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PUC-Campinas cria selo “Mulheres Negras Publicam” e lança edital para publicação de seis obras inéditas

Iniciativa inovadora é uma parceria da Editora Splendet e do Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiro Dra. Nicéia Quintino Amauro, ambos da Universidade

A Editora Splendet e o Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiro Dra. Nicéia Quintino Amauro, ambos da PUC-Campinas, em iniciativa inédita e inovadora, anunciam a criação do selo “Mulheres Negras Publicam”, para incentivar, dar apoio e visibilidade à produção literária nacional desse público, promovendo assim a diversidade no campo acadêmico. Junto ao selo, a Universidade abriu edital com os critérios de participação para selecionar seis obras inéditas de mulheres negras, que serão publicadas no formato físico e digital.

O Edital n. 1/2024 prevê que podem participar da seleção mulheres negras que tenham os arquivos originais concluídos, prontos para avaliação editorial. O material pode ser de qualquer gênero literário e precisa ser original, nunca publicado em nenhuma plataforma e ter no máximo 200 páginas. Em caso de a obra ter sido feita em coautoria, ela pode participar da seleção caso ambas as autoras preencham os pré-requisitos.

Para saber todos os pré-requisitos, clique aqui e confira o edital

As inscrições devem ser feitas necessariamente de forma on-line, pelo endereço: https://www.puc-campinas.edu.br/splendet/selos-editoriais/, ou clicando aqui. Todas os documentos necessários para a inscrição constam no edital. O prazo para se inscrever vai até 23h59, no horário de Brasília, do dia 29 de novembro de 2024. A classificação final será divulgada no site da Editora Splendet em 17 de março de 2025.

“É um dever de toda a sociedade adotar medidas que promovam a igualdade racial. Djamila Ribeiro, no Pequeno Manual Antirracista questiona ‘Você está fazendo o que pode para contribuir para a luta antirracista?’. A editora Splendet entendeu essa pergunta institucionalmente. É urgente termos publicações literárias mais diversas e para isso precisamos de medidas intencionais. Existem boas iniciativas desenvolvidas na área, como o Cardernos Negros, em 1978, Mulheres Negras na Biblioteca (para aumentar o acervo), Literafro, Livaria Bantu, Preta Poeta e Margens (UNICAMP). Essa é mais uma que chega para somar esforços. A parceria é mais uma iniciativa que foi pensada para a comunidade negra e com a comunidade negra”, afirma a Profa. Dra. Camila Brasil Gonçalves Campos, Pró-Reitora de Inovação da PUC-Campinas.

“O Selo Mulheres Negras que publicam é uma iniciativa preciosa para a comunidade interna e externa, especialmente, reconhecendo a intelectualidade e a potência dos saberes das mulheres negras. Espera-se que mulheres negras do Brasil inteiro participem”, afirmou a Profa. Dra. Waleska Miguel Batista, responsável pelo Centro Afro.

Em entrevista à rede de televisão CNN, O CEO da Revista Raça mencionou que hoje há mais luz sobre os autores negros, que antes eram praticamente “invisíveis” para as editoras. Porém, ele relembra que há ainda muito por fazer.

No contexto nacional, a produção literária ainda é muito desigual, especialmente quando falamos de autoras negras. Uma pesquisa da UNB (Universidade de Brasília) mostrou que, até 2014, cerca de 2,5% das obras publicadas eram de autores negros. Não foi encontrada pesquisa que estime o percentual somente de autoras negras, mas é possível inferir que é absolutamente desproporcional ao contingente populacional, uma vez que mulheres negras são cerca de 28% da população brasileira, proporção que, certamente, não se mantém na fatia dedicada à produção literária desse público.

O Selo Mulheres Negras Publicam traz a missão da promoção da diversidade na literatura e pode também ser inspiração para outras iniciativas.



Carlos Giacomeli
5 de outubro de 2024