Hortigranjeiros foram os principais itens responsáveis pela redução
No mês de agosto, a cesta básica de Campinas apresentou um custo médio de R$ 209,44. Em julho, este valor foi de R$ 213,34, o que aponta uma redução de 1,83%. Esta tendência também foi apurada pelo DIEESE, que registrou redução nos preços dos alimentos nas principais capitais da região sudeste no último mês (Tabela 1).
“Ressaltamos que, diferente do que vinha ocorrendo desde o início do ano, neste mês de agosto, a tendência foi de redução no custo da cesta básica em Campinas, como em todo o Brasil”, observa o professor da Faculdade de Economia da PUC-Campinas e coordenador da pesquisa da cesta básica da cidade de Campinas, Cândido Ferreira da Silva Filho.
Apesar da redução em agosto, o professor destaca a alta no custo da cesta básica de Campinas de 3,57% (tabela 2) e de 26,29% nos últimos 12 meses.
Em agosto, o custo da cesta básica foi equivalente a 50,47% do salário mínimo. “Esta redução implicou num aumento do poder de compra do trabalhador campineiro, que em julho gastava o equivalente a 51,41% para adquirir os itens da cesta básica”, disse Filho.
Em relação à jornada de trabalho, em agosto foram necessárias 111 horas e 02 minutos para adquirir a cesta básica, enquanto que em julho foram necessárias 113 horas e 06 minutos. Estes resultados indicam que o trabalhador campineiro precisou trabalhar um número menor de horas para adquirir estes produtos.
A Constituição determina que o salário mínimo precisa atender às necessidades de uma família – 2 adultos e 2 crianças – em termos de alimentação, moradia, transporte, vestuário, saúde, educação, higiene, lazer e previdência. Segundo pesquisa do DIEESE, os gastos com alimentação correspondem a 35,71% das despesas de uma família. Com base nestas informações, considerando que o trabalhador campineiro gastou no último mês R$ 209,44 para adquirir os alimentos que fazem parte da cesta básica, então o salário mínimo necessário para o trabalhador atender às suas necessidades e de sua família deveria ter sido de R$ 1.759,51, o que equivale a 4,24 vezes o salário mínimo em vigor. Em julho o salário mínimo necessário havia sido de R$ 1.792,27.
Comportamento dos preços
Os hortigranjeiros (tabela 3) foram os principais itens responsáveis pela redução no custo da cesta básica no mês de agosto de 2008. O tomate apresentou queda nos preços da ordem de 19,52%, o preço da banana caiu em média 8,81% e a batata apresentou redução nos preços de 4,24%. Os demais itens que apresentaram redução nos preços no mês de agosto foram o leite tipo C (-2,50%), o café em pó (-2,18%) e o açúcar (-1,11%). Os demais itens apresentaram aumento nos preços em agosto.
Para o professor, o comportamento dos preços dos hortigranjeiros está sujeito a grandes oscilações em virtude dos ciclos de produção e de alterações climáticas (períodos de chuva ou seca). O leite tipo C, por exemplo, apresentou redução no preço. “A superação do período de entressafra, com as chuvas ficando mais intensas nos meses finais do ano, contribui para a ampliação da oferta do leite, favorecendo a redução no custo”, explica.
Em relação à carne bovina, item com maior peso no custo da cesta básica, houve aumento médio nos preços de 1,99%. De acordo com Filho, nos próximos meses as chuvas devem aumentar, melhorando as pastagens e fazendo subir a oferta de carne bovina, o que pode contribuir para a redução no preço.
O preço da farinha de trigo (2,78%) continua numa tendência de alta. No entanto, tendo em conta a regularização no abastecimento, a expectativa é de preços estáveis nos próximos meses. Quanto ao pão francês, apresentou elevação no preço de 0,40%. A regularização da oferta da farinha de trigo favorece a estabilização do preço do pão francês.
O óleo de soja registrou aumento no preço de 1,03% no último mês. A redução nos preços da soja no mercado internacional pode contribuir para a redução do preço do óleo de soja no mercado brasileiro nos próximos meses.
Quanto ao feijão (10,13%) e o arroz (2,17%), itens básicos na dieta da população, registraram aumento nos preços em agosto. “Superado o período de entressafra, a oferta destes itens deve aumentar, e a expectativa é de que os preços do feijão e do arroz recuem nos próximos meses”, disse.
Pesquisa Cesta Básica
A pesquisa da cesta básica de Campinas, atividade de extensão realizada pela PUC-Campinas, acompanha a evolução dos preços de 13 produtos de alimentação e o gasto mensal de um trabalhador para adquiri-los.
A metodologia da pesquisa da cesta básica de Campinas foi estabelecida com base no Decreto Lei no. 399, de 30 de abril de 1938, que regulamenta o salário mínimo no Brasil.