No Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, a PUC-Campinas foca esforços para ampliar inclusão
Só no Departamento de Serviços Gerais, um quarto dos funcionários são pessoas com deficiência. Neste dia 21 de setembro, Universidade reforça busca por integração cada vez maior
“Eu entrei aqui e não sabia de nada. Aprendi tudo aqui. Hoje eu faço de tudo, aprendi com os amigos que estavam sempre me apoiando e ajudando”. Frases como essa não são difíceis de serem ouvidas na PUC-Campinas. Ela vem de Elnatan Daniel de Almeida, que trabalha na Universidade há quatro anos.
Ele é só um exemplo de como as pessoas com deficiência (PCD) têm se sentido acolhidas na Universidade. Ao todo, 106 funcionários têm algum tipo de deficiência. Só no Departamento de Serviços Gerais, são 56 funcionários com esse perfil de um total de 201. O detalhe é que entre eles estão portadores de deficiência intelectual, que muitas vezes não recebem tantas oportunidades no mercado de trabalho. Eles desempenham os mais diferentes papéis: jardinagem, limpeza, levam documentos, organizam as salas. E mais: se mostram cada dia mais completos.
Elnatan trabalha na jardinagem e faz de tudo um pouco. Só que o talento dele não se restringe às tarefas desempenhadas no trabalho. É na música que ele transborda. “Eu comprei uma bateria com a ajuda do meu pai. Ele me pagou aula, mas não aprendi. Só que depois fui pegando prática e aprendendo sozinho”, reforça, orgulhoso. E não é apenas uma diversão, a coisa ficou séria. Elnatan é baterista da banda da igreja, onde toca aos sábados com outros quatro integrantes.
Mas nem só de música e trabalho vive o Elnatan. Ele gosta mesmo é de umas comprinhas no shopping. “É quase minha segunda casa”, comenta aos risos. Quando em casa, gosta também de filmes de ação – todos os filmes de ação, ele faz questão de frisar.
Tímido, mesmo sem uma câmera apontada, é fácil perceber a confiança na vibração da voz e o foco no olhar para coisas que lhe trazem alegria. E já pensa no futuro. “Meu sonho é fazer uma faculdade de Engenharia Mecânica, ter uma casa boa e construir uma família”, adianta o jovem, que acorda às 3h50 feliz para vir trabalhar. “Não gosto de chegar atrasado”, completa.
Quem também valoriza muito a oportunidade na Universidade e é acolhido na PUC-Campinas há seis anos é Igor Ronaldo Nascimento Paraguai, de 26 anos. Ele trabalha na Reitoria, no setor de limpeza e não mede as palavras para dizer o que representa tudo isso para ele. “A PUC é um palácio! Eu amo trabalhar aqui. Eu me sinto feliz, tem muitas pessoas boas que me ajudam quando eu preciso”, explica.
Igor disfarça com risos a timidez, que não é pouca. Mas os sorrisos permanecem em todos os temas. Quando ele lembra da trajetória na Universidade, mostra gratidão. “Eu não sabia nada quando cheguei aqui. Eu pegava até os lixinhos errados. Todo mundo me ajudou”, comenta. Igor também tem suas paixões. Uma delas é o futebol. Aliás, talvez seja o primeiro torcedor do São Paulo e do Corinthians ao mesmo tempo, acredite. “Eu torço para o São Paulo, mas gosto de assistir ao Corinthians e torço para vencer”, reforça. E quando joga, Igor garante que dá conta do recado: “Aqui é Neymar!”.
Na PUC-Campinas, Igor aprendeu diversas funções, valores, e fez amigos. Principalmente, os alunos, que até mesmo o convidam para festas. “Eu converso muito com eles. Se deixar, fico o dia inteiro”, responde.
Esses são só alguns exemplos da rotina das PCDs na Universidade. Uma troca que tem crescido ano a ano. “Igor é uma pessoa excelente. Todos eles são funcionários maravilhosos e excelentes pessoas. Para nós, é muito gostosa essa convivência. Nós aprendemos muito com eles”, explica Francisca Teixeira de Carvalho, encarregada do Departamento de Serviços Gerais. “Eles me surpreendem a cada dia, é cada dia uma novidade”, completa Rosilda Josefa da Silva, que também atua como encarregada. Esses colaboradores atuam sob supervisão de um encarregado e realizam atividades adequadas de acordo com a suas habilidades e condições.
Neste dia 21 de setembro, que celebra o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, a Universidade tem reforçado a importância de não só acolher esses funcionários, mas buscar trazer um ambiente de conscientização, socialização e inclusão da pessoa com deficiência não só no trabalho, mas em toda a sociedade.
“Nós não queremos apenas cumprir a lei de cotas, queremos ir além. Nós estamos ampliando as parcerias. E, mais recentemente, montamos um comitê permanente de assessoria da pessoa com deficiência. Esse comitê tem tido um olhar voltado para nossos colaboradores com deficiência para trabalhar não só as necessidades deles, mas também essa integração do corpo técnico-administrativo e corpo docente com as pessoas com deficiência. Hoje, o que nós ainda encontramos de barreira é muito mais o preconceito do que qualquer outra dificuldade que essas pessoas enfrentam pela limitação física ou intelectual”, reforça Daniela Andrade Couto Lisoni, Coordenadora da Divisão de Recursos Humanos da Universidade.
Programação Especial
A PUC-Campinas criou uma programação especial para os funcionários com deficiência. Destaque para uma atividade sobre higiene bucal, nos dias 19 e 20, realizada na Faculdade de Odontologia, e uma palestra com representantes da Fundação Síndrome de Down, sobre inclusão social, nesta quarta-feira, 21.
Confira abaixo homenagem feita pela PUC-Campinas: