Artigos produzidos na PUC-Campinas apontam impactos psicológicos da covid-19 e medidas ao enfrentamento do estresse na pandemia
Textos foram publicados em seção temática sobre o coronavírus na Revista Estudos de Psicologia
O 37º volume da revista Estudos de Psicologia, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC-Campinas, aborda questões relacionadas ao coronavírus em seção temática, contando com artigos produzidos por autores vinculados à Universidade. Os textos evidenciam os impactos da covid-19 à saúde psicológica e apresentam medidas ao enfrentamento do estresse na pandemia.
Os materiais, que integram uma série de publicações escritas por profissionais da área de outras instituições nacionais e internacionais, buscam expor as contribuições da psicologia no contexto da pandemia, além de compartilhar novos conhecimentos com a comunidade científica. Todo o conteúdo está disponível na base de dados da SciELO. (Clique para ler)
O artigo que aborda os impactos psicológicos e ocupacionais da covid-19, elaborado por quatro pós-graduandos da PUC-Campinas, alerta sobre os prejuízos mentais aos profissionais de saúde expostos à pandemia, como estresse, ansiedade, insônia e sintomatologia depressiva. O estudo, amparado em outras pesquisas realizadas pelo mundo, revela a vulnerabilidade de enfermeiras mulheres ao acometimento dos problemas mencionados, o impacto negativo sobre o senso de autoeficácia e ao sono dos profissionais que atuam na linha de frente, além da alta propensão de contágio adquirida devido à exposição ao vírus.
“À medida que a covid-19 se espalhou globalmente, saturando os sistemas de saúde e levando-os ao colapso, o cenário da pandemia do coronavírus evidenciou de forma dramática o elevado risco de infecção a que estão expostos os profissionais de saúde, chegando em alguns países, como a da Espanha, a comprometer 20% da força de trabalho durante a primeira onda da doença, em março de 2020”, aponta trecho do artigo.
O texto cita, ainda, eventos pós-traumáticos de estresse e sofrimento psicológico entre pessoas que sobreviveram a pandemias anteriores, como a SARS, em 2003. O levantamento mostra que trabalhadores da área da saúde apresentaram níveis elevados de estresse e preocupação com a saúde e bem-estar de seus colegas de trabalho.
Tais evidências, associadas à difícil rotina de serviço em instituições de saúde, conforme afirmam outros estudos da literatura científica, elevam a suscetibilidade ao adoecimento de profissionais envolvidos no tratamento de pacientes com o novo coronavírus.
“Em tempos de pandemia com uma escalada de disseminação sem precedentes na história, certas condições desfavoráveis de trabalho, como carga horária excessiva e tensão permanente nos atendimentos, tendem a ser potencializadas. As mudanças podem inviabilizar a volta dos trabalhadores para casa e para o aconchego do convívio com seus familiares, comprometendo o tempo de descanso necessário para recuperar as forças e minimizar o sofrimento”, destaca o estudo.
O artigo sobre o estresse em tempos de pandemia, por sua vez, traz a proposição de uma cartilha com estratégias de enfrentamento referentes às necessidades psicológicas básicas. As medidas levam em consideração os eventos potencialmente estressantes vivenciados na atualidade, tais quais as ações de prevenção da doença, além de seus impactos econômicos, políticos e sociais, que conduzem a sociedade a alterações emocionais, cognitivas e comportamentais.
“No contexto da epidemia do coronavírus, alguns dos principais estressores estão associados à duração da quarentena, ao distanciamento social, à frustração e ao tédio, bem como o acúmulo de tarefas, incluindo a realização de atividades normalmente feitas fora de casa (homeschooling e homeworking etc.), à falta de suprimentos, à inadequação das informações e às dificuldades econômicas. Relacionam-se também à covid-19 o medo de contrair a doença, a preocupação com a saúde própria e dos entes queridos, o estigma da doença e os riscos do trabalho, no caso de profissionais da saúde e serviços vitais, ”, avalia o estudo citando as considerações de outros autores.
A cartilha, disponibilizada com antecedência para atender com urgência a uma necessidade de utilidade pública, apresenta ao leitor os principais sintomas de estresse e ansiedade, bem como medidas práticas para o enfrentamento dessas questões, como a criação de uma rede de apoio para o acolhimento de suas demandas emocionais, dedicação a novas tarefas (pintura, desenho, escrita, música ou dança), aprimoramento de habilidades, entre outras. (Clique para ler cartilha completa)
Revista Estudos de Psicologia
Editada pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC-Campinas, a Revista Estudos de Psicologia, fundada há 37 anos, incentiva contribuições da comunidade científica internacional e nacional e está classificada como A1 pelo Qualis-Periódicos. É indexada nas seguintes bases de dados: Clase, Doaj, Index Psi, Latindex, Lilacs, PsycINFO, Psicodoc, RedaLyc, Scopus e SciELO.