Evento estimula debate sobre desigualdade de gênero e raça nas corporações
IV Encontro de Igualdade de Gêneros promoveu palestras e debates na Universidade
O “IV Encontro de Igualdade de Gêneros: Raízes e Liderança – Mulheres Pretas Conquistando o Espaço Corporativo”, organizado pelos estudantes da Faculdade de Administração, da Escola de Economia e Negócios, reuniu no auditório do Campus I alunos, professores e funcionários de grandes empresas para discutir propostas e projetos implantados para enfrentar a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Também foram apresentados dados de pesquisas e estudos que mostram a proporção da desigualdade no Brasil e, especificamente, na região de Campinas.
A estudante de Relações Públicas Viviani Barbosa foi uma das palestrantes e falou sobre sua experiência na Bosch, onde começou como estagiária em 2021, passando por uma temporada de seis meses no Departamento de Marketing da empresa na Alemanha e atualmente trabalhando na área comercial da filial em Campinas.
Ela entrou na PUC-Campinas em 2020 pelo ProUni e ressaltou a importância das cotas e de todas as políticas afirmativas para a redução da desigualdade e aumento da representatividade de mulheres e negros em postos de destaques nas empresas. Ela falou sobre a experiência na Bosch, com a implantação do Grupo Raízes, que reúne mensalmente funcionários negros da empresa para troca de experiências e elaboração de projetos.
Um deles é o de “mentoria reversa”, quando os gestores são orientados pelos funcionários sobre os problemas e dificuldades enfrentados e recebem orientações sobre como proceder para melhorar o relacionamento corporativo.
Ela também falou sobre como foi sua chegada à Universidade, quando se sentiu muitas vezes avaliada por ser uma jovem negra, de origem humilde e beneficiada por políticas afirmativas.
“Na época, nunca imaginei que estaria aqui no palco desse auditório, falando sobre minhas experiências e debatendo sobre as desigualdades enfrentadas pelas mulheres negras. É muito importante esse tipo de evento para promover o diálogo. E para mostrar a todos a importância de não somente não ser racista, mas principalmente de ser antirracista”, disse.
Outra participante do evento foi a Comendadora Edna Lourenço, do Centro de Cultura Africana e Afro-Brasileira da PUC-Campinas. Ela também falou sobre a luta como militante do movimento negro e como mulher negra pela conquista de espaços e contra o processo de invisibilidade do povo negro e de suas principais figuras históricas.
“Para se ter uma ideia, Campinas, com todo o seu tamanho, tem apenas 82 ruas com nomes de pessoas negras”, disse. Ela também exaltou o evento, que permite o diálogo e amplia o sentimento de acolhimento das mulheres negras na Universidade.
“Precisamos ter voz para poder dialogar e as políticas afirmativas são ferramentas que estão auxiliando a aumentar conquista desses espaços”, disse. Também afirmou que é preciso levar essa cultura antirracista para dentro das famílias e das empresas.
O evento teve como inspiração a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), especificamente o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 5, que visa alcançar a igualdade de gênero e ‘empoderar’ todas as mulheres e meninas.
Realizado nos dias 20 e 21, o encontro previa a participação da Profa. Dra. Waleska Miguel Batista, coordenadora do Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros Dra. Nicéa Quintino Amauro, a Profa. Dra. Cristiane Feltre, Thais Helena Rocha Bombonato, líder do Grupo Etnia & Raça na 3M, Telma Araujo Borges, diretora de Recursos Humanos da Wacker Química do Brasil Ltda, a historiadora Lunielle de Brito Santos Bueno e a jornalista Inaiara Florêncio.