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Diálogos sobre Racismo deste mês discute narrativas políticas pedagógicas educativas

Palestra da pedagoga Vanessa Dias acontece nesta quarta-feira, dia 18, às 19h30, na ECHJS

O Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros “Dra. Nicéa Quintino Amauro” (CEAAB) da PUC-Campinas promove, nesta quarta-feira, dia 18 de setembro, às 19h30, na Sala Flexível da Escola de Ciências Humanas, Jurídicas e Sociais (ECHJS), localizada no Campus I da Universidade, dentro do projeto “Diálogos sobre Racismo”, a palestra “Narrativas Políticas Pedagógicas Educativas: Uma Gira Decolonial/Anticolonial Epistêmica”.

Ministrada pela pedagoga do Centro de Convivência Inclusivo e Intergeracional da Sociedade Educativa de Trabalho e Assistência (SETA), Ma. Vanessa Cristina Dias de Souza, as inscrições para o evento podem ser realizadas clicando aqui.

Vanessa explica que, durante a sua palestra, tratará da influência dos movimentos culturais sob a sua perspectiva enquanto uma pessoa jovem e sobre como eles determinaram, em grande parte, a sua formação identitária.

Religiosa e estudiosa do Centro de Estudos de Matriz Africana Mãe Cambinda e Cabocla Jurema (CEMA) e uma das lideranças da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, ela também é uma das responsáveis pela articulação do Coletivo Interno de Relações Raciais Iran Àtelé e conselheira e coordenadora da Comissão de Relações Étnico-Raciais do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Campinas.

Sobre a palestra
Vanessa explica que, durante a palestra, tratará sobre o tema de sua dissertação de mestrado, defendida no ano passado, e que, em breve, se tornará um livro. Nela, ela trata da influência dos movimentos culturais sob a sua perspectiva enquanto uma pessoa jovem e sobre como eles determinaram, em grande parte, a sua formação identitária. “Eu falo a partir das minhas narrativas, mas muitas pessoas, durante o período em que foram jovens e que passaram por esses grupos, sofreram o mesmo impacto que eu”, explica.

Durante a explanação do próximo dia 18, Vanessa ainda irá apresentar o pensamento das professoras Nilma Lino Gomes e Matilde Ribeiro, bastante conhecidas pela luta contra o racismo dentro dos movimentos populares, em especial do movimento negro.

“Eu irei trabalhar o que há de pedagógico, político e educativo nesses movimentos. E aí é que está a questão da gira decolonial, a questão da anticolonialidade, porque eu não parto de um conhecimento construído no Ocidente, mas sim de um conhecimento construído a partir da matriz africana e dos grupos de cultura popular”, comenta Vanessa.

Ela completa dizendo que a ideia é confrontar a sua realidade com aquela apresentada por outros estudiosos, colocando-se em tamanho igual a eles. “Isso é extremamente decolonial, anticolonial ou contracolonial, porque, apesar de estarmos em uma sociedade ocidentalizada, a todo tempo eu tento estabelecer uma ruptura, uma emancipação em relação a essa colonialidade”, esclarece.

Ciência, tecnologia e educação antirracista
No último dia 16 de agosto, no Espaço Mescla do Campus I, aconteceu a primeira das palestras deste semestre: “Ciência, Tecnologia e Educação Antirracista”, que foi ministrada pelo físico Prof. Dr. Huyrá Estevão de Araújo, do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Nesta instituição, ele coordena e atua em projetos de ensino, pesquisa e extensão nas áreas de Materiais Cerâmicos Avançados, Formação de Professores, Promoção de Equidade de Raça e Gênero e Ciências da Natureza, Tecnologias e Engenharias.

Durante a sua palestra, realizada no último dia 16 de agosto e que abriu o rol de eventos do “Diálogos sobre Racismo” deste semestre, Huyrá conduziu uma reflexão com estudantes das áreas de Educação e Jornalismo sobre como pensar uma educação antirracista que seja capaz de reverter estereótipos.

Durante o evento, Huyrá conduziu uma reflexão com estudantes das áreas de Educação e Jornalismo sobre como pensar uma educação antirracista que seja capaz de reverter estereótipos. Ele explicou que, no contexto atual, em que as discussões sobre os marcadores sociais de raça e gênero são presentes em diversos setores da sociedade, é preciso também “fazer o tensionamento sobre a abrangência dessas reflexões”.

“Desde a implementação das leis de ações afirmativas curriculares vinculadas à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, torna-se notória a predominância das discussões sobre as relações étnico-raciais em áreas do conhecimento vinculadas às ciências humanas e linguagens. Contudo, retoma-se a pergunta: se a ciência e a tecnologia são materialidades do trabalho da humanidade, essas dimensões podem se declarar como neutras no debate? A resposta imediata é que o comprometimento com a educação antirracista deve ser multidisciplinar e multisetorial”, ressaltou o professor.

Ele esclareceu ainda que a defesa de uma suposta neutralidade na ciência reflete uma contradição entre uma perspectiva de política universal, como aquela que considera todas as pessoas igualmente afetadas por ações, em contraposição as políticas afirmativas, que consideram que os marcadores de raça e gênero demandam ações que valorizem a diversidade.

Durante a palestra foram compartilhadas respostas geradas por algoritmos de mecanismos de buscas, redes sociais e plataformas que trabalham com inteligência artificial generativa, em que, segundo Huyrá, os padrões exibidos para o perfil de “cientista e pessoa inteligente, sistematicamente, refletem homens brancos”, ao mesmo tempo que dados de sub-remuneração, por exemplo, “regularmente apresentam pessoas negras, independentemente do grau de formação delas”.

O docente finalizou afirmando que as estratégias profissionais educativas e de comunicação devem “coadunar uma intencionalidade explícita e sistêmica de afirmar e reconhecer a presença de mulheres e da população negra nos processos de produção do conhecimento científico e tecnológico”.

Sobre o projeto
O Diálogos sobre Racismo é um projeto que promove uma série de debates referentes ao tema em questão com o propósito de ampliar o conhecimento de estudantes e de toda a sociedade acerca dos aspectos que envolvem a discriminação racial nos diversos espaços sociais. Em sua 6ª edição, sempre busca dialogar a respeito de ações e atitudes antirracistas e do alcance do bem viver em sociedade.

O “Diálogos sobre Racismo” é resultado da parceria entre o Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros “Dra. Nicéa Quintino Amauro” (CEAAB) e a Coordenadoria Geral de Atenção à Comunidade Interna (CACI), ambos pertencentes a PUC-Campinas, e o Movimento Negro de Campinas e Região, por meio de suas entidades representativas.

Surgido on-line, durante a pandemia de covid-19, em continuidade às ações desenvolvidas pela PUC-Campinas que visam o combate ao racismo estrutural e face ao sucesso das lives realizadas em 2020 e 2021, acrescida das bem-sucedidas edições do segundo semestre de 2022 e de 2023, o projeto sempre buscou promover e ampliar o diálogo com a comunidade acadêmica e a sociedade, através dos estudantes, docentes, egressos, profissionais de diferentes áreas, ativistas do Movimento Negro e demais atores sociais.

Em 2024, com o CEAAB em pleno exercício, a série de debates deste ano resulta da parceria entre este, a Coordenadoria Geral de Atenção à Comunidade Interna (CACI) e o Movimento Negro de Campinas e Região, por meio de suas entidades representativas.

São parceiros da PUC-Campinas na realização desta atividade, o Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, a Frente Regional de Combate ao Racismo e todas as Formas Conexas de Discriminação de Campinas e Região.

Dessa maneira, a PUC-Campinas se posiciona publicamente no combate às inúmeras formas de violência geradas pela discriminação racial nas esferas sociais, a exemplo de vários acontecimentos ocorridos nos últimos anos pelo mundo afora, como o assassinato do afro-americano George Floyd, que motivaram uma série de movimentos antirracistas de repercussão global.

Próximas palestras
O “Diálogos sobre Racismo” acontece até o final do mês de novembro com a realização de mais cinco palestras. O rol delas segue abaixo.

PALESTRA: Práticas em Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER) do Início ao Fim do Ano: Literatura Infantil e Juvenil com Personagens Negras, com a educadora Maria Fernanda Luiz.

DIA E HORÁRIO: 21/10, às 19h30.

LOCAL: Sala Flexível da Escola de Ciências Humanas, Jurídicas e Sociais (ECHJS).

Para se inscrever, clique aqui.
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PALESTRA: Cotas Raciais: do Mito à Realidade, com a pedagoga Jacqueline Damazio Armando.

DIA E HORÁRIO: 5/11, às 19h30.

LOCAL: Mescla.

Para se inscrever, clique aqui.
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PALESTRA: Cenário da Educação Antirracista nas Escolas de Educação Básica, com o educador Daniel Carlos Estevão.

DIA E HORÁRIO: 11/11, às 19h30.

LOCAL: Sala Flexível da Escola de Ciências Humanas, Jurídicas e Sociais (ECHJS).

Para se inscrever, clique aqui.
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PALESTRA: Racismo e Serviço Público, com a advogada e Secretária Municipal de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas de Campinas, Eliane Jocelaine Pereira.

DIA E HORÁRIO: 19/11, às 19h30.

LOCAL: Mescla.

Para se inscrever, clique aqui.
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PALESTRA: Racismo Ambiental e Mudanças Climáticas, com a bióloga Maíra Rodrigues da Silva.

DIA E HORÁRIO: 27/11, às 19h30.

LOCAL: Mescla.

Para se inscrever, clique aqui.



Daniel Bertagnoli
16 de setembro de 2024