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Faculdade de Pedagogia da PUC-Campinas realiza evento sobre africanidade e religiosidade

O historiador Natanael dos Santos e o teólogo Marcelo Rezende foram os conferencistas

A Faculdade de Pedagogia da PUC-Campinas promoveu, no último dia 2 de outubro, no Auditório Dom Agnelo Rossi, no Bloco E da Escola de Ciências Humanas, Jurídicas e Sociais (EHJS), uma aula sobre “Africanidade e Religiosidade”, com o professor Natanael dos Santos, historiador e membro fundador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e com o teólogo e ativista do movimento negro Marcelo Rezende. O evento contou ainda com a participação do Quinteto Griô, que executou diversas músicas originárias do continente africano.

Sobre o tema tratado no evento, o professor Natanael explica acreditar no propósito da quebra de paradigmas e que quando se trata de africanidade e religiosidade, “a gente está falando de ancestralidade”.

O historiador Natanael dos Santos comenta que o debate sobre africanidade e religiosidade deve ser constantemente trazido à tona a fim de que o negro possa ser apresentado em sua essência e que sejam conhecidas a sua contribuição para o desenvolvimento do Brasil.

Durante a palestra, o conferencista procurou abordar a trajetória do africano em território brasileiro e a sua ancestralidade, “porque muitos de nós confundimos o que é religião e o que é ancestral. O ancestral está presente dentro de nós, independentemente de você ser umbandista, candomblecista, católico ou evangélico. O ancestral está dentro de você. Então, a minha proposta é sempre trabalhar com a ancestralidade na perspectiva do resgate histórico e cultural do povo africano em território brasileiro”.

Sobre a importância de se discutir o tema “africanidade e religiosidade”, o historiador comenta que este debate deve ser constantemente trazido à tona a fim de que o negro possa ser apresentado em sua essência e que sejam conhecidas a sua contribuição para o desenvolvimento do Brasil.

Discussão nas universidades
O teólogo e ativista Marcelo Rezende, por sua vez, explica que discutir esta temática em um espaço acadêmico como a PUC-Campinas é crucial, pois, segundo ele, “estes locais são centros de construção de conhecimento e questionamento crítico e que eventos como este ajudam a quebrar paradigmas sem personalizar os temas, as religiões ou as pessoas, além de combater preconceitos arraigados na sociedade”.

Durante o evento, o teólogo e ativista do movimento negro Marcelo Rezende falou sobre o profundo respeito que ele tem pelas religiões de matriz africana e compartilhou a sua vivência em relação ao conhecimento que ele possui sobre as verdades dessas religiões e como isso o fez reconhecer que a sua fé não anula a fé ou escolha de fé de outra pessoa.

Ele continua explicando que “a minha experiência como coordenador de políticas públicas para a promoção da igualdade racial de Campinas e teólogo foi bem recebida, o que acredito ter promovido uma maior aceitação e entendimento por parte dos alunos e alunas. A troca de conhecimentos em ambientes diversos contribui para a formação de indivíduos mais conscientes e respeitosos em relação às diferenças culturais e religiosas”.

Durante o evento, Marcelo falou ainda sobre o profundo respeito que ele tem pelas religiões de matriz africana e compartilhou a sua vivência em relação ao conhecimento que ele possui sobre as verdades dessas religiões e “como isso me fez reconhecer que a minha fé não anula a fé ou escolha de fé de outra pessoa. Esta é uma experiência que eu aplico no meu dia a dia, especialmente no meu trabalho, que envolve a articulação de políticas para a promoção da igualdade racial. A compreensão e aceitação das diversas manifestações religiosas é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e antirracista”.

Luta contra o racismo e a intolerância religiosa
Segundo a Profa. Dra. Eliete Aparecida de Godoy, diretora da Faculdade de Pedagogia da PUC-Campinas, as religiões de matriz africana, no Brasil, ainda sofrem com racismo e intolerância religiosa, fruto do racismo estrutural e de um processo histórico de marginalização.

Ela ressalta que ao dar visibilidade à africanidade e a religiosidade, o evento contribuiu para a luta contra o racismo e a intolerância religiosa, promovendo um espaço de diálogo e de empoderamento da comunidade negra e de pessoas adeptas dessas religiões.

De acordo com a diretora da Faculdade de Pedagogia, a Profa. Dra. Eliete Aparecida de Godoy, “a universidade é um espaço de inclusão e pluralidade, onde a valorização da diversidade cultural é essencial para a formação de cidadãos mais conscientes e empáticos” e que “o evento contribuiu para desmistificar estereótipos e conceitos equivocados em torno das religiões afro-brasileiras, incentivando o respeito e a aceitação de diferentes crenças”.

“A universidade é um espaço de inclusão e pluralidade, onde a valorização da diversidade cultural é essencial para a formação de cidadãos mais conscientes e empáticos e o evento contribuiu para desmistificar estereótipos e conceitos equivocados em torno das religiões afro-brasileiras, incentivando o respeito e a aceitação de diferentes crenças”, esclarece a diretora.

Discutir para conhecer
Ela menciona também que “discutir africanidades e religiosidades na Universidade permite que estudantes e membros da comunidade universitária conheçam melhor a riqueza das culturas e religiões de matriz africana, muitas vezes marginalizadas e alvo de preconceito. A partir de atividades diversas, os participantes podem aprender sobre as origens, histórias e práticas dessas religiões e culturas, compreendendo a profundidade de suas tradições e de seu papel na sociedade brasileira”.

A professora Eliete diz ainda entender que um evento universitário sobre africanidade e religiosidade pode servir como incentivo para o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas e projetos de extensão que abordem as contribuições culturais africanas e afro-brasileiras e que esta é uma oportunidade para que a academia reconheça a importância de integrar estudos sobre africanidade em seus currículos, fortalecendo o estudo dessas temáticas no ambiente universitário.

“Em suma, realizar um evento sobre africanidade e religiosidade é uma iniciativa poderosa para a valorização da diversidade cultural e religiosa no ambiente universitário. Ao abordar temas tão relevantes, a Universidade assume o compromisso de fomentar uma sociedade mais inclusiva, igualitária e consciente da riqueza cultural que compõe o Brasil”, conclui a diretora.



Daniel Bertagnoli
14 de novembro de 2024