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ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS – UM LEGADO DE FÉ

 

 

             Desde a sua criação, em 1908, a então Diocese de Campinas vem atuando como uma instituição acolhedora e unificadora da fé na região. Os seus intensos trabalhos de evangelização e de auxílio social são pilares edificantes da sua atuação junto à sociedade, em prol de um desenvolvimento religioso e humano. Sua relevância enquanto instituição é reconhecida com a criação da Província Eclesiástica de Campinas e consequente elevação à condição de Arquidiocese em 1958.            

             Esse reconhecimento se dá, em grande parte, a partir da atuação dos bispos e arcebispos de Campinas, por meio de seus projetos religiosos, sociais e de infraestrutura, visando ao desenvolvimento da atuação religiosa na cidade. A própria criação da Diocese, em 1908, teve a participação direta do seu primeiro bispo, Dom João Batista Corrêa Nery, campineiro de nascimento, que fez parte da comissão responsável por estudar a possível criação da Diocese.

             Ainda na condição de padre em Campinas, Dom Nery exerceu trabalho incansável no auxílio à população desassistida da cidade, sobretudo com os órfãos que perderam os pais com a grave epidemia de febre amarela que assolou a cidade no fim do século XIX. Ao retornar a Campinas na condição de bispo, novamente exerce papel fundamental no cuidado com outra grave epidemia, dessa vez a gripe espanhola. Dom Nery foi bispo de Campinas de 1908 até a sua morte, em 1920.

             O sucessor de Dom Nery, como segundo bispo de Campinas, foi Dom Francisco de Campos Barreto, também campineiro de nascimento, que havia sido coroinha do então padre Nery. Por conta dos infortúnios que aconteceram durante o bispado anterior, Dom Barreto se viu obrigado a exercer uma liderança de caráter mais institucional, com o intuito de reerguer a Diocese financeira e institucionalmente. Com muito trabalho, como comprovam as 15 Cartas Pastorais por ele publicadas, atingiu o seu objetivo, sanando as dívidas existentes, e por meio da regulamentação de ordens religiosas existentes e fundação de muitas novas, expandiu a atuação católica pela região, exercendo uma maior evangelização. Foi Dom Barreto também quem iniciou as tratativas do projeto que culminaria com a fundação da “Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras”, futura PUC-Campinas. Seu bispado se estendeu de 1920 até sua morte, em 1941.

             É natural que o processo de administração de uma Diocese não consiga atingir o seu êxito máximo em todas as frentes de atuação. As áreas mais carentes recebem um pouco mais de atenção. Quando Dom Paulo de Tarso Campos assumiu o bispado de Campinas, o trabalho realizado por Dom Barreto havia sido exaustivo na reestruturação da Diocese enquanto instituição. Eram necessárias, portanto, ações de cunho evangelizador. Dom Paulo realizou, durante o seu bispado, cinco Congressos Eucarísticos Regionais, motivo pelo qual ficou conhecido como o “Bispo da Eucaristia”.  Foi Dom Paulo que, com a parceria de Dom Emílio José Salim, transformou em realidade a criação da futura PUC-Campinas. Durante o seu bispado, em 1958, ocorreu a elevação para Arquidiocese de Campinas, tornando-se o 1° Arcebispo. Participou, ainda, do início do Concílio Vaticano II, em que agregou conhecimento à sua consciência de preservação histórica e artística da Igreja e, com isso, fundou o Museu Arquidiocesano de Campinas, em 1964, com o intuito de salvaguardar parte importante da história da Arquidiocese e da cidade de Campinas. Por motivos de saúde, Dom Paulo renunciou ao arcebispado em 1968, tendo falecido em 1970.

             No ano de 1966, Dom Antônio Maria Alves de Siqueira foi nomeado Arcebispo coadjutor de Campinas, com direito à sucessão, tendo se tornado o 4° Bispo e 2° Arcebispo de Campinas, com a renúncia de Dom Paulo, em 1968. Durante o seu arcebispado, a Igreja no Brasil sofreu com o problema das vocações, tendo a formação de poucos sacerdotes. A reforma na formação dos padres e o incentivo às vocações sacerdotais foram o grande objetivo de Dom Antônio. Por conta disso, dispendeu bastante esforço para a evolução da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, além de criar o Instituto Teológico Paulo VI e o Seminário Provincial de Teologia. Em 1976, Dom Gilberto Pereira Lopes tomou posse como Arcebispo coadjutor, com direito à sucessão, e, em 1978, Dom Antônio confiou todo o trabalho pastoral e administrativo a Dom Gilberto. Dom Antônio deixou o arcebispado em 1982, após completar 75 anos, idade máxima para seguir à frente da Arquidiocese. Faleceu em 1993 aos 86 anos.

             Dom Gilberto Pereira Lopes assumiu o arcebispado em 1982 e deu continuidade ao trabalho que vinha desempenhando enquanto arcebispo coadjutor, junto com a comunidade eclesiástica, a fim de estreitar os laços entre o clero, gerando uma Igreja mais unida e preparada. Nesse sentido, organizou a Revisão Ampla, tendo início em 1989, com o objetivo de lançar luz em todas as relações e funcionalidades da Arquidiocese de Campinas e encontrar meios de aprimorar a evangelização. A partir disso, realizou diversos movimentos missionários na região. Por conta do destaque no plano nacional e da seriedade com que era administrada, a Arquidiocese foi escolhida para sediar o 14° Congresso Eucarístico Nacional, realizado entre os dias 14 e 21 de julho de 2001, tendo reunido mais de 250 mil pessoas na celebração de encerramento. Ao completar 75 anos, Dom Gilberto enviou sua carta de renúncia, que foi aceita em 2004 pelo Papa João Paulo II. Hoje, aos 94 anos, Dom Gilberto é Arcebispo Emérito de Campinas.

             Como decorrência disso, o Papa João Paulo II nomeou Dom Bruno Gamberini como 4° Arcebispo de Campinas. A principal marca de seu arcebispado foi a proximidade que teve com o povo, o rebanho de sua Igreja. Extremamente querido pelos fiéis, Dom Bruno era acessível a todos, fossem políticos, que queriam se aproximar de projetos desenvolvidos pela Arquidiocese, fossem autoridades, que o procuravam em eventos de que participava, ou mesmo aqueles que simplesmente gostariam de conhecê-lo, o que o distinguia da figura eclesiástica convencional, costumeiramente distante da população, de um modo geral. E essa foi a missão também que ele passou aos padres, de estarem próximos ao povo, pois são eles que formam a Igreja de Cristo. Dom Bruno faleceu em 28 de agosto de 2011.

             O 5º Arcebispo de Campinas foi Dom Airton José dos Santos, que tomou posse em 2012, mostrando-se, desde o começo da sua administração à frente da Igreja campineira, preocupado e atuante com a estrutura da arquidiocese. Após quase 30 anos de administração, bastante voltada para a área pastoral, a Arquidiocese enfrentava desafios de ordem organizacional em seus prédios e funções do clero. Dom Airton promoveu mudanças na forma administrativa e também na estrutura da Cúria Metropolitana. Foi o responsável também pela reestruturação e reabertura do Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Campinas, que se manteve aberto ao público e desenvolvendo trabalho de evangelização com as comunidades de 2015 a 2020, quando foi fechado novamente. Dom Airton foi transferido para a Arquidiocese de Mariana – MG em 2018.

             O atual Arcebispo Metropolitano de Campinas, Dom João Inácio Müller, foi nomeado pelo Papa Francisco em 15 de maio de 2019, tendo sido transferido da Diocese de Lorena – SP. Dom João tem realizado algumas reformas na área administrativa da Arquidiocese, bem como projetos envolvendo a Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

 

Referências
GODOY, J. M. T. de, MEDRANO, L. I. Z. de, TRUJILLO, M. S. Z. et alii. Arquidiocese de Campinas:
subsídios para sua História. Campinas: Ed. Komedi, 2004.
PUC-CAMPINAS. Uma história, muitas vidas: 1941-2006, 65 anos / Pontifícia Universidade Católica de Campinas;
coordenação de Rita Lunardi, Wagner José de Mello. Campinas: PUC-Campinas, 2006.
SITE – http://arquidiocesecampinas.com/
SITE – https://arqmariana.com.br/


Mayla Demanboro
2 de maio de 2021