Acessibilidade  
Central de Atendimento ao Aluno Contatos oficiais Área do aluno

Centro Afro da PUC-Campinas celebra um ano de criação com palestras e eventos artísticos

O destaque fica por conta da exposição de 47 esculturas realizadas por vários povos africanos

O Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros Dra. Nicéa Quintino Amauro (CEAAB) da PUC-Campinas, popularmente conhecido como Centro Afro, completou um ano de existência, neste último dia 23 de agosto, com uma série de eventos ocorridos em ambos os campi da Universidade, dentre eles, a cerimônia oficial de aniversário, no Auditório do Campus I, e diversas palestras e atividades artísticas como a exposição “Esculturas Africanas – A Essência da Tradição e Criatividade”, instalada no próprio Centro Afro, localizado no Campus I da Universidade.

A cerimônia oficial, realizada no dia 23 de agosto, contou com a presença, compondo a mesa diretiva do evento, do Reitor da PUC-Campinas, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior; da Coordenadora do CEAAB, Profa. Dra. Waleska Miguel Batista; e da Presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac) e membro do Centro Afro, Comendadora Edna Almeida Lourenço. Durante a celebração, o emblemático capoeirista Mestre Formiga liderou duas apresentações de capoeira.

Esculturas africanas
No dia anterior foi inaugurada a mostra “Esculturas Africanas – A Essência da Tradição e Criatividade”, que segue até o próximo dia 5 de setembro, com visitação aberta de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 21h. Contando com a curadoria do Museu Universitário da PUC-Campinas, a exposição celebra a rica herança cultural e a extraordinária habilidade artística dos povos africanos em 47 peças vindas de vários países do continente.

As obras de arte expostas no Centro Afro pertencem ao Instituto Cultural Babá Toloji, que abriga o maior acervo de peças africanas da América Latina, com um total de cerca de 11.500 unidades. Localizada em Campinas, a entidade completou 25 anos no último dia 20 de junho.

A variedade de esculturas exibidas ilustra a diversidade de estilos, técnicas e significados presentes em toda a África e o público poderá encontrar uma vasta gama de formas e materiais. Os objetos expostos vão desde figuras humanas e animais até representações abstratas, feitos de materiais como madeira, pedra e bronze, que abrangem desde as elegantes figuras alongadas dos povos dogon até as poderosas formas antropomórficas das culturas fang e bakongo.

A mostra está organizada em três eixos temáticos que exploram diferentes aspectos da escultura africana: a “Galeria dos Ancestrais”, onde as peças representam figuras de reverência e proteção; “Deuses e Espíritos”, que destacam a iconografia religiosa e espiritual; e “A Vida Cotidiana”, que ilustra cenas e figuras do dia a dia africano.

Os exemplares pertencem ao Instituto Cultural Babá Toloji, que abriga o maior acervo de peças africanas da América Latina, com um total de cerca de 11.500 unidades. Localizada em Campinas, a entidade, mantida pela Comunidade da Tradição do Culto Afro, completou 25 anos no último dia 20 de junho.

Sobre a abertura
Além do Reitor da PUC-Campinas, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior; da Coordenadora do CEAAB, Profa. Dra. Waleska Miguel Batista; e da Presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac) e membro do Centro Afro, Comendadora Edna Almeida Lourenço, o evento de abertura da exposição contou ainda com a presença do Vice-Reitor da Universidade, Prof. Dr. Pe. José Benedito de Almeida David; da Diretora da Faculdade de Educação, Profa. Dra. Eliete Aparecida de Godoy; do Coordenador do Centro Interdisciplinar de Atenção à Comunidade Interna (CACI), Prof. Me. José Donizeti de Souza; de Luís Fernando Pompeu dos Santos, que representou o pai, o professor Natanael dos Santos, responsável pelo Texto Curatorial da Exposição; e de Luiz Antônio Castro de Jesus, o Babá Toloji, responsável pela guarda desse inestimável patrimônio. Estiveram presentes ainda diversos representantes de movimentos negros, religiosos, decanos, diretores, professores e estudantes da PUC-Campinas.

Na parte inicial da cerimônia, as atividades aconteceram no piso superior do Mescla, onde foram apresentados o novo Grupo de Estudos Cosmovisão e Tradição dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, e, logo em seguida, um vídeo sobre Matrizes Africanas.

Depois, os presentes foram convidados a se dirigirem até o Centro para a abertura da exposição. No caminho até o local, o grupo foi acompanhado por muita música e celebração. Em frente ao Centro Afro foi descerrada a fita inaugural e assinado um acordo de cooperação entre a PUC-Campinas e o Instituto Cultural Babá Toloji, que representa um compromisso contínuo das instituições para promover ações conjuntas, em benefício da comunidade acadêmica e cultural.

O Reitor da PUC-Campinas, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior, celebrou o momento e acenou para a ampliação das ações do Centro, reforçando a importância do espaço, que celebra um ano de atividades. “Estamos comemorando um ano de existência do Centro de Cultura Africana e Afro-Brasileira Dra. Nicéa Quintino Amauro e, neste período, pudemos, juntos, construir muito: a promoção da cultura africana e afro-brasileira, a disseminação de uma cultura antirracismo e a promoção de cursos formativos que estamos fornecendo para a sociedade em construção com a comunidade negra de Campinas. Tudo isso reflete de uma forma positiva para a formação dos nossos estudantes, docentes, corpo técnico-administrativo e também para toda a sociedade”, comentou Germano.

O Reitor da PUC-Campinas, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior (à direita), e Luiz Antônio Castro de Jesus, o Babá Toloji, fundador do Instituto que leva o seu nome, assinaram um acordo de cooperação entre ambas as entidades com o intuito de promoverem ações conjuntas em benefício da comunidade acadêmica e cultural.

A coordenadora do CEAAB, Profa. Dra. Waleska Miguel Batista, por sua vez, ressaltou a importância da mostra na Universidade. “A inauguração da exposição dessas peças aqui na Universidade representa um ganho para a comunidade acadêmica. Além de ser uma das poucas instituições com uma unidade administrativa para combater o racismo, toda essa estrutura representa a valorização dos saberes e da intelectualidade do povo negro”, explica.

A Comendadora Edna Almeida Lourenço, que também está à frente das ações do Centro, celebrou as muitas conquistas desse primeiro ano. “A importância dessa celebração é o compromisso que a PUC-Campinas, na pessoa do professor Germano, tem em relação ao combate ao racismo, a inclusão de negros e negras na sociedade e de mostrar a beleza, a riqueza, a estratégia e a sabedoria do povo negro. A Instituição abraçou essa luta nossa. O Centro representa um grande marco. Começamos com palestras e fomos crescendo. Ganhamos o Centro de Estudos e, agora, construímos um trabalho brilhante, comprometido com a pauta, trabalhando com docentes e profissionais da Universidade, pautando igualdade de direitos e de oportunidades para todos”, afirmou.

Outros eventos
As celebrações de um ano de criação do Centro Afro, no entanto, começaram no dia 12 de agosto com a palestra “Raça, Racismo e Comissões de Banca de Heteroidentificação”, com a advogada e vice-presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção Campinas, Daniela Oliveira da Fonseca.

Dois dias depois foi a vez da palestra “Saúde Mental e Racismo”, com a psicóloga e especialista em auto performance emocional Fabiana Grande, e, no dia 15 de agosto, o Prof. Me. Duncan Chaloba, da Faculdade de Ciências Econômicas da PUC-Campinas, e Renato Aparecido Gomes, advogado e presidente do Instituto Luiz Gama, palestraram sobre “Racismo, Economia e Negócios”, com a mediação do Prof. Me. Roberto Brito de Carvalho, diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade.

Posteriormente, o filme “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos, foi exibido no dia 21 de agosto, seguido de um debate promovido pelo teólogo, filósofo e sociólogo Prof. Me. Arnaldo Lemos Filho. No dia seguinte, a presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac), Comendadora Edna Almeida Lourenço, palestrou em meio ao grupo de estudo “Cosmovisão e Tradição dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana”.

Ao longo do dia 23 de agosto, aniversário do CEAAB, foi promovida na área externa da Praça de Alimentação do Campus I, uma feira com produtos de origem africana e a apresentação do DJ Edmilson, discotecando canções das décadas de 1970, 1980 e 1990.

Por fim, no dia 28 de agosto, foi realizada a última palestra do rol de eventos referente ao aniversário do Centro Afro: “Cultura Alimentar: Coma e Aprenda”, com o sacerdote Okun Olola, dirigente e comandante-chefe do terreiro “Tenda Pai Cipriano”.

Pela humanização e o bem viver
De acordo com a Comendadora Edna, o Centro Afro, desde a sua fundação, “vem em um crescente, realizando uma série de ações e se tornando, cada vez mais, um lugar de movimentação e efervescência, sempre com o compromisso da pauta racial”.

De acordo com a Comendadora Edna Almeida Lourenço, falar da África é falar “da humanidade, de onde tudo começou, da força da contribuição dada pelo negro para o desenvolvimento social, cultural e econômico do Brasil. É sobre essa África que nós queremos falar. Essa é a África que nós estamos apresentando a todos na PUC-Campinas”.

Ela ressalta ainda a presença dos parceiros na implantação e manutenção desta empreitada, como os departamentos vinculados diretamente à Reitoria da PUC-Campinas, o Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e a Discriminação Religiosa, a Frente Regional de Combate ao Racismo e Todas as Formas Conexas de Discriminação de Campinas e Região e diversas frentes do Movimento Negro de Campinas.

“Esses parceiros enriquecem demais esse espaço e a luta por um país mais justo, pois são comprometidos com a causa. E com competência, essas pessoas, altamente capacitadas, trazem em sua leitura e em sua fala a importância de a gente combater o racismo através da humanização e do bem viver”, explica a Comendadora.

Edna encerra dizendo que falar da África é falar “da humanidade, de onde tudo começou, da força da contribuição dada pelo negro para o desenvolvimento social, cultural e econômico do Brasil. É sobre essa África que nós queremos falar. Essa é a África que nós estamos apresentando a todos na PUC-Campinas”.

Sobre o Centro Afro
Fundado em 23 de agosto de 2023 como uma unidade institucional da PUC-Campinas, em pleno Dia Internacional em Memória do Tráfico de Escravos e sua Abolição, o CEAAB é integrado pela comunidade acadêmica interna e pela sociedade civil organizada, representada pelo Movimento Negro de Campinas, que, ciente do racismo estrutural presente na sociedade contemporânea, busca ampliar o diálogo com as diferentes comunidades e estabelecer parcerias que visam à transformação da cultura racista vigente.

Constituído a partir de esforços de docentes e discentes comprometidos com a luta antirracista, que, desde 2018, se reuniam para estabelecer um protocolo permanente de igualdade racial, o compromisso da entidade é o de disseminar conhecimento; enfrentar o racismo institucional, a discriminação racial e as intolerâncias correlatas; desenvolver ações afirmativas de combate ao racismo e em respeito à diversidade cultural; e propor, implementar, executar e avaliar ações para a educação étnico-racial nos âmbitos do Ensino, da Pesquisa e da Extensão na Universidade.



Daniel Bertagnoli
29 de agosto de 2024