PUC-Campinas e Fundação FEAC lançam projeto que irá estabelecer plataforma de capacitação à agentes sociais
A Academia Social foi lançada nesta última terça-feira, dia 17 de dezembro, no espaço Manacás
Representantes da PUC-Campinas, da Fundação FEAC e do Grupo de Estudos e Práticas Permanentes em Educação Social (GEPPES) lançaram, nesta última terça-feira, dia 17 de dezembro, no espaço Manacás, localizado no Campus I da Universidade, a Academia Social, uma iniciativa da Fundação FEAC que se vincula ao Programa de Desenvolvimento Humano Integral (PDHI) – Levanta-te e Anda e integra as ações do projeto piloto “Formação de Profissionais do Setor Social”. O acordo foi firmado através da assinatura simbólica do termo de parceria.
A ação, que tem como objetivo estabelecer uma plataforma estruturada de capacitação destinada à agentes sociais que atuam ou desejam atuar no ecossistema social de Campinas, buscará ainda promover a ampliação de conhecimentos e o fortalecimento de práticas profissionais, buscando o fomento da inclusão social, a redução das vulnerabilidades e a promoção do bem-estar da comunidade.
O evento contou com a presença de lideranças das três instituições, incluindo o reitor da PUC-Campinas, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior; o Prof. Dr. Everton Silveira, responsável pelo Programa de Desenvolvimento Humano Integral (PDHI) – Levanta-te e Anda e um dos supervisores da Academia Social; o superintendente socioeducativo da Fundação FEAC, Jair Resende; e o coordenador de Projetos Sociais, Culturais e Educação do GEPPES, Paulo Silva.
Formando lideranças
De acordo com o professor Germano, a Academia Social nasce com um propósito bastante específico, que é o “de formar lideranças e de poder oferecer as organizações sociais oportunidades de capacitação e é por isso que a Universidade está presente e nós estaremos envolvendo os nossos docentes e pesquisadores neste projeto que eu entendo como muito mais formativo e voltado para pessoas que estão realmente engajadas e, aqui na PUC-Campinas, nós ajudamos a pensar, a refletir e quem está trabalhando com pessoas em estado de vulnerabilidade social cotidianamente, na linha de frente, precisa de apoio econômico e de infraestrutura, mas também de formação e capacitação e esse é o propósito que nós, juntos, queremos construir com a FEAC e com a GEPPES. Certamente, isso vai trazer um impacto marcante para a sociedade civil de Campinas e irá fortalecer ainda mais os nossos projetos”.
Ele continua dizendo que “o mais importante é que se torne realidade o sonho que nós temos de ver qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade social na região de Campinas sendo atendida pelos projetos que estão sendo desenvolvidos em parceria com a FEAC, seja alguém em situação de rua; mulheres, por exemplo, que hoje enfrentam muitas dificuldades, não só por questões financeiras, mas em virtude dos costumes de uma cultura machista que ainda impera em nossa sociedade; ou quaisquer outras pessoas que se encontrem em estado de sofrimento, para além da questão social”.
Reconhecimento de uma realidade
O Prof. Dr. Everton Silveira, responsável pelo Programa de Desenvolvimento Humano Integral (PDHI) – Levanta-te e Anda e um dos supervisores da Academia Social, explica que o projeto agora lançado é uma iniciativa gerada a partir de um contexto visualizado pela Fundação FEAC em virtude de um estudo realizado na área da assistência social popular de Campinas.
“Juntamente com essa iniciativa da FEAC, a PUC-Campinas, via Programa de Desenvolvimento Humano Integral (PDHI) – Levanta-te e Anda, também estava gerando um processo de aprofundar o reconhecimento dessa realidade e esta fusão aconteceu dentro de um amadurecimento das duas organizações, onde a PUC-Campinas queria criar novas metodologias ativas junto à comunidade e a FEAC entendeu que precisava fazer um processo de capacitação para organizações sociais, então, a Academia Social nasce desse desejo de criar um espaço de formação permanente para instituições sociais e para as pessoas que atuam nelas”, explica o supervisor da Academia Social.
Segundo o professor Everton, o propósito é qualificar o atendimento que é realizado “lá na ponta, à criança, ao adolescente, de modo que se possa gerar um processo de autonomia e independência dessas pessoas. Ao fim, a ideia é criar processos de capacitação, de fortalecimento de pessoas individualmente e de organizações sociais que atuam com pessoas”.
Governança solidária
Ele continua dizendo que “na realidade, nós somos um tipo de parceiro conhecido como proponente, aquele que tem a responsabilidade primária de executar o projeto, que, neste caso, conta com três eixos estratégicos: trabalhar a questão da formação e capacitação; processar a difusão de conhecimentos; e criar espaços de conexão e trabalho para quem atua no setor social de Campinas. A PUC-Campinas vai entrar, basicamente, com a parte pedagógica, os cursos e a estruturação desse trabalho todo”, porém, o professor esclarece que o projeto como um todo tem uma governança compartilhada e que as três entidades constituem um grupo chamado “Núcleo Gestor” que vai, durante todo o período da execução do projeto, pensá-lo em movimento para que este seja vivo, orgânico e vá atendendo as necessidades da comunidade de acordo com o seu andar, “por isso que ele é um projeto piloto. Tem um ano e oito meses, mas é para ser perene e a ideia é criar uma plataforma de desenvolvimento em um ecossistema social, onde nós possamos produzir conhecimentos com uma perspectiva sustentável e com a participação popular”.
O professor comenta também que a assinatura da parceria é uma grande realização e um grande feito, “porque aqui as organizações implementam 100% os seus objetivos, que é o desenvolvimento de comunidades, de pessoas, de organizações e elas celebram o ingresso da Universidade em um espaço que é seu por responsabilidade social, que é o de atuar na comunidade na qual ela se inscreve e é uma iniciativa pioneira que deve servir de incentivo para outras iniciativas do setor e, mais do que isso, ela impulsiona o poder público a pensar processos para as suas comunidades, que através de ações qualificadas, atendam de maneira as pessoas que precisam fazer uma retomada em suas vidas e construir processos efetivamente emancipatórios”.
“Se isso não ocorresse pelo viés da FEAC e da PUC-Campinas, com a parceria do GEPPES, nós não teríamos a oportunidade de acompanharmos isso acontecendo de fato e hoje nós temos a possibilidade de ver agentes e educadores sociais, organizações sociais, universidades e entidades da sociedade civil unidas no processo formativo em prol de uma população que precisa muito sair da condição de vulnerabilidade em que se encontra. A ideia é superar ou minimizar situações de vulnerabilidade na ponta”, encerra o professor Everton.
Atendendo a demanda
A Academia Social vem para atender uma demanda muito importante do terceiro setor, que é a formação continuada da “mão de obra” que o atende, especializando-a em determinados temas cuja carência é sentida nos dias atuais.
Segundo o superintendente socioeducativo da Fundação FEAC, Jair Resende, a entidade vem acompanhando o fortalecimento do ecossistema social na cidade de Campinas e, por isso mesmo, durante o ano de 2024, ela e a PUC-Campinas elaboraram o desenho da Academia Social para oferecer uma série de cursos que vão do nível básico até a pós-graduação, “onde pessoas que já estão atuando no terceiro setor ou que têm desejo de atuarem na área poderão se inscrever. O impacto que a gente espera com esse projeto é que, sobretudo, as crianças, os jovens e as comunidades vulneráveis recebam um atendimento ainda mais qualificado para que o trabalho que essas organizações têm na cidade de Campinas e região seja ainda mais impactante”.
“Esse projeto terá uma chancela acadêmica da Universidade e passará por um processo de avaliação contínua. A partir do início do ano que vem começam as formações, porém ainda não há uma data para divulgação dos cursos e abertura das inscrições”, lembra o superintendente.
Sonho e empolgação
O educador social e cofundador do GEPPES, Paulo Silva, comenta ter sempre sonhado com a possibilidade de um projeto como a Academia Social sair do papel e que a Parceria com a PUC-Campinas e com a Fundação FEAC é algo que o empolga em virtude dos benefícios que a estrutura que será fornecida gerará aos futuros agentes sociais e às organizações sociais de Campinas e região.
“O nosso desafio agora é fazer com que a Academia Social seja realmente um lugar de troca de experiências e que forme profissionais qualificados para trabalhar com crianças, adolescentes, mulheres, pessoas idosas, enfim, será um ganho tremendo para a sociedade e eu tenho certeza de que muitos bons resultados aparecerão e é um trabalho muito importante porque tenta mitigar essa desigualdade que existe em Campinas e região, pois estamos falando de uma região metropolitana e, no caso específico de Campinas, de uma cidade que conta com muitas organizações da sociedade civil e ter uma série de informações importantes à disposição faz com que a gente desconstrua um grande rol de questões, seja no campo assistencialista, seja em uma lógica de enfrentar as violências estruturais e domésticas”.
Ele continua dizendo que “a ideia é levar informação, porque, muitas vezes, as pessoas têm a ideia concebida de que quem tem pouco repertório acadêmico não entende grande parte dos processos de conhecimento da vida e da estrutura que está posta e muito pelo contrário, pois a gente aprende muito com essa galera que vem dessas experiências, muitas vezes, difíceis e que podem narrar uma transformação no sentido de incluir”, esclarece o educador social.
“O grande ganho é no sentido de que mais gente poderá olhar criticamente a sociedade e pensar coletivamente em suas transformações, pois a força está no coletivo e esse processo de formação tem essa coisa de grupo, o que, com certeza, acarretará possibilidades ainda maiores de transformação. Pelo menos, é no que eu acredito”, encerra Paulo.