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Coronavírus interrompe geração de empregos após primeiro bimestre positivo na Região Metropolitana de Campinas

Janeiro e fevereiro tiveram saldo positivo de 9,6 mil postos de trabalho; após crise sanitária, RMC registrou fechamento acentuado de vagas

O avanço do coronavírus no Brasil, exigindo das autoridades medidas para o isolamento social, interrompeu uma série positiva da geração de empregos na Região Metropolitana de Campinas (RMC). De acordo com o estudo do Observatório PUC-Campinas, baseado nos dados divulgados pelo novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), 9,6 mil postos de trabalho foram criados no 1º bimestre. Ao término de abril, após a expansão da pandemia no país, o saldo na região fechou negativo em 19.089 vagas.

“As medidas de distanciamento social adotadas a partir de março para evitar o aprofundamento da crise sanitária e o colapso no sistema de saúde tiveram um forte impacto sobre a economia, alterando os fluxos de demanda e de produção. Observa-se, em março, uma redução de 8,1 mil postos de trabalho, seguida por uma queda de 20.565 postos em abril”, ilustra Eliane Rosandiski, economista responsável pela análise.

A destruição de empregos registrada no 2º bimestre, embora pequena se comparada ao Estado de São Paulo e ao Brasil como um todo, equivale a 70% dos postos de trabalho perdidos no ano de 2015, que obteve o pior saldo na série histórica da evolução do emprego na RMC desde 2010. Com o fechamento de 10.393 vagas, o município de Campinas sofreu o maior impacto, seguido por Americana, Indaiatuba, Valinhos e Sumaré.

Segundo a professora extensionista, tomando como referência o perfil do ajuste do mercado de trabalho paulista e a estrutura do emprego gerado na RMC, os setores mais prejudicados foram o Comércio, com perda próxima de 5 mil postos, seguida pelos Serviços Técnicos e pelos Serviços de Alimentação, que fecharam 3,9 mil e 2,9 mil postos, respectivamente. Além disso, estima-se que tenham sido perdidas 4,1 mil vagas na Indústria de Transformação.

O resultado, embora dramático, poderia ter sido pior sem a Medida Provisória 936, que permitiu a flexibilização dos contratos de trabalho em tempos de pandemia. Segundo estimativa feita no levantamento do Observatório PUC-Campinas, cerca de 159,8 mil empregos foram preservados em função dessa medida. Apesar da manutenção de alguns postos de trabalho, a MP apresenta efeitos negativos sobre a renda do trabalhador, pondera o estudo.

“Os dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE, apontam para uma queda de 16% da massa de rendimento dos ocupados, além da alta da vulnerabilidade em função do número de pessoas em situação de desalento. É uma crise sem precedentes, que ainda está em curso e com consequências imprevisíveis”, avalia Eliane.

Observatório PUC-Campinas

O Observatório PUC-Campinas, lançado no dia 12 de junho de 2018, nasceu com o propósito de atender às três atividades-fim da Universidade: a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade.

A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação de estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social da RMC.  As informações, que englobam indicadores sobre renda, trabalho, emprego, setores econômicos, educação, sustentabilidade e saúde, são de interesse da comunidade acadêmica, de gestores públicos e de todos os cidadãos.



Vinícius Purgato
4 de junho de 2020