Fim do silêncio: órgão de tubos da Catedral de Campinas será reinaugurado
Com 135 anos de história, o órgão Cavaillé-Coll da Catedral Metropolitana de Campinas quebra quase 30 anos de silêncio e apresenta ao público de Campinas e região toda a imponência de sua sonoridade.
O órgão foi restaurado e será reinaugurado durante uma programação especial nos dias 17, 18 e 19 de agosto. Uma oportunidade singular, já que no Brasil existem apenas 13 exemplares do “rei” dos instrumentos, como é conhecido, sendo que destes, apenas dois estão em funcionamento atualmente.
O restauro do Cavaillé-Coll durou cerca de quatro meses, uma espera até que curta, diante da grandiosidade do som que o instrumento produz. Segundo o Monsenhor Rafael Capelato, pároco da Basílica de Campinas, a grande dificuldade era encontrar alguém com conhecimento técnico sobre o órgão para assumir esse processo. “A tarefa ficou sob a responsabilidade do Sr. George Jann, um mestre organeiro alemão, que reside no sul do país há 12 anos e que eu conheci quando esteve na região trabalhando na construção de outros órgãos. Ele desmontou o órgão, avaliou e desenvolveu um projeto de restauro”, explica.
Com 702 tubos, o Cavaillé-Coll da Catedral Metropolitana foi construído pelo mestre francês Aristide Cavaillé-Coll, considerado o mais importante construtor de órgãos do século XIX. A sua montagem, na então Matriz Nova da cidade de Campinas, foi concluída pelo organeiro Antonio Pastore em novembro de 1883, ano da inauguração da igreja, com a execução de partituras da família do maestro campineiro Carlos Gomes.
Embora tenha sido encomendado para inauguração da matriz, Monsenhor Rafael Capelato conta que o instrumento não foi feito para a igreja. “Existe uma história não comprovada de que esse instrumento teria sido encomendado para a cidade do Cairo, no Egito, mas que uma revolução no país teria impossibilitado a aproximação do navio, e como Campinas também havia encomendado um órgão, ele foi enviado para cá”, comentou. Já na Basílica, coube ao arquiteto Ramos de Azevedo projetar um arco para embutir o instrumento no local.
A organista titular da Catedral de Campinas, Ana Carolina Sacco, explica que o órgão de tubos na igreja é utilizado para a liturgia, por ser um instrumento de sopro e se assemelhar ao corpo humano, produzindo um som como se fosse uma pessoa cantando. “A principal diferença entre um órgão eletrônico e um de tubos é o resultado sonoro que a gente tem no total da igreja. Quando a gente toca, ele enche completamente a igreja com um som homogêneo que chega para as pessoas”, detalha.
A reinauguração do Cavaillé-Coll em 2018 surge como um presente, já que neste ano a Diocese de Campinas celebra 110 anos de sua criação e 60 anos de sua elevação à Arquidiocese. Por isso, estão programadas três cerimônias especiais que contarão com a atuação do primeiro organista da Basílica Papal de São Pedro, no Vaticano, o Sr. Josep Solé Coll. No dia 17 de agosto, às 20h, haverá a bênção do instrumento e o descerramento da placa comemorativa. No dia seguinte, 18 de agosto, também às 20h, haverá um concerto de reinauguração e, no domingo, 19 de agosto, às 9h30, Missa Solene na Assunção de Nossa Senhora.
Após a reinauguração, a Missa aos domingos, às 9h30, contará com a apresentação do órgão, juntamente com o Coro da Arquidiocese. Além disso, a Catedral Metropolitana de Campinas está organizando uma agenda de celebrações e concertos que acontecerão regularmente.