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Desempenho da balança comercial no trimestre evidencia estagnação da economia brasileira

Redução das exportações prejudica saldo comercial, indica estudo do Observatório PUC-Campinas

A balança comercial brasileira – que resulta da diferença entre as exportações e as importações – apresentou, no 1º trimestre de 2019, um desempenho inferior em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo levantamento do Observatório PUC-Campinas, o superávit de US$ 10,3 bilhões é 15,8% menor em comparação ao de 2018.

O resultado também explica a redução na previsão de crescimento do PIB (de 1,95% para 1,49%), estimada esta semana pelo relatório Focus, do Banco Central, uma vez que a balança comercial é um componente importante para o cálculo do Produto Interno Bruto. Para o economista e professor da PUC-Campinas Paulo Oliveira, responsável pelo estudo, os dados do 1º trimestre confirmam os sinais de estagnação da economia brasileira.

A redução da competitividade externa, que gerou queda considerável de 4,1% nas exportações em relação aos três primeiros meses de 2018, surge como uma das causas da piora no saldo da balança comercial. Produtos importantes na pauta de exportação, como frango, carne e veículos tiveram o volume de vendas reduzido no período. Além disso, a Argentina – importante parceira comercial – diminuiu em 46,7% as compras realizadas no Brasil.

Outros produtos, que compõem a lista dos principais bens exportados pelo Brasil, tiveram queda no 1º trimestre de 2019; são eles: embarcações especiais (-16,1%) e bagaço de soja (-4,4%). No entanto, outras mercadorias apresentaram variação positiva em relação a 2018, impedindo que o saldo da balança regredisse ainda mais. Destaque para as exportações de óleos de petróleo e minerais, que exibiram alta de 48,8%, e milho, com aumento de 48,6%.

Um indicativo que preocupa, porém, é a redução nas vendas externas de produtos com maior grau de complexidade econômica, com níveis superiores de produtividade e renda, que demandam por mão-de-obra mais qualificada e oferecem salários mais altos. As variações observadas entre 2018 e 2019 indicam queda nas exportações de mercadorias de média-média (-8,4%), média-alta (-12,6%) e alta complexidades (-26,3%).

“Para o desenvolvimento econômico sustentado, é desejável a redução da dependência externa e o aumento da competitividade externa, sobretudo das exportações de produtos dotados de maior complexidade econômica”, lembra Oliveira.

Ainda em relação às exportações, o estudo mostrou que a China e os Estados Unidos continuam sendo os principais destinos dos produtos brasileiros no mercado externo, apresentando cifras de US$ 13,5 bilhões e US$ 6,7 bilhões, respectivamente, no 1º trimestre de 2019. Considerando os demais países, o Brasil exportou o montante de 52,5 bilhões de dólares.

Importações

No mesmo período, as importações tiveram retração de 0,7% na comparação com o 1º trimestre de 2018. No entanto, a queda foi inferior em relação à observada no volume das exportações, justificando o agravamento da balança comercial brasileira.

O resultado está atrelado, sobretudo, pela queda de 3,4% nas importações de bens de média-alta complexidade, como partes e acessórios de veículos (-25%), aparelhos de rádio e televisão (-22,02%), veículos (-13,8%), circuitos eletrônicos integrados (-6,14%), entre outros. “A redução na importação destes produtos indica menor produtividade da indústria de material de transporte, material elétrico e, ainda, de máquinas e aparelhos”, finalizou o economista.



Vinícius Purgato
16 de maio de 2019