Alunos e ex-alunos da PUC-Campinas desenvolvem parte de um dos equipamentos científicos mais sofisticados do mundo
O trabalho está reduzindo o tempo médio de obtenção de imagens de 1h40 para 1,5 minuto
Um grupo formado por cinco alunos e ex-alunos do Curso de Engenharia de Computação da PUC-Campinas está desenvolvendo parte de um dos equipamentos científicos mais avançados do mundo, ajudando a deixá-lo mais rápido e eficiente. O trabalho voltado para a análise e geração de imagens do Sirius, o acelerador de partículas do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), está reduzindo o tempo médio de obtenção de imagens de 1h40 para 1,5 minuto. O objetivo é que, em um futuro próximo, esse tempo baixe para alguns segundos.
Parte da pesquisa virou até TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de um ex-aluno da Faculdade, Gilberto Martinez Júnior. O projeto, batizado de Pimega, foi apresentado no final do ano passado e eleito neste ano como o melhor de 2018 em um prêmio criado pela PUC-Campinas, no qual professores, estudantes e profissionais da área de tecnologia avaliam os trabalhos.
O sistema, voltado para reconstrução de imagens, já está em funcionamento nas linhas de luz do UVX, o antigo acelerador do Centro, e continua em desenvolvimento. O objetivo é reduzir a segundos o tempo da reconstituição de imagens no Sirius, o novo acelerador de partículas inaugurado no final do ano passado, que é um dos dois mais avançados equipamentos do gênero no mundo, tendo só um similar na Suécia. Isso permitirá que o número de pesquisas realizadas no equipamento aumente, pois o tempo necessário para concluir cada um dos estudos será muito menor.
“É praticamente um processamento ao vivo, que permite ao pesquisador ver em pouco tempo se a imagem que conseguiu no acelerador é satisfatória para a sua pesquisa ou se precisa refazê-la”, disse na apresentação feita a alunos e professores na PUC.
Martinez começou a trabalhar há três anos no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) do CNPEM, integrando a equipe do pesquisador Eduardo Xavier Silva Miqueles, ex-professor da PUC-Campinas que coordena o Grupo de Computação Científica do Centro. Ele entrou como estagiário no laboratório, que está sediado junto a outros laboratórios nacionais, passando depois a bolsista e agora, depois de formado, contratado como Analista de Desenvolvimento.
“Martinez começou o trabalho comigo aqui há três anos com a meta de desenvolvimento de códigos para acelerar o processamento de imagens. O trabalho dele foi essencial para chegarmos a esses resultados”, diz Miqueles, que criou o algoritmo utilizado no processo.
O pesquisador conta que a equipe de Campinas é pioneira em desenvolver esse sistema. Em outros centros de pesquisa do mundo, esse mesmo trabalho está sendo desenvolvido, mas começaram recentemente. “Apesar de não termos os mesmos recursos de outros países, posso dizer que não devemos nada a ninguém no mundo nessa área”, afirma.
Martinez conta que foi convidado por Miqueles, que foi seu professor de Cálculo na Universidade, por causa de seu desempenho em sala de aula. Ele estava no 2º ano de Engenharia de Computação quando entrou no CNPEM como bolsista. Nesse período, também conseguiu uma bolsa no laboratório de luz síncrotron em Chicago, nos Estados Unidos, onde ficou por quatro meses.
“A ideia de fazer do trabalho que estava desenvolvendo no CNPEM o meu TCC foi do próprio professor Miqueles. A professora Daniele (Daniele Cristina Uchoa Maia Rodrigues, Diretora da Faculdade) foi a minha orientadora e aprovou a ideia”, disse.
O desafio foi conseguir fazer com que os dados obtidos no equipamento de luz síncrotron gerassem visualização para os usuários e também para os avaliadores da banca. Ele conseguiu concretizar o trabalho com uma interface que gera imagens em 3D.
“É um sonho se concretizando. Hoje faço parte de um time de alta demanda de aprendizado, que enfrenta a cada dia um novo desafio”, afirma. O trabalho de Martinez ganhou destaque na Revista Galileu, clique aqui para ver.
Time
A ida de Martinez para o CNPEM abriu as portas para outros alunos da Universidade dentro do centro de pesquisa desenvolvendo o mesmo projeto. O segundo a ir para a equipe do professor Miqueles foi Matheus Fernandes, que também se formou na turma de Martinez. Ele entrou como estagiário há dois anos e, logo após se formar, foi contratado para o setor de Computação Científica.
Outros estudantes ainda estão terminando o curso, mas já atuam no CNPEM como estagiários. Laert Espagnoli cursa o 5º ano, e começou há quatro meses no setor de Computação Científica. Paulo Mausbach é da mesma turma e ingressou no Centro no mesmo período no setor de Controle do Sirius, e, agora, também está na Computação Científica. Outro estagiário é Victor Cesarini, que completa o time de alunos e ex-alunos da PUC-Campinas no CNPEM.
“Por ter sido professor na PUC-Campinas, já conhecia esses alunos e sabia do potencial deles. A vantagem da Universidade é que os cursos são estruturados para dar aos alunos uma formação mais sólida na parte prática, o que vai ao encontro das nossas necessidades”, diz Miqueles. Hoje a equipe de Computação Científica do CNPEM, que é uma das poucas atuando em aceleradores de partículas no mundo, conta com 11 integrantes.