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Estudantes da PUC-Campinas participarão de programa de doutorado-sanduíche no exterior

Os três alunos partem em setembro e retornam entre dezembro deste ano e fevereiro de 2025

Três estudantes de pós-graduação da PUC-Campinas foram contemplados com o Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE), concedido pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Eles partem em setembro e retornam entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025.

Os doutorandos contemplados neste ano foram Angélica Lima da Silva, de Educação; Caio Felipe Gomes Violin, de Arquitetura e Urbanismo; e Rayanne Veridiana Nunes da Silva, de Psicologia. A partir do ano que vem, além de alunos dos cursos acima mencionados, poderão participar, também, discentes dos doutorados em Ciências da Religião e em Ciências da Saúde.

Para ser agraciado com a bolsa de estudos, que abarca custos com transporte, seguros, alimentação e hospedagem, o pós-graduando precisa atender aos requisitos do edital, assim que este é publicado, dentre os quais, a fluência na língua estrangeira, ter sido aprovado no exame de qualificação e ter cursado, ao menos, o primeiro ano do doutorado.

A CAPES publica, periodicamente, esses editais e as universidades que oferecem curso de doutorado com nota 4 ou superior possuem cotas disponíveis para que seus alunos participem do PDSE. Os interessados que se enquadrarem nas normas podem se inscrever na seleção interna dos programas de pós-graduação da PUC-Campinas. Além disso, deve haver uma articulação entre o orientador da universidade brasileira e o orientador da universidade estrangeira para o aceite do candidato e do plano a ser desenvolvido.

O trabalho de Angélica, que será desenvolvido em parte no Chile, aborda o tema da luta por reconhecimento de jovens periféricos, tanto no contexto brasileiro quanto no do país andino.

No caso da PUC-Campinas, os contatos internacionais são, em sua maioria, estabelecidos pelos docentes pesquisadores vinculados ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em colaboração com pesquisadores externos ou instituições estrangeiras.

O que é o doutorado-sanduíche?
O doutorado-sanduíche é uma modalidade em que o estudante realiza parte de sua pesquisa em uma instituição no exterior, por um período de três ou seis meses, complementando a formação obtida em sua universidade de origem.

Durante o período fora do país, o doutorando tem a oportunidade de acessar recursos e laboratórios e participar de projetos que venham a complementar ou expandir o seu trabalho. Ao retornar, ele integra as novas experiências e conhecimentos adquiridos à sua pesquisa, culminando na defesa de sua tese na instituição de ensino superior a qual estava previamente vinculado.

De acordo com a Gerente de Pesquisa e Stricto Sensu da PUC-Campinas, a Profa. Dra. Carla Cristina Enes Gomes, esse tipo de intercâmbio é valorizado por promover a internacionalização da pesquisa, permitindo o desenvolvimento de colaborações acadêmicas e científicas, além de proporcionar ao doutorando uma formação mais abrangente e diversificada.

“O doutorado-sanduíche representa uma oportunidade ímpar na formação de recursos humanos altamente qualificados, permitindo que o pesquisador desenvolva parte de sua pesquisa em um ambiente internacional. Além disso, essa experiência promove a construção de redes de colaboração científica, estabelece parcerias com instituições estrangeiras, facilita a participação em congressos internacionais, além de proporcionar a imersão em um novo idioma e um enriquecimento substancial na formação pessoal e acadêmica”, elucida a professora.

Ela diz ainda que, tanto para a PUC-Campinas e seus programas de pós-graduação quanto para o orientador, a internacionalização resultante dessa modalidade de doutorado é igualmente importante, pois “fortalece a produção científica por meio da integração em redes de pesquisa globais, estimula a participação em eventos acadêmicos de renome e facilita a obtenção de recursos financeiros. Esse processo gera um círculo virtuoso que consolida a reputação acadêmica e o impacto científico da Instituição e de seus membros”.

Caio realizará a sua pesquisa em Roma, na Itália, conduzindo estudos no Arquivo Apostólico e na Congregação para a Evangelização dos Povos sobre a invisibilidade histórica do patrimônio cultural religioso das comunidades afrocatólicas do Estado de São Paulo.

Sobre os contemplados
Os três doutorandos que terão a oportunidade de desenvolver as suas pesquisas no exterior, como já mencionado anteriormente, são: Angélica Lima da Silva, de Educação; Caio Felipe Gomes Violin, de Arquitetura e Urbanismo; e Rayanne Veridiana Nunes da Silva, de Psicologia.

O projeto de Angélica, que está sendo desenvolvido com a coorientação da Profa. Dra. Marisa Meza, da Pontificia Universidad Católica de Chile, aborda o tema da luta por reconhecimento de jovens periféricos, tanto no contexto brasileiro quanto chileno. Ela explica que o trabalho aborda temas relacionados à exclusão social e que refletem na formação educacional dos jovens.

“Nosso intuito é desmistificar o clichê utilizado aos jovens ‘nem, nem’, que se refere à população jovem fora do mercado de trabalho e de instituições educacionais, ou seja, que não estudam, nem trabalham. Nós queremos compreender o fenômeno da exclusão educacional e não simplesmente atribuir-lhe um nome, mas, sim, dar voz aos jovens marginalizados, em especial, pelo fato de pertencerem a comunidades periféricas e não conseguirem romper com a pobreza pela via da educação”, explica a doutoranda.

A pesquisa já foi desenvolvida, em parte, em uma escola de Campinas, sob a orientação do Prof. Dr. Artur José Renda Vitorino, e, agora, no segundo semestre, entre setembro e dezembro deste ano, será aplicada em uma escola da Região Metropolitana de Santiago, capital do país andino, em parceria com a Pontificia Universidad Católica de Chile.

Caio, por sua vez, realizará a sua pesquisa em Roma, na Itália, entre setembro deste ano e fevereiro do ano que vem. Ele conduzirá estudos no Arquivo Apostólico, também conhecido como Arquivos Secretos do Vaticano, e na Congregação para a Evangelização dos Povos, também conhecida como Propaganda Fide, que, até ser extinta em 2022, após 402 anos de existência, ocupava-se de questões referentes à propagação da fé católica em todo o mundo.

O título do trabalho desenvolvido por Caio é “A Invisibilidade Histórica do Patrimônio Cultural Religioso das Comunidades Afrocatólicas do Estado de São Paulo: Igrejas e Irmandades de Nossa Senhora do Rosário – Uma Pesquisa em Arquivos Eclesiásticos”, sob a orientação da Profa. Dra. Renata Baesso Pereira, coordenadora do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas. O projeto conta com o apoio e parceria da Pastoral Afro-Brasileira do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sob a instrução de Dom Eduardo Vieira dos Santos.

Rayanne, que também vai para a Itália, explica que, durante o mestrado, ela pesquisou sobre as percepções dos adolescentes a respeito da violência, mas que, agora, no doutorado, o escopo foi ampliado e ela tem estudado sobre as situações violentas que os jovens vivenciam no dia a dia e como isso pode acabar fazendo com que eles próprios acabem se tornando reprodutores dessa mesma violência que sofrem.

Na Itália, Caio realizará os seus estudos na Università Europea di Roma (UER), sob a orientação da Profa. Dra. Renata Salvarani, diretora do Centro Studi su Heritage e Territorio (CeSHeT).

Rayanne também viajará para a Itália e ficará por lá, tal como Caio, até fevereiro de 2025, estudando na Università degli Studi di Salerno (UNISA), localizada na região da Campânia, localizada no sul do país europeu.

Na PUC-Campinas, a doutoranda faz parte do grupo Processos de Constituição do Sujeito em Práticas Educativas (Prosped), que desenvolve pesquisas no campo da Psicologia Escolar e Educacional desde 2007.

“Aqui no Programa de Pós-Graduação em Psicologia, a gente trabalha com a Psicologia do Desenvolvimento, sobretudo em relação aos princípios do psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky, que remetem à chamada Psicologia Histórico-Cultural, mas também à Psicologia da Educação e da Arte. Foi por isso que eu decidi me vincular ao programa a qual pertence a Profa. Dra. Giuseppina Marsico, que é uma especialista no assunto”, elucida Rayanne.

Ela continua dizendo que “a proposta na Itália é aprofundar os meus estudos nas áreas já mencionadas, buscar abrir outras discussões e ampliar as já existentes sobre consciência e desigualdade social, bem como sobre vulnerabilidades sociais, pobreza e assuntos correlatos. As atividades que eu desenvolvo atualmente são com adolescentes, me utilizando, principalmente, de materialidades artísticas, dentro do conceito de Psicologia da Arte”.

Durante o mestrado, a doutoranda diz ter estudado as percepções dos adolescentes sobre a violência, mas que, agora, no doutorado, onde ela é orientada pela Profa. Dra. Vera Lucia Trevisan de Souza, o escopo foi ampliado, abarcando a desigualdade social como uma das fontes geradoras de violência. Além disso, ela tem estudado as situações violentas que esses jovens vivenciam no dia a dia e como isso pode acabar fazendo com que se tornem reprodutores dessa mesma violência.

Sobre a bolsa em si, Rayanne encerra ressaltando que “sem políticas públicas de incentivo acadêmico, eu não conseguiria realizar esse processo de intercâmbio, porque eu nunca saí do Brasil, ou seja, vai ser a primeira vez que eu vou ter uma experiência de viagem ao exterior e fazendo algo que é muito importante para mim, que é estudar e trabalhar com pesquisa, e que necessita de muitos incentivos governamentais. Infelizmente, no Brasil, isso fica aquém do que seria o correto, com os pesquisadores não sendo tão valorizados quanto deveriam. De qualquer modo, programas como esse da CAPES são um passo certeiro rumo a essa valorização tão necessária para o desenvolvimento do nosso país”.



Daniel Bertagnoli
19 de agosto de 2024