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Nossa História


A história do Museu Universitário PUC-Campinas inicia-se na década de 1950, quando o professor Alfonso Trujillo Ferrari passa a organizar expedições etnográficas às diversas regiões do Brasil. Ao retornar, trouxe não apenas a bagagem intelectual, mas também grande quantidade de artefatos de povos indígenas e artefatos arqueológicos.

Com o passar dos anos, as salas de aula e os almoxarifados da Faculdade de Ciências Sociais estavam lotados com o material proveniente dessas expedições. Em 1958, o então reitor da Universidade, Monsenhor Emílio José Salim, inaugura o Departamento de Antropologia nas salas térreas do Pátio dos Leões (Campus Central) para a guarda do nascente acervo.

Desidério Aytai, apresentando o Museu Universitário da PUC Campinas para uma comitiva científica. Décadas de 1970-1980.
Desidério Aytai, apresentando o Museu Universitário da PUC Campinas para uma comitiva científica. Décadas de 1970-1980.
Alunos do Prof. Desidério Aytai em atividades no Museu, então localizado no Campus Central. Década de 1980.
Alunos do Prof. Desidério Aytai em atividades no Museu, então localizado no Campus Central. Década de 1980.

Pouco tempo depois, o Prof. Trujillo foi convidado a atuar em uma instituição de ensino no exterior e o Departamento de Antropologia passou a ser dirigido pelo Prof. Desidério Aytai – antropólogo e engenheiro de origem húngara. Em 1963, Aytai dá início à catalogação do acervo de acordo com sistemas internacionais de classificação, o que elevaria a coleção ao status de museu: o Museu de Antropologia, Arqueologia e Folclore da PUC-Campinas.

À frente do Museu, o Professor Desidério organizou muitas expedições e exposições, sempre de cunho científico e pedagógico. Sua colaboração para com outros museus nacionais e do exterior era de grande profusão. Entre os seus documentos, são inúmeras as trocas de correspondência com instituições museológicas e pesquisadores ao redor do mundo. Enquanto professor e coordenador do Museu, produziu e incentivou muitas pesquisas, assim como cartilhas e colaborações em livros. Sua maior dedicação foi ao estudo da música dos povos indígenas, principalmente dos Xavante e o Bororo.

O museu vivenciou um período fértil de cooperação com outros museus do Brasil e do exterior, tornando-se uma referência principalmente no que toca a seu processo de catalogação do acervo. Esse processo desenvolvido internamente com a introdução de um novo tipo de fichário para os objetos da coleção e com a utilização do sistema da IBM-3742 era considerado tão inovador que a própria equipe do Museu Nacional, sediado no Rio de Janeiro, chegou a solicitar uma cartilha que a ajudasse a implementar o mesmo sistema.

O Prof. Desidério empenhou-se em ampliar o acervo do Museu. Realizou escavações arqueológicas em diversas regiões do Brasil e expedições etnográficas para estudo das populações indígenas remanescentes e para a coleta de amostras da cultura material. Também trabalhou em parceria com outros pesquisadores, entre eles agentes da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e colaboradores de museus brasileiros e do exterior. Através dessas parcerias, muitas doações e permutas de acervo foram feitas.

Museu Universitário - Campus I - Professor Desidério Aytai e as visitas das escolas - Década de 1970-1989
Museu Universitário - Campus I - Professor Desidério Aytai e as visitas das escolas - Década de 1970-1989
Foto Eurides. formandos da faculdade de filosofia ciências e letras- campus central - 1942
Formandos da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em 1942.

Outra grande preocupação do Prof. Desidério foi a busca por um local ideal para acondicionar o acervo e disponibilizá-lo ao público. Em 1974, com a inauguração do Campus I da PUC-Campinas, o Museu é transferido para o prédio onde também funcionava a Faculdade de Administração.

Foram muitas as expedições às aldeias, principalmente na região do Sangradouro, em Mato Grosso, sendo a primeira a essa região realizada em 1958, capitaneada pelo Prof. Alfonso, e envolvendo professores e alunos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Já o Prof. Desidério Aytai realizou expedições e pesquisas de campo entre 1963-1985, dando continuidade às expedições junto aos Xavante e também aos Nambikuara. A partir da década de 1980, houve participação de outros professores e pesquisadores, em especial do Prof. Agenor José Teixeira Pinto Farias (Ciências Sociais) e da Profa. Dulcimira Capisani (Artes Visuais).

Cabe destacar que a Coleção Etnográfica do Museu Universitário é composta por mais de mil itens, dentre os quais destacam-se as peças de trançado, armas, instrumentos musicais, herbário e carpoteca formada por plantas medicinais, peças em cerâmica, adornos corporais, trajes utilizados em rituais e utensílios diversos. Entra ainda nessa coleção o conjunto de documentos textuais, como os diários de campo do Prof. Desidério, um grande conjunto de fitas k-7 com música xavante e uma rica coleção de fotografias de algumas expedições.

Fachada do Solar Barão de Itapura - Campus Central - década de 1950
Fachada do Solar do Barão de Itapura na década de 1950.
Vista interior do Solar Barão de Itapura - Campus Central - década de 1950
Interior do Solar do Barão de Itapura em meados da década de 1950

Esta coleção pode ser considerada uma das maiores do Brasil, pela representatividade dos mais de 40 povos indígenas retratados. Na contemporaneidade, a equipe do Museu vem se dedicando ao estudo desse acervo, a seu processo de catalogação, assim como aos procedimentos de conservação preventiva para a sua salvaguarda, e iniciará, brevemente, um conjunto de ações junto a algumas comunidades indígenas para o desenvolvimento do projeto curatorial desse acervo.

Dentre o acervo Karajá, destaca-se o conjunto de bonecas ritxoko, coletadas entre 1979-1985, que agora apresentamos em destaque, para amplo conhecimento da nossa comunidade acadêmica, dando visibilidade e estimulando novas pesquisas a partir desse acervo, em exposição no primeiro pavimento do prédio da reitoria.