Exposição ‘Cartas para Sangradouro’ é aberta na PUC-Campinas
Cartas, fotos, gravações e artefatos da cultura, principalmente Bororo e Xavante, podem ser conferidas a partir desta segunda-feira
A PUC-Campinas, através do Museu Universitário, abre, a partir desta segunda-feira (11), a exposição “Cartas para Sangradouro”, que traz uma seleção de cartas, fotos, gravações e artefatos da cultura material, fruto da Missão Salesiana de Sangradouro (MT), entre as décadas de 1960 e 1980. A mostra está montada no prédio da Reitoria da Universidade, no Campus I.
Para informações e agendamento de visitas é preciso entrar em contato com o Museu Universitário: museu@puc-campinas.edu.br ou (19) 3343.5855.
“A exposição Cartas para Sangradouro, lança luz sob a produção acadêmica capitaneada pelo Prof. Desidério Aytai, sobre a etnomusicologia, em especial entre os povos Bororo e Xavante, que pode ser considerada um dos mais representativos estudos no assunto ainda hoje e, o riquíssimo acervo deixado por Aytai ao Museu Universitário. Desse modo, a exposição, para além da extroversão do conhecimento produzido por esse pesquisador entre as décadas de 1940-1980 (recorte temporal da exposição), a mostra visa ainda, instigar novas pesquisas sobre esse acervo na contemporaneidade, possibilitando novas leituras sobre o acervo, a construção do conhecimento e sua extroversão para a sociedade”, explicou Rodrigo Luiz dos Santos, curador e coordenador geral da exposição.
Entre os itens expostos estão, principalmente, materiais do povo Bororo, coletados nas expedições científicas capitaneadas pelo professor Desidério Aytai. A missão foi um trabalho missionário realizado com os povos indígenas por padres salesianos na região de Sangradouro, em Mato Grosso. A obra missionária foi iniciada em 1894 e passou por outras regiões do estado, até se estabelecer em Sangradouro, em 1904, após a aquisição da fazenda de Manoel Joaquim. Até a chegada das expedições de Afonso Trujillo e Aytai, os salesianos estabeleceram diversas ações sociais e culturais com os povos indígenas da região, entre eles os Xavantes e Bororos.
A primeira expedição a Sangradouro, promovida pela então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Campinas, contou com a participação de José Roberto do Amaral Lapa, que narrou a expedição em sua obra “Missão do Sangradouro”, publicado em 1963, e relatou em diário de campo sua experiência e vivência na Missão do Sangradouro, em Mato Grosso, realizada durante o período de 25 de julho a 06 de agosto de 1958, a convite do Dr. Alfonso Trujillo Ferrari, professor do Departamento de Antropologia e organizador da expedição.
A excursão científica tinha por finalidade, além das “observações geográficas, históricas, sociológicas e etnológicas”, a aquisição de material etnológico para ser integrado ao “Museu Didático de Antropologia”, em fase de constituição na Universidade. Também fez parte da viagem uma visita técnica ao Museu das Culturas Dom Bosco, como atualmente é conhecido o anteriormente denominado Museu do Índio, fundado em 1951 por padres salesianos, que, sem dúvidas, serviu de inspiração para os propósitos de Trujillo e, mais tarde, também para Aytai.
Houve muitas outras expedições, no entanto, sob a tutela do Professor Desidério Aytai. Consciente da importância do trabalho que desenvolvia, Aytai costumava arquivar no museu as cartas que recebia e as cópias das que escrevia aos seus contatos.
A partir desse conjunto documental é possível identificar os preparativos que antecederam as expedições, que ocorreram quase que anualmente, até meados dos anos 1980, além da possibilidade de mapear os contatos estabelecidos entre os missionários salesianos. O seu conteúdo revela não só os caminhos que as investigações e produções científicas de Aytai e dos padres salesianos envolvidos vão sendo direcionadas, mas também as relações de afeto que são construídas.
Sobre Desidério Aytai
Desidério Aytai (Budapeste, Hungria, 1905 – Monte Mor, São Paulo, Brasil, 1998) foi um engenheiro e antropólogo húngaro radicado no Brasil, além de um dos maiores nomes no campo da etnografia. Sua história dentro da PUC-Campinas tem início no ano de 1963, quando recebeu o convite da instituição para ocupar a cadeira de Antropologia do curso de Ciências Sociais e também ser responsável pela organização e coordenação do Museu Universitário da PUC-Campinas, além de desempenhar diversas outras funções na Instituição.
Serviço:
- Exposição: Cartas para Sangradouro: Desidério Aytai e as Expedições Científicas da PUCC – 1960-1980
- Curadoria e coordenação geral: Rodrigo Luiz dos Santos
- Local: Campus I
- Data: de 11 de março de 2024 a 28 de fevereiro de 2025
- Informações e agendamentos: museu@puc-campinas.edu.br ou (19) 3343.5855.