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Aluno de Engenharia de Computação desenvolve aplicativo para cegos

 Leitor de notas busca dar autonomia às pessoas com deficiência visual

O aluno Leonardo Maffei, que está no último ano do Curso de Engenharia de Computação, desenvolveu, como exigência de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o aplicativo “Blind”, um leitor de cédulas que busca auxiliar na autonomia de pessoas com deficiência visual.

A ideia do projeto, que está em fase de aprimoramento, se deu a partir do contato com este público, que alegou dificuldades para reconhecer as notas, embora já existam características que as diferenciem, como o tamanho e as marcas em relevo que facilitam a identificação tátil.

Desenvolvida a partir de redes neurais e inteligência artificial, a plataforma – que inicialmente ficará disponível, de forma gratuita, nos smartphones de sistema operacional iOS – apresenta as instruções oralmente, devendo os usuários seguir os seguintes passos: aproximar o celular da cédula e tirar uma foto. O software tem sido abastecido com fotografias variadas para elevar a probabilidade de acerto. “Mais de mil notas de cada valor já foram registradas. Quanto maior a base de dados, melhor será a qualidade do aplicativo”, explicou o estudante.

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Testes

No início de outubro, o aplicativo será testado em campo pelo autônomo Fernando Maciel da Silva, de 33 anos, que perdeu a visão há duas décadas e ajuda nas contas da casa com a venda de trufas pelas ruas de Campinas. Atendido pelo Centro Interdisciplinar de Atenção à Pessoa com Deficiência (CIAPD), órgão vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da PUC-Campinas, ele recebeu, de presente, um smartphone para utilizar durante o trabalho.

“Isso é ótimo por vários motivos: primeiro porque me estimula a aprender a tecnologia; depois porque me ajuda a alavancar as vendas, na medida em que facilita o contato com as pessoas, a entrega do troco para os clientes”, afirmou Fernando, que sonha, no futuro, em ter o próprio negócio para melhorar a condição de vida da família. Ele é casado e tem um filho de três anos.

A experiência com o Fernando é resultado da parceria entre o CIAPD e o Projeto de Extensão do Prof. Dr. Fernando Kintschner, responsável pela elaboração de materiais didáticos, oficinas e videoaulas para pessoas com deficiência. Uma das etapas do projeto é aproveitar Trabalhos de Conclusão de Curso em benefício dessa população. “Isto é, traduzir o TCC em oportunidades que melhorem a qualidade de vida de cada um deles. O aplicativo do Leonardo, a quem eu oriento, segue justamente esse princípio”, destacou o docente.

Após o período de vivência na prática, que deve durar cerca de um mês, a plataforma passará por uma reavaliação, a fim de corrigir eventuais problemas e viabilizar a disponibilização na App Store, prevista para fevereiro de 2019. Antes disso, contudo, o estudante se compromete a instalar o aplicativo para qualquer pessoa que manifestar interesse. “Me sinto na obrigação de ajudar o próximo. Nunca pensei em ganhar dinheiro com isso, apenas contribuir com o bem-estar de outras pessoas. Isso me deixa muito feliz”, concluiu Leonardo, que se forma no fim do ano pela PUC-Campinas.



Vinícius Purgato
26 de setembro de 2018