu Governo e não pela sua performance em um debate ou pelo desempenho em entrevistas coletivas.

Não se trata de política, não se trata de tomar partido desta ou daquela ideologia.

A proposta aqui é fazer uma reflexão sobre a realidade do mundo, inclusive do Brasil, e rever os conceitos sobre as pessoas idosas.

A construção da velhice é assunto de todos e será assim pelas próximas décadas.

O Brasil está envelhecendo. A conclusão é do Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento, realizado pela OMS, que divulgou que o número de pessoas com mais de 60 anos no país deverá crescer muito mais rápido do que a média internacional. A estimativa é que, até 2050, 30% da população brasileira tenha mais de 60 anos.

Já em 2025, segundo a própria OMS, seremos o sexto país do mundo em número de idosos.

Será que o mercado de trabalho está se preparando pra isso? Difícil acreditar, afinal, hoje uma pessoa com 50 anos é alvo da “ditadura da aposentadoria”, em que muitas pessoas, ao completar essa idade, enfrentam uma pressão para se aposentarem, mesmo que ainda estejam no auge de suas carreiras. Eles acumularam décadas de experiência, conhecimento e habilidades que os tornam inestimáveis para suas empresas, mas o mercado de trabalho, na maioria das vezes, os empurra para fora e esquece que essa intergeracionalidade pode ser uma combinação de diferentes perspectivas para encontrar soluções criativas e uma cultura empresarial mais rica.

E você, está preparado para o que está por vir?  A ciência, a tecnologia e o acesso à saúde têm nos permitido viver mais, mas o que faremos com esse tempo a mais de vida é decisão de cada um.

Uma parte da geração prateada, ou os 60+, tem buscado novos conhecimentos.

É o que revela o censo da Educação Superior, do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, que contabilizou quase 52 mil idosos matriculados em cursos superiores. Segundo o levantamento, em 10 anos, o número de alunos idosos na graduação aumentou 56% no Brasil. Isso sem contar os que estão cursando cursos de extensão, especialização, mestrado ou doutorado.

Estudar na terceira idade colabora com a manutenção das funções cognitivas e melhora a saúde e o bem-estar a partir da criação de novas redes sociais, e até para descobrir um novo propósito de vida.

Entre tantos desafios do Brasil, talvez um dos principais seja se preparar para proporcionar mais qualidade de vida para essa geração mais longeva, começando com o atendimento à saúde e incentivando a formação de profissionais especializados em terceira idade, seja na gerontologia, psicologia, fisioterapia ou outras competências.

As escolhas que fazemos ao longo de toda a vida vão nos mostrar que tipo de velhice teremos. O processo de envelhecimento é lento e diferente para cada pessoa, mas acredito que envelhecer bem tenha uma certa dose de sorte, genética e seja a consequência dos capitais físicos e emocionais que fomos acumulando ao longo dos anos.

Envelhecer com dignidade é um direito de todos, incluindo os líderes. As pessoas merecem respeito, em qualquer idade e em qualquer situação.

O resto é só marketing de ocasião. Como dizem os especialistas da área: na comunicação o objetivo é “vender”, não importa se é produto, serviço, ideologia, gente ou capa de revista.

Se você quer saber mais sobre envelhecimento saudável e aprendizado ao longo da vida, ouça o nosso podcast e saiba as possibilidades de cursos nessa área.

https://www.puc-campinas.edu.br/podcast/uma-sociedade-que-envelhece/

 



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17 de julho de 2024