Internações voltam a subir na região de Campinas após afrouxamento das medidas de isolamento social
Circulação de pessoas aumentou depois de permissão para funcionamento de diversas atividades. Infectologista critica novas flexibilizações
Os 42 municípios integrantes do Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-Campinas) registraram, juntos, acréscimo de 1,4% nas internações por coronavírus ao final da 18ª Semana Epidemiológica. O aumento apresentado entre os dias 2 e 8 de maio, comparando-se ao período anterior, interrompe uma trajetória de queda que já durava quatro semanas.
Para o infectologista André Giglio Bueno, o aumento das internações está associado às recentes flexibilizações anunciadas pelo Governo do Estado de São Paulo, que permitiram funcionamento de inúmeras atividades econômicas, como bares, shoppings e academias. Com o afrouxamento das medidas de isolamento social, elevou-se a circulação de pessoas, favorecendo a transmissão da doença.
Desde meados de abril, o Estado está na chamada “fase de transição” do Plano São Paulo. Criado para configurar uma etapa intermediária entre a fase vermelha e a laranja, o período transitório possibilitou a abertura de vários setores com horários mais extensos. Sem tal medida, 14 das 17 regiões do estado estariam na fase vermelha, uma vez que as taxas de ocupação de leitos de UTI estão acima de 75%.
“Chama atenção o fato de não haver informações claras sobre o funcionamento dessa fase. Não estão disponíveis os critérios para alterar suas recomendações iniciais, nem mesmo as bases para frear eventuais flexibilizações. A impressão é que o governo está cedendo às pressões de setores comerciais”, avalia o professor de Medicina da PUC-Campinas.
Apesar do aumento nas internações, as variações de casos e mortes seguiram negativas no DRS-Campinas. Foram 8,7 mil novas infecções e 380 óbitos na 18ª Semana Epidemiológica, reduções de 7,5% e 8,1%, respectivamente, em relação ao período anterior. Na Região Metropolitana de Campinas, a queda de falecimentos foi ainda mais expressiva: 36,6%. Em Campinas, cujo índice de mortalidade é o maior da região, a diminuição foi de 16,6%.
Contudo, segundo o médico, os últimos dados sinalizam redução do ritmo de queda. “Portanto, ainda dependemos do comportamento individual das pessoas e das medidas do poder público estadual e municipal. O governo federal continua alheio a todo esse processo, sem estratégias de comunicação que ajudem a conscientizar a população”, acrescenta Giglio.
Os dados atualizados da covid-19 nos municípios paulistas, incluindo a RMC, podem ser obtidos no Painel Interativo do Observatório: https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.
Economia dá sinais de recuperação
Em meio às turbulências sanitárias, a economia regional dá sinais de reação ao encerrar os três primeiros meses do ano com saldo positivo de 23,7 mil postos de trabalho. Além disso, no mês de março, as exportações regionais cresceram 18,1% e as importações 25,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Para o economista Paulo Oliveira, responsável pelas notas relativas à covid-19 no Observatório, a manutenção e a força da retomada dependem, agora, da eficácia das medidas de isolamento, do avanço e da eficácia da vacinação. No DRS-Campinas, até o momento, 15,5% da população recebeu a primeira dose, e 9,7% a segunda.
“Além disso, a recuperação depende de medidas realmente efetivas de proteção da renda e do emprego. Sem elas, a retomada da atividade econômica regional será lenta”, conclui o docente.
Foto: Prefeitura de Campinas