A história do Museu Universitário PUC-Campinas inicia-se na década de 1950, quando o professor Alfonso Trujillo Ferrari passa a organizar expedições etnográficas às diversas regiões do Brasil. Ao retornar, trouxe não apenas a bagagem intelectual, mas também grande quantidade de artefatos de povos indígenas e artefatos arqueológicos.
Com o passar dos anos, as salas de aula e os almoxarifados da Faculdade de Ciências Sociais estavam lotados com o material proveniente dessas expedições. Em 1958, o então reitor da Universidade, Monsenhor Emílio José Salim, inaugura o Departamento de Antropologia nas salas térreas do Pátio dos Leões (Campus Central) para a guarda do nascente acervo.
Pouco tempo depois, o Prof. Trujillo foi convidado a atuar em uma instituição de ensino no exterior e o Departamento de Antropologia passou a ser dirigido pelo Prof. Desidério Aytai – antropólogo e engenheiro de origem húngara. Em 1963, Aytai dá início à catalogação do acervo de acordo com sistemas internacionais de classificação, o que elevaria a coleção ao status de museu: o Museu de Antropologia, Arqueologia e Folclore da PUC-Campinas.
À frente do Museu, o Professor Desidério organizou muitas expedições e exposições, sempre de cunho científico e pedagógico. Sua colaboração para com outros museus nacionais e do exterior era de grande profusão. Entre os seus documentos, são inúmeras as trocas de correspondência com instituições museológicas e pesquisadores ao redor do mundo. Enquanto professor e coordenador do Museu, produziu e incentivou muitas pesquisas, assim como cartilhas e colaborações em livros. Sua maior dedicação foi ao estudo da música dos povos indígenas, principalmente dos Xavante e o Bororo.
O museu vivenciou um período fértil de cooperação com outros museus do Brasil e do exterior, tornando-se uma referência principalmente no que toca a seu processo de catalogação do acervo. Esse processo desenvolvido internamente com a introdução de um novo tipo de fichário para os objetos da coleção e com a utilização do sistema da IBM-3742 era considerado tão inovador que a própria equipe do Museu Nacional, sediado no Rio de Janeiro, chegou a solicitar uma cartilha que a ajudasse a implementar o mesmo sistema.
O Prof. Desidério empenhou-se em ampliar o acervo do Museu. Realizou escavações arqueológicas em diversas regiões do Brasil e expedições etnográficas para estudo das populações indígenas remanescentes e para a coleta de amostras da cultura material. Também trabalhou em parceria com outros pesquisadores, entre eles agentes da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e colaboradores de museus brasileiros e do exterior. Através dessas parcerias, muitas doações e permutas de acervo foram feitas.
Outra grande preocupação do Prof. Desidério foi a busca por um local ideal para acondicionar o acervo e disponibilizá-lo ao público. Em 1974, com a inauguração do Campus I da PUC-Campinas, o Museu é transferido para o prédio onde também funcionava a Faculdade de Administração.
Foram muitas as expedições às aldeias, principalmente na região do Sangradouro, em Mato Grosso, sendo a primeira a essa região realizada em 1958, capitaneada pelo Prof. Alfonso, e envolvendo professores e alunos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Já o Prof. Desidério Aytai realizou expedições e pesquisas de campo entre 1963-1985, dando continuidade às expedições junto aos Xavante e também aos Nambikuara. A partir da década de 1980, houve participação de outros professores e pesquisadores, em especial do Prof. Agenor José Teixeira Pinto Farias (Ciências Sociais) e da Profa. Dulcimira Capisani (Artes Visuais).
Cabe destacar que a Coleção Etnográfica do Museu Universitário é composta por mais de mil itens, dentre os quais destacam-se as peças de trançado, armas, instrumentos musicais, herbário e carpoteca formada por plantas medicinais, peças em cerâmica, adornos corporais, trajes utilizados em rituais e utensílios diversos. Entra ainda nessa coleção o conjunto de documentos textuais, como os diários de campo do Prof. Desidério, um grande conjunto de fitas k-7 com música xavante e uma rica coleção de fotografias de algumas expedições.
Esta coleção pode ser considerada uma das maiores do Brasil, pela representatividade dos mais de 40 povos indígenas retratados. Na contemporaneidade, a equipe do Museu vem se dedicando ao estudo desse acervo, a seu processo de catalogação, assim como aos procedimentos de conservação preventiva para a sua salvaguarda, e iniciará, brevemente, um conjunto de ações junto a algumas comunidades indígenas para o desenvolvimento do projeto curatorial desse acervo.
Dentre o acervo Karajá, destaca-se o conjunto de bonecas ritxoko, coletadas entre 1979-1985, que agora apresentamos em destaque, para amplo conhecimento da nossa comunidade acadêmica, dando visibilidade e estimulando novas pesquisas a partir desse acervo, em exposição no primeiro pavimento do prédio da reitoria.