Jornalistas falam sobre 11 de Setembro e consequências na imprensa e na política internacional
Ex-chefe da Rede Globo em NY e jornalista que entrevistou Osama Bin Laden falaram com estudantes
Estudantes e professores, em especial dos cursos de Jornalismo, Relações Internacionais e Letras, lotaram o auditório do Campus I para acompanhar o debate “O 11 de setembro que o mundo não viu“, com a participação dos jornalistas Simone Duarte, ex-chefe do escritório da Rede Globo na época dos ataques, e Baker Atyani, jornalista de origem palestina que foi fez a última entrevista com Osama Bin Laden antes da ação terrorista. O debate seria mediado pelo jornalista Pedro Bial, que teve problemas de saúde de última hora e teve que cancelar sua participação.
Após o evento, houve uma sessão de autógrafos do livro “O Vento Mudou de Direção”, escrito por Simone Duarte sobre a vida de sete personagens que não estavam diretamente ligados aos ataques, não viviam em Nova York e mesmo assim foram radicalmente afetados por eles. Entre os personagens, um dos principais é Baker.
Na conversa com o público, os jornalistas contaram suas experiências profissionais, as consequências do 11 de setembro em suas vidas e nas relações internacionais e como até nos dias de hoje o mundo sente os reflexos da reação norte-americana, principalmente nos países do Oriente Médio e da Ásia.
O jornalista palestino contou com foi a entrevista com Osama Bin Laden, o líder da Al-Qaeda, em que foi anunciado que um grande ataque ocorreria nos Estados Unidos com milhares de mortes. Ele falou sobre como foi a logística para chegar ao local e detalhes de como foi a relação com Bin Laden. Também contou como passou a ser monitorado por serviços de inteligência dos Estados Unidos, Inglaterra e outros países após a entrevista.
Baker também deu detalhes de como foi o traumático sequestro de qual foi vítima nas Filipinas pelos separatistas fundamentalistas islâmicos do Abu Sayyaf, conhecido por matar seus reféns estrangeiros por decapitação, após ser traído por um colega de equipe jornalística. Ele ficou preso por 18 meses em acampamentos do grupo em área de florestas em uma montanha no sul das Filipinas, até conseguir fugir após duas tentativas frustradas.
Simone Duarte contou como foi sua atuação na cobertura do ataque às Torres Gêmeas, quando transmitiu ao vivo do escritório da Rede Globo em Nova York as primeiras informações após o choque dos aviões contra dos edifícios. Ele falou em detalhes sobre a transmissão e como era a cobertura jornalística em uma época antes da popularização da internet e das redes sociais.
Ela também contou como foi a iniciativa de começar a escrever um livro quase duas décadas depois do ataque sobre pessoas que não estavam no local, mas que tiveram suas vidas afetadas diretamente. E falou sobre como encontrou esses personagens.
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A conversa também contou com a participação dos alunos, que fizeram perguntas aos palestrantes. Questionado sobre se acreditava que havia limites para o exercício do jornalismo, Baker diz que a experiência que viveu no sequestro o ensinou que o jornalista deve contar histórias, mas nunca se tornar parte dessa história, como acabou ocorrendo com ele.
Simone foi questionada sobre como acha que seria a cobertura jornalística se os ataques tivessem ocorrido atualmente, com toda a tecnologia disponível. Ela disse que provavelmente haveria muito mais registros, imagens e depoimentos, mas que seria essencial o trabalho jornalístico feito com responsabilidade e checagem profissional de informações para evitar desinformação e propagação de ódio e preconceito.
Baker também destacou a importância do papel do jornalista e a diferença entre influenciados digitais e profissionais de informação. “O jornalismo é uma profissão que demanda estudos e conhecimento para ser exercida de forma criteriosa, assim como a profissão de médico ou outras. Por isso, ela deve ser tratada com respeito e seriedade”, disse.
Os dois participantes também falaram sobre as relações internacionais e a situação atual no Afeganistão, após a invasão norte-americana que durou 20 anos, além dos reflexos no Iraque e Paquistão. Ao final, eles recebem um livro da PUC-Campinas do Vice-Reitor, Prof. Dr. Pe. José Benedito de Almeida David, e da Pró-Reitora de Graduação, Profa. Dra. Cyntia Andretta.