Fila por leitos de UTI é zerada após queda de internações no município de Campinas
Depois de cinco semanas, ocupação em UTI-Covid volta a ter taxa inferior a 90%. Infectologista prega cautela e sugere colaboração da sociedade
As internações em leitos intensivos de Campinas caíram 12,06% na 26ª Semana Epidemiológica, jogando a taxa de ocupação para um patamar inferior a 90%. Com isso, segundo nota técnica do Observatório PUC-Campinas, a fila por leitos de UTI foi zerada no município. O número é puxado, principalmente, pela redução do número de pacientes em hospitais privados.
O resultado alivia o sistema de saúde na cidade, que vem operando no limite de sua capacidade por um longo intervalo. É a primeira vez, em cinco semanas, que a taxa de ocupação fecha abaixo de 90%. Uma das explicações é a queda de novos casos no município que, de 27 de junho a 3 de julho – período correspondente à 26ª Semana Epidemiológica –, teve variação negativa de 15%.
Contudo, na avaliação do infectologista André Giglio Bueno, os números ainda são elevados para possíveis relaxamentos. Ele reforça que a Prefeitura deve manter medidas rígidas que impeçam a mudança desses indicadores. O entendimento é que as taxas precisam melhorar, requerendo a manutenção de ações de controle e colaboração de toda sociedade.
“É possível que flexibilizações ocorram nas próximas semanas, caso os indicadores permaneçam com a atual tendência de queda. É sempre um movimento perigoso, uma vez que essas medidas costumam vir acompanhadas do relaxamento das medidas preventivas por parte da população, podendo contribuir a um novo aumento de casos”, avalia Giglio.
O professor de Medicina da PUC-Campinas reitera, ainda, que a disseminação do variante delta, causador de aumentos de casos em países cuja cobertura vacinal é superior à do Brasil, precisa estar no radar. “Como nossa capacidade de detecção é extremamente limitada e lenta, somada à baixa vontade e força política para a implantação de medidas mais restritivas, tal cenário gera grande preocupação”, complementa.
Economia
Do ponto de vista econômico, as expectativas de retomada estão apoiadas ao avanço e eficácia da vacinação. No Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-Campinas), composto por 42 municípios, cerca de 42% da população recebeu a primeira dose. A segunda foi aplicada em quase 13%. Pelas previsões do Governo do Estado de São Paulo, todos os cidadãos acima de 18 anos deverão receber a primeira dose (ou única, no caso da Janssen) até 15 de setembro. Caso o prognóstico se confirme, todos os adultos do estado estarão completamente imunizados até o fim do ano.
A aceleração na campanha de vacinação sustenta a expectativa de manutenção dos indicadores positivos exibidos pela região de Campinas até abril, quando dados do setor externo mostraram crescimento de 102,5% das exportações e 45,9% das importações, além de bom saldo de criação de emprego. Os números sinalizavam possível trajetória de recuperação da economia regional.
“A agilidade da imunização populacional, combinada com medidas que suportem a manutenção do emprego e da renda, é o caminho para viabilizar a retomada da atividade econômica aqui na região e no país”, afirma o economista Paulo Oliveira, que coordena as análises relativas à covid-19 pelo Observatório PUC-Campinas.
Os dados atualizados da covid-19 nos municípios paulistas, incluindo a RMC, podem ser obtidos no Painel Interativo do Observatório: https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.