Infectologista cita segunda onda de infecções na Europa para relativizar desaceleração da pandemia na RMC
Nota técnica do Observatório PUC-Campinas mostra que casos e mortes seguem caindo, mas que doença não está controlada
A segunda onda de infecções do novo coronavírus na Europa, que levou vários países a decretar estado de alerta, é a prova de que a população da Região Metropolitana de Campinas (RMC), há semanas registrando quedas no número de casos e mortes pela doença, deve seguir as medidas de prevenção contra o vírus. É o que afirma o infectologista André Giglio Bueno após divulgação de nova nota técnica do Observatório PUC-Campinas, que mostrou a manutenção da tendência de desaceleração da pandemia na região durante a 43ª Semana Epidemiológica.
“O cenário da pandemia na Europa atualmente é bastante assustador, visto que não somente o número de casos, mas também o número diário de óbitos vem aumentando em países como Espanha, França, Bélgica e Inglaterra. Não é possível prever se passaremos por situação parecida em algumas semanas, de modo que a única ferramenta que temos para diminuir o risco de uma segunda onda são as medidas comprovadamente eficazes para reduzir a circulação da covid-19, essencialmente evitar aglomerações, rigor máximo com o distanciamento físico, uso adequado de máscaras e cuidados com higienização de mãos e superfícies”, destaca o médico.
Encerrada a 43ª Semana Epidemiológica, correspondente ao período de 18 a 24 de outubro, os dados indicaram decréscimo de casos e óbitos por covid-19 no Departamento Regional de Saúde de Campinas (-12,79% e -29,5%, respectivamente) e na RMC (-16% e -14%). O comportamento foi semelhante em diversos municípios, mas Campinas apresentou taxas crescentes: houve alta de 2,8% nas infecções e 11,1% nas mortes. Os números atualizados podem ser obtidos no Painel Interativo do Observatório: https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.
Em meio às discussões do ponto de vista da saúde, a economia segue manifestando resultados ruins. De acordo com o economista Paulo Oliveira, que coordena as análises relativas à covid-19 pelo Observatório PUC-Campinas, os dados comparativos com o ano passado evidenciam que a atividade econômica ainda não se recuperou da crise do coronavírus. Os números da Indústria (-8,6%), comércio varejista (0,9%) e serviços (-9%) continuam com variações negativas.
Para Paulo, só a flexibilização das atividades não garante a retomada econômica. No momento, todos os municípios da RMC estão na fase verde do plano São Paulo, permitindo funcionamento de bares, restaurantes, academias e outros estabelecimentos. “A sustentabilidade da retomada econômica vai depender da retomada da capacidade de consumo das famílias, da recuperação da economia internacional e da política de gastos públicos”, avalia o professor extensionista.
Observatório PUC-Campinas
O Observatório PUC-Campinas, lançado no dia 12 de junho de 2018, nasceu com o propósito de atender às três atividades-fim da Universidade: a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade.
A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação de estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social da RMC. As informações, que englobam indicadores sobre renda, trabalho, emprego, setores econômicos, educação, sustentabilidade e saúde, são de interesse da comunidade acadêmica, de gestores públicos e de todos os cidadãos.