Museu Universitário abre na Reitoria exposição com bonecas Karajás
As bonecas Ritxoko foram trazidas pelo antropólogo Desidério Aytai nos anos 70 e 80
O Museu Universitário da PUC-Campinas abriu dia 19 de setembro uma nova exposição no piso I da Reitoria, no Campus I da Universidade. “Bonecas Ritxoko – Identidade Karajá – Pelo olhar do antropólogo Desidério Aytai” reúne bonecas de argila feitos por índias Karajás. Elas foram trazidas entre 1979 e 1985 pelo antropólogo, ex-professor e ex-diretor do Museu Universitário da PUC-Campinas.
Das cerca de 100 bonecas ritxoko pertencentes ao acervo do Museu Universitário, estão expostas 49. Elas são confeccionadas com o objetivo primeiro de servirem de brinquedo para as crianças, mas, sobretudo, de representarem os modos de ser Karajá. Elas são carregadas de simbolismos, estabelecendo relações simultâneas com diversos seres naturais e sobrenaturais.
À frente do Museu Universitário, o Professor Desidério organizou muitas expedições e exposições, sempre de cunho científico e pedagógico. Sua colaboração para com outros museus nacionais e do exterior era constantes. Entre os seus documentos, são inúmeras as trocas de correspondência com instituições museológicas e pesquisadores ao redor do mundo.
Enquanto professor e coordenador do Museu, produziu e incentivou muitas pesquisas, assim como cartilhas e colaborações em livros. Sua maior dedicação esteve ao estudo da música dos povos indígenas, principalmente os Xavante e o Bororo.
“A exposição foi pensada para dar acessibilidade ao público, com espaços para mobilidade e altura das bancadas adequadas a cadeirantes, com informações em braille, panfletos com letras ampliadas e uma das bonecas disponível para ser manuseada, possibilitando o contato de deficientes visuais”, disse Rodrigo Luiz dos Santos, museólogo do Museu Universitário PUC-Campinas e coordenador da exposição e dos textos feitos em conjunto com Alessandra Gonçalves.
Os visitantes também podem baixar em seus celulares por meio de um QR-Code imagens em três dimensões das peças expostas.
Ela estará aberta por tempo indeterminado à comunidade interna da Universidade e também para pessoas da comunidade externa, que podem agendar as visitas guiadas. A visitação espontânea de estudantes, professores e funcionários ocorre de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às16h.
As visitas mediadas para o público externo podem ser solicitadas por agendamento, com grupos de 5 a 20 pessoas. Elas serão realizadas de segunda-feira a sexta-feira, das 09h às 11h30, das 14h às17h e das 19h30 às 21h30 O contato é pelo telefone 3343-5855 ou pelo e-mail museu@puc-campinas.edu.br .
Desidério Aytai
Desidério Aytai, nasceu em Budapeste, Hungria em 1905. Antropólogo, engenheiro mecânico, diplomata, professor, trabalhou na construção de pontes, locomotivas e publicou diversos trabalhos sobre cálculo das curvas econômicas das linhas férreas.
Trabalhou em dois museus na Hungria, no Smithsonian Museum em Washington, no Museu do Homem em Paris, e no Museu do Vaticano em Roma. Em 1931 casou com Elisabeth Lazár, pianista e organista. Após a Segunda Guerra Mundial, Deisério foi convidado para o serviço diplomático, pelo fato de saber fluentemente diversos idiomas, trabalhando em Paris, Roma e Washington.
Em 1948 imigrou para o Brasil e logo iniciou suas pesquisas nos sambaquis do litoral paulista. Em 1959 naturalizou-se brasileiro. Em 1963, foi convidado pela PUC-Campinas para ocupar a cadeira de Antropologia nos três primeiros anos no curso de Ciências Sociais.
Na PUC-Campinas, organizou e realizou diversas expedições científicas e pesquisas de campo, agregando grande número de alunos e professores. É um dos principais responsáveis pela formação do acervo do atual Museu Universitário, que nasceu em 1963 como Museu de Antropologia da PUCC, ligado ao então Departamento de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais.
No período que esteve a frente do Museu Universitário, desenvolveu inúmeros projetos científicos, dedicou-se a museologia, tornando-se uma referência no assunto. Sob sua gestão deu-se o processo de catalogação do acervo do Museu, através do Programa da IBM, colocando o Museu sob os holofotes dos principais e maiores museus do Brasil.
As expedições pela PUC ocorreram entre as décadas de 1960 – 1980, a diversas regiões do país, formando um acervo com a representação de mais de 40 povos indígenas, dentre os quais destacam-se os Xavante, Bororo, Guarani, Karajá, Mamaindê.
Trabalhou ainda em várias faculdades como professor e pesquisador, como na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Após aposentar-se, no início dos anos 1970, fundou na PUC a Faculdade de Engenharia, sendo seu primeiro diretor. A convite do Reitor José Benedito Barreto Fonseca, a partir de 1973, atuou como Assessor Técnico do Reitor para a construção do Campus I. Desidério faleceu em 24 de junho de 1998, aos 93 anos, em Monte Mor.
Origem: Ilha do Bananal – Goiás
Data: 1977
Designação: Cerâmica Figurativa Karajá
Material: Cerâmica
Técnica: Figura em cerâmica cozida, crua, com ornamentação em pigmento natural (cor preto: Jenipapo e cor vermelho: Urucum)
Dimensões: 13 cm X 12 cm
Representação: Caça
Descrição: Figura de um homem e três animais, um deles sobre a árvore.