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Mescla, da PUC-Campinas, aposta em inovação e vira berço de startups

Mais de 20 startups estão em processo de desenvolvimento na Universidade. Conheça os caminhos para dar o pontapé inicial para criar a própria empresa

O Programa Mescla, da PUC-Campinas, tem se tornado um verdadeiro berço de startups na Universidade. Criado em 2020 com o objetivo de fomentar o empreendedorismo e o pensamento inovador, o local possui o espaço, os equipamentos e os profissionais que podem ajudar no processo de transformação de uma ideia em uma empresa. Ou seja, equipe capacitada para direcionar e validar a ideia proposta, as ferramentas para que um suposto produto seja elaborado e o espaço para que a futura empresa possa se desenvolver, caso necessário.

Ao todo, mais de 30 startups já foram acolhidas pelo Mescla. Destas, 19 estão ativas hoje, algumas já gerando receita e com CNPJ, e outras em estágio inicial. Três startups já estão em busca de investimentos e em fase inicial de expansão.

“A PUC-Campinas tem hoje participação em 8 startups junto com a aceleradora parceira, Venture Hub, em um programa que tem como foco saúde e longevidade. Com negócios que envolvem desde um respirador de baixo custo, desenvolvido durante a pandemia, até fintechs com serviços voltados para a área da saúde”, cita a gerente de Inovação da PUC-Campinas, Diane Teo de Moraes.

A Me2 é um exemplo dessas empresas que começaram no Mescla. Trata-se de uma startup criada com o objetivo de usar o poder da tecnologia e da análise de dados para potencializar o marketing de influência. Idealizada por universitários, a Me2 trouxe uma solução de análise de compatibilidade do influenciador digital com a marca, ou seja, consegue definir a conexão do melhor influenciador de acordo com os objetivos da campanha da empresa e também gerar diagnósticos precisos de resultados das campanhas.

“Nosso processo de criação da ideia ocorreu no ano passado. Quando percebemos que havia uma forte tendência em cima do marketing de influência, ou seja, muitas pessoas consumindo conteúdos de influenciadores, tanto no Instagram, TikTok e Twitter quanto em redes profissionais como LinkedIn. Notamos também a dificuldade das marcas em conquistar e conectar clientes por meio de criadores de conteúdo. Iniciamos uma jornada para ver se, de fato, havia espaço no mercado para a nossa ideia”, explica Felipe Longuim Xavier, estudante de Engenharia de Produção da PUC-Campinas e idealizador do projeto. Junto com ele, também participam Matheus Roque de Brito, aluno da Engenharia da Computação da PUC-Campinas, e Lorena Baquete Marini, que cursa Estatística na Unicamp.

A Fakul também está nesse processo dentro do Programa Mescla. “Nós somos um marketplace universitário responsável por conectar organizações universitárias com os próprios universitários. Estamos trabalhando principalmente com a venda de ingressos para qualquer tipo de evento relacionado ao setor, mas já estamos desenvolvendo novas funcionalidades para agregar cada vez mais valor no dia a dia desses estudantes”, comenta André Luís Sophia, Engenheiro de Controle e Automação, um dos idealizadores da empresa. A Fakul vem recebendo suporte do Mescla desde o ano passado e neste segundo semestre encerrou o processo de aceleração e se tornou uma startup.

 

Caminho para o início

Só que muitas dúvidas surgem bem antes de se chegar nessa fase. Esse processo de criação de uma startup ainda é um caminho que nem todos conhecem. Ele pode acontecer de diversas maneiras, as quais vamos explorar mais na sequência. Porém, de forma resumida, tudo pode começar com uma ideia inovadora de um estudante, profissional ou de um grupo de pessoas, ou vir pelo caminho contrário: partir da necessidade, dor ou demanda de uma empresa, fomentando, assim, que estudantes tentem encontrar uma solução.

Quando partem de quem deseja empreender, essas ideias muitas vezes chegam ainda cruas. Para isso, é possível agendar uma reunião para receber as orientações sobre como proceder. Outra maneira é em forma de TCCs (Trabalhos de Conclusão de Cursos) realizados na própria Universidade, ou de projetos que têm por base uma descoberta de oportunidade no mercado e, claro, uma suposta solução para um problema novo, ou nova solução de um problema antigo.

“Quem deseja empreender pode trazer essa ideia e entrar em um programa de pré-aceleração. A partir daí, a equipe do programa vai validar se a ideia está alinhada com o mercado, identificar quais são os parceiros-chave, se é viável, se a inovação proposta precisa desenvolver algum produto ou se vai aproveitar tecnologias já presentes no mercado para apresentar a solução. Além disso, identifica o custo, o tempo e a possibilidade de investimento com agências de fomento e investidores”, explica a gerente de Inovação.

O projeto pode ser cadastrado no Mescla por meio de um formulário e, posteriormente, pode ser submetido à análise de especialistas, que irão validar a proposta – conferir se segue os pré-requisitos básicos para seguir em frente. Se for aprovado nessa primeira fase, os integrantes do grupo que propôs a ideia de negócio terão que apresentar o projeto para uma banca, processo que é chamado de pitch. “Nesse momento nós identificamos se o estágio daquele projeto, do amadurecimento dele, cabe dentro de um programa de pré-aceleração ou se já tem condição de ir a uma fase dois”, completa Diane.

Outra maneira de apresentar a proposta para a criação de uma startup é por meio de eventos específicos do ramo de inovação. Na PUC-Campinas, o Motiv.se – Mostra de Inovação que acontece duas vezes por ano – é um caminho para estudantes e professores.

Existem também os bootcamps – que normalmente são promovidos por empresas que orientam os estudantes a ampliarem as ferramentas para buscar soluções inovadoras para o mercado. Ex-alunos também podem participar. Nesses eventos, os grupos são instigados a criarem soluções e, se aprovadas as ideias, são direcionadas ao CRIA (Programa de Aceleração da PUC-Campinas), em que passarão por todo o processo necessário para seu desenvolvimento.

Os Programas de Aceleração CRIA I e CRIA 2 já receberam 61 projetos e o Motiv.se alcançou a marca de 272 projetos apresentados criados por mais de 870 alunos. No total, o Programa Mescla já realizou seis edições do Motiv.se, um hackaton e um bootcamp.

Muitas vezes o início de tudo é um problema enfrentado por uma empresa. Neste caso, ela também pode procurar a Universidade com dores de mercado e propor aos estudantes de determinada área que desenvolvam propostas para solucionar a questão. A partir daí, também é possível que essa proposta possa ser desenvolvida e chegue ao patamar de uma startup.

A busca pelo apoio financeiro

A grande pergunta que chega logo depois da ideia inicial é: onde vou encontrar dinheiro para criar minha empresa? Esse processo também é auxiliado pela Universidade, por meio do Mescla.

“É nítido o crescimento dos programas de inovação aberta dentro das empresas, a evolução dos programas que apoiam inovação das agências de fomento – como a Fapesp, que atua no âmbito estadual, e a Finep, no federal –, assim como dos grupos de investidores que apoiam startups desde o seu estágio inicial”, comenta a gerente de Inovação.

Normalmente, o investidor se interessa por uma área específica. Ele avalia o potencial do negócio e a composição daquela equipe, para ver se tem uma organização adequada. Ou seja, usualmente, cada integrante do grupo é responsável por uma frente da empresa – a questão técnica do produto, o setor comercial, o setor financeiro, a comunicação etc. Assim, é importante que cada membro tenha um conhecimento adequado que dê segurança ao investidor na hora da análise.

Se decidir pelo aporte, o contrato irá prever diversas situações. Primeiramente, entre os próprios membros do grupo – a divisão de porcentagem das empresas – e em relação ao investidor – a porcentagem de participação nos lucros futuros e o prazo para que esse valor retorne.

As faixas de investimento dependem muito do perfil da empresa criada. Pode variar de milhares até milhões de reais.

Porém, é importante sempre ressaltar que todo grande salto implica riscos. A taxa de sucesso de empresas que iniciam a sua jornada como startups ainda é baixa. Entretanto, mesmo retornando ao mercado de trabalho para buscar outra empresa, o processo é enriquecedor e transforma profissionais. “Aqueles que conseguem participar de um programa de aceleração de novos negócios adquirem competências valiosas e técnicas comportamentais de relacionamento também para o mercado de trabalho a partir do desenvolvimento de solução de problemas reais em equipe, de modo que certamente terão um diferencial enorme em relação a outros profissionais”, acrescenta Diane.

 

 



Carlos Giacomeli
3 de outubro de 2022