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Sobre o Núcleo


Nascida do coração da Igreja, a Universidade Católica consagra-se ao amor do saber e à investigação de todos os aspectos da verdade e dos seus nexos com a Verdade, cuja fonte é Deus. Depara-se com o célere desenvolvimento da ciência e da tecnologia, e o efeito mais destacado das suas descobertas: o crescimento econômico e industrial. Diante delas, cabe-lhe examinar as suas implicações éticas e morais, sob a preocupação de saber se são empregadas para o bem de toda a sociedade tendo em vista a liberdade, a justiça e a dignidade da pessoa humana.

Na Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae, do Papa São João Paulo II, está posto que a Universidade Católica, “deve ser ao mesmo tempo uma comunidade de estudiosos que representam diversos campos do conhecimento humano, e uma instituição acadêmica na qual o cristianismo está presente de modo vital” (ECE 14). Nessa comunidade, destaca-se a promoção do diálogo entre a fé e a razão que nos leva a conhecer como ambas se encontram na única Verdade, e a investigação das implicações éticas e morais presentes nos métodos e resultados das pesquisas científicas. No interior da Universidade, tem a Teologia uma contribuição primordial no diálogo entre a fé e a razão, por meio do seu saber fundamentado na Escritura, na Tradição e no Magistério da Igreja, pois a busca pela verdade, inspirada pela preocupação com a dignidade da pessoa humana e à luz da Mensagem de Cristo é o que distingue a Universidade Católica.

Neste contexto, o Núcleo de Fé e Cultura, que ora se instala na PUC-Campinas, vem ao encontro do desafio da consolidação da sua identidade como universidade católica. É certo que isso acontecerá aos poucos por meio da reflexão que se fará com a promoção do diálogo entre a fé e a cultura. Lembrando que “Não existe senão uma cultura: a do homem, que provém do homem e é para o homem” (ECE 3). A fé incita o homem, encerrado na imanência da cultura, a abrir-se para a relação de transcendência e de comunhão plena com Deus. O diálogo entre a fé e a cultura, na perspectiva também de contribuir para uma formação integral da pessoa humana, certamente proporcionará a abertura dos horizontes, por exemplo, daqueles estabelecidos pela cultura da técnica e da sociedade de consumo. Assim, iluminado pela mensagem do Evangelho, o diálogo levará, inexoravelmente, à reflexão sobre o sentindo do humano na sociedade contemporânea.

Finalmente, é nossa expectativa que o Núcleo de Fé e Cultura promova a ampliação da consciência sobre a relação entre a fé e a cultura junto com as atividades fim, ensino, pesquisa e extensão e as demais instâncias da Universidade.

Cadernos de Fé e Cultura


Campinas, v.1, n.1, p.1-38,  2016


Campinas, v.1, n.2, p.1-103, 2016


Campinas, v.2, n.1, p.1-103, 2017


Colóquio “Fé, Ciência e Paz: Desafios Contemporâneos” 2024


Contato


Núcleo de Fé e Cultura

Prof. Me. Côn. José Luís Araújo
Telefones : 55 (19) 3343-7534 / 55 (19) 3343-7056
E-mail: nucleofecultura@puc-campinas.edu.br
coord.nucleofecultura@puc-campinas.edu.br
Campus I – Reitoria

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Endereço postal

Pontifícia Universidade Católica de Campinas / Núcleo de Fé e Cultura
Rua Professor Doutor Euryclides de Jesus Zerbini, 1516
Parque Rural Fazenda Santa Cândida – Campinas – SP
CEP 13.087-571

Coordenador do Núcleo de Fé e Cultura


Prof. Me. Côn. José Luís Araújo

 

ASSESSORIA

Prof. Dr. Sérgio Eduardo Fazanaro Vieira

Informações


Introdução

O caráter teológico da relação entre fé e cultura encontra seu assento desde os primórdios do Cristianismo, pois o Verbo (Logos) se fez carne (sarx) (Jo, 1,1ss). Isso significa que, no mistério da encarnação (Kénosis), Deus assumiu a história e nela uma cultura: a judaica. No entanto, pela fé sabe-se que a cultura assumida é um canal da revelação e não esgota a sua totalidade. Enquanto canal, particular e singular, imbuído de materialidade e de espiritualidade, a cultura judaica tornou-se a habitação do Verbo em sua realização histórico-salvífica. Disso decorre o testemunho neotestamentário de que Jesus Cristo é o Filho do Homem (Mc 8,31ss), que se esperava desde a era da apocalíptica veterotestamentária, o Rei do trono de Davi (Mt 1,1ss) e o Salvador que já fora anunciado por Isaías (Lc 1,26ss). Essa revelação definitiva, completa e perfeita, concebida de modos diferentes e em consonância com a especificidade das respectivas comunidades cristãs, foi levada a cabo aos povos de outras culturas, possibilitando a helenização do cristianismo e a cristianização do helenismo na configuração da doutrina dogmática e moral da fé cristã.

Ainda na antiguidade cristã, tanto na patrística quanto na dogmática da fé, houve continuidade na dialética entre helenização e cristianização, de modo que o conteúdo da fé revelada foi transmitido em linguagem verbal, escrita e simbólica, com a devida contextualização histórica e cultural, historicidade vital e dinamismo. Toda formulação doutrinária da fé foi elaborada a partir de substratos culturais linguísticos e, por conseguinte, passível de interpretação que apresente fidelidade à fé revelada (cf. Fides et Ratio, nn. 7-8). Disso resulta a relevância de compreender a positividade da fé em sua qualificação de dom que se desenvolve em três dimensões manifestadas em substratos culturais: a doxologia, a inteligência e o testemunho (cf. Fides et Ratio, n. 9).

A concepção de cultura possui uma história epistemológica, em que se apresentam as teorias evolucionista, funcionalista, estruturalista e pós-moderna, trazendo à tona questões pertinentes e relevantes, tais como a superioridade de uma cultura sobre outras e o conceito uniforme de cultura. Tem-se especial atenção para o conceito de alteridade para admitir a dialética cultural entre pluralidade e singularidade, particularidade e universalidade, materialidade e espiritualidade. Desse modo, remete-se ao conceito de tradução, colocando em jogo o dinamismo relacional das culturas, em que se desenvolvem o respeito, o acolhimento às diferenças, a corresponsabilidade, o cuidado pela vitalidade da cultura.

O Concílio Vaticano II realçou criticamente a pretensão messiânica da cultura científica moderna para resolver todos os problemas humanos. Essa cultura está marcada pelo racionalismo objetivo, com centralidade na compreensão de experiência como empiria, em que metodicamente prevalece o tripé hipótese, observação e verificação para alcançar a verdade científica. Com acurado equilíbrio, o referido Concílio ressaltou a relevância da cultura científica para colaborar na efetividade da justiça, na superação de enfermidades, na busca de soluções para encontrar equilíbrio planetário e na defesa e promoção da vida em todas as suas dimensões (cf. Gaudium et Spes, n. 36). Fundamenta essa posição a Antropologia Teológica, ao afirmar que o homem é “Imagem e Semelhança de Deus” e, por conseguinte, colabora com Deus na criação, levando a cabo a creatio continua, mediante suas ações históricas, com a finalidade de edificar o bem comum e a comunhão de todas as criaturas. Assim sendo, a fé cristã não recusa a cultura científica, mas pretende orientá-la a serviço da creatio continua e acolher dela a sua característica de ser também uma via plausível da revelação divina (cf. Gaudium et Spes, n. 12).

A articulação entre fé e cultura encontra seu princípio na fé e seu complemento na cultura, em perspectiva dialógica. O diálogo não é monólogo a dois, mas um processo de comunicação em que há um sujeito que fala e outro que escuta, para em seguida o que falou passar a escutar a palavra pronunciada por aquele que escutou. Nesse processo, não há imposição e nem sobreposição de um sobre o outro, mas consenso oriundo do respeito, da corresponsabilidade, do entusiasmo pela causa que requer o diálogo. Nesse caso, é a causa da fé que encontra na cultura a mediação para a expressão de sua verdade. Desse modo, a Igreja como Mysterion de koinonia, que se origina no mistério de comunhão trinitária, se efetiva como communitas fidelium que se insere no mundo; toma iniciativa em dialogar com a cultura deste mundo, em seu espírito de contemporaneidade, para, dialeticamente, propiciar à cultura a compreensão das verdades da fé revelada e para ter na cultura a mediação de seu próprio conteúdo revelado. Assim sendo, a fé não prescinde da cultura para incidir na história da humanidade e a cultura ganha em dignidade e enriquece as expressões da fé. Disso resulta que a relação entre fé e cultura não é de competição nem litígio uma com a outra, mas de mútua colaboração para enriquecimento mútuo e para a elevação da dignidade de todo o gênero humano (cf. Gaudium et Spes, nn. 53-60).

 

A fé e sua tridimensionalidade

A fé como dom é principium com origem na graça. Trata-se de compreender que o termo hessed, assaz utilizado no Antigo Testamento para designar o comportamento de Deus em relação à Aliança (Berit) com seu povo, indica a resposta do povo em relação ao seu Deus: uma resposta de confiança, de firmeza, de credibilidade. Hessed é traduzido por charitas no Novo Testamento e pode ser traduzido por benevolência, favor e acolhimento de Deus. Assim, a graça de Deus é ação divina que beneficia seu povo e essa ação é o Cristo, a graça personalizada de Deus na história. Desse caráter principiante, resulta a tridimensionalidade da fé: a doxologia, a inteligência e o testemunho (cf. Fides et Ratio, n. 13; Lumen Fidei, n. 4).

A fé como doxologia se efetiva quando, ao ser dada a fé ao povo em sua história, mediante a graça, é celebrada e professada em forma de symbolum fidei, mediante ritos e rituais diversos, ancorados na cultura de quem a celebra. Há ainda de ser expressa mediante os símbolos, que sempre dão o que pensar e o que celebrar, denotativos de significado de sentido à existência de quem crê. O povo que professa a fé concebe, na celebração da fé, a presença de Deus como mistério amoroso que se revela em seu Filho para redimir toda a criação e salvar a todos os homens da terra, e na ação do Espírito renova toda criação (cf. Sacrosanctum Concilium, nn. 6-7). A fé doxológica é uma realidade que lança o homem à sua compreensão e à sua práxis histórica, em forma de caridade em todas as suas dimensões e de esperança da imanência escatológica do Reino de Deus.

Em sua dimensão intelectual, a fé é desenvolvida mediante a articulação entre auditus fidei et intellectus fidei. Escuta-se a fé por meio da coleta de dados inferidos da Escritura e da Tradição, mediante uma operação hermenêutica que possibilita que tais dados sejam colocados em diálogo com a contemporaneidade histórica e com as ciências ônticas que servem de mediação para melhor compreender a realidade histórica em que a fé é confrontada. A filosofia, historicamente partner da teologia, permeia a relação da fé com a realidade e com as ciências. Desse modo, a fé é compreendida como ratio fidei, cuja lumen fidei é imprescindível para que a razão compreenda e explicite a fé com a retidão da fé. A teologia torna-se então uma scientia fidei que aponta racionalmente a verdade da fé à luz da fé, explicitando a dialética entre imanência e transcendência, história e escatologia na relação entre Deus e sua criação, principalmente em sua relação com o homem, sua “Imagem e Semelhança” (cf. Fides et Ratio, nn. 64).

Em sua dimensão testemunhal, a fé é martyria. Nessa dimensão, a fé é testemunhada na vida de quem crê. O testemunho é o momento praxístico da fé, vivenciado como membro da communitas fidelium. Desse modo, a fé possui conotação eclesial e por mais pessoal que seja o testemunho será sempre comunitariamente eclesial. O testemunho da fé é o momento em que a fé está profundamente articulada com a história, revelada a partir de um locus social, cuja referência é a própria revelação: o locus dos pobres. Desse modo, a fé incidirá nas relações sociais, na efetividade da justiça em todos os seus níveis, na promoção de uma cultura mundial da solidariedade e da paz, na edificação de uma civilização do amor (cf. Caritas in veritate, nn. 6-8). Nesse sentido, a fé testemunhada é o próprio amor em movimento, a caridade, que, sendo pessoal e social, suscita a esperança, que não decepciona, do Reino de Deus intra-historicamente presente (cf. Lumen Fidei, nn. 26-28).

 

A cultura

Historicamente, a cultura adquiriu conceituação no âmbito das ciências humanas, tornando-se centro de debate em diferentes escolas do pensamento social. O evolucionismo de Tylor concebeu a cultura em seu amplo sentido etnográfico, como o complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. Para Durkheim, a cultura resulta das relações dadas na sociedade, organismo amalgamado pela solidariedade social a qual, em sociedades classificadas como “primitivas”, é do tipo mecânica e, em sociedades classificadas como “complexas”, é do tipo orgânica. Por isso a cultura relaciona-se a mores e, por conseguinte, tornase um fato social moral que propicia a emergência de uma consciência coletiva. No evolucionismo, a formação cultural denota a constituição da “civilização” e a hierarquia civilizatória de um povo a outro. No âmbito do funcionalismo, a cultura é um produto interno da convivência étnica, cuja organização se efetiva nos níveis da materialidade, da ação e do simbolismo que se configura em sistema. No estruturalismo, a cultura se estabelece na articulação entre propriedades simbólicas e práticas sociais, denotando normas universais aplicáveis a todas as sociedades existentes.

A antropologia contemporânea enfrenta debates complexos em torno de temáticas centrais como o problema da identidade, da alteridade e das transformações culturais e sociais pelas quais as diversas comunidades e sociedades passam na atualidade, compreendendo que as culturas não se constroem no autorreferenciamento, mas na mútua troca de elementos culturais. Isso não significa, porém, que a assimilação de novos conteúdos implique o esquecimento completo de conteúdos tradicionais.

Vive-se contemporaneamente no contexto do “jogo de identidades”, em que grupos e segmentos sociais concorrem pelo reconhecimento global de seus interesses e de suas concepções de mundo. Tal condição exige a efetividade da categoria tradução, fruto da disposição humana de transladar, física ou espiritualmente, abrindo-se ao diálogo com o diferente, à interação com o outro e, portanto, à transformação, como se afirmou, na perspectiva do respeito, do acolhimento às diferenças, da corresponsabilidade e do cuidado pela vitalidade da cultura.

 

Relação entre fé e cultura

Na relação entre fé e cultura há de se considerar que a fé possui um caráter gracioso que a distingue da cultura. Por isso, a fé não só encontra na cultura um canal de expressão, mas também o polo a se abrir à sua própria ação. Desse modo, a cultura recebe da fé elementos que a purificam de tudo aquilo que fere a dignidade humana e é incongruente com a perspectiva criacional de todo o universo (cf. Evangelii Nuntiandi, n. 20). A evangelização decorrente dessa relação apresenta o Evangelho compreensível à cultura a ser evangelizada e à cultura passível de trazer à tona em suas expressões de linguagem a verdade evangélica, que é o próprio conteúdo da fé. Urge então o conceito teológico de inculturação, que se serve dos conceitos antropológicos relativos à cultura e os ultrapassa para apresentar a cultura como expressão da transcendência da fé, de modo que a cultura apresente a veritate fidei em sua própria matriz autóctone. Disso resulta que a fé seja apresentada de modo culturalmente humano, implicando reconhecer que o mistério da encarnação é histórico, exigindo que toda teologia, enquanto discursa sobre a revelação e a fé à luz da fé, se sirva da antropologia em todas as dimensões, porque é mediante o humanum que o Divinum se revela (cf. Evangelii Gaudium, nn. 68-70).

Na articulação entre fé e cultura entra em jogo a contemporaneidade da fé à própria cultura. Isso significa que essa articulação possui plausibilidade à medida que a fé se encarna na cultura, de modo a compreendê-la e a fomentar o seu conteúdo evangélico e evangelizador, na época histórica dessa mesma cultura. Por isso, a fé em sua dimensão intelectual ou propriamente teológica há de se servir das mediações da filosofia e das ciências para compreender a cultura e há de se servir de sua dimensão doxológica e martyriológica para que a própria cultura viva em forma de valores e de celebração do principium fiducial originário (cf. Lumen Fidei, nn. 50-54).

Diante do exposto, resulta então que a fé se abre à cultura e abre a cultura para a transcendência na qual se encontra imanentemente Deus que se revela em Jesus Cristo. No entanto, a confessionalidade explícita é um dos meios para a articulação entre fé e cultura. Outros meios são legítimos e necessários: o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, o diálogo científico, o envolvimento com ateus e com os sem religião, e a inserção em movimentos sociopolíticos que fomentem a efetividade da justiça em todas as suas dimensões. Desse modo, a fé traz à cultura a dimensão escatológica do homem e do mundo, a relação da transcendência e sua profunda relação com a imanência, a certeza de que toda realidade de fé é passível de vivência e que o homem, por mais autônomo que seja, está vocacionado à comunhão plena com Deus (cf. Evangelii Gaudium, n. 71).

Na Universidade Católica, a fé deve ser movimentada para fermentar a cultura à convivência fraterna, de modo que todos os seus membros construam um clima de relações fraternas, de solidariedade, de respeito e de responsabilidade. A fé também deverá ser movimentada em relação ao próprio desenvolvimento da ciência, cuja finalidade não deve ser outra senão a elevação do humanum em sua imanência e transcendência, a colaboração com o bem universal propiciando uma ética do cuidado em todas suas dimensões. Por isso, a contribuição específica da filosofia à relação entre fé e cultura é a de orientar ontologicamente a ciência para que a produção de conhecimento sirva à dignidade humana e ao bem da natureza. Por sua vez, a teologia, considerada epistemologicamente como scientia fidei, deverá cuidar para que a fé se manifeste sempre em sua inteligência, de apontar a transcendência do homem e do universo e o devir de comunhão com Deus. À ciência caberá cumprir o seu escopo de contribuir para o desenvolvimento integral dos povos, com a efetividade do bem comum, com a edificação da paz e com o cuidado para que as relações entre homem e natureza sejam marcadas pela elevação da vida (cf. Ex Corde Ecclesiae, nn. 10-20).

A institucionalização da relação entre fé e cultura na Universidade Católica encontra sua fundamentação em sua identidade acadêmica e inspiração cristã nas atividades de ensino, pesquisa e extensão do artigo 4º e 5º do Estatuto. Isso significa que a formação integral, marcada pelo pensamento científico e pela ética de compromisso com uma sociedade justa, com uma cultura fraterna e solidária, constitui um elemento fundamental desta “Comunidade Acadêmica” (cf. Ex Corde Ecclesiae, nn. 12-13).

 

A formação integral destinada a todos os membros da Comunidade Acadêmica implica responder às indagações e inquietações da pessoa humana e da sociedade, mediante atividades de ensino, de pesquisa e de extensão que, por mais científicas e profissionalizantes que sejam, não prescindem da luz da fé que aponta valores transcendentes a imediatismos e horizontalismos efêmeros. Com isso, o conhecimento desenvolvido na relação entre ensino e aprendizagem e por intermédio da investigação científica deve apresentar eticidade, sensibilidade solidária e empenho com a sabedoria. Desse modo, contribuir-se-á para a resolução de desafios apresentados no mundo, em especial na realidade brasileira, no âmbito da economia, da organização social e política e da cultura (cf. Art. 7º do Estatuto).

 

Ao considerar sua natureza e identidade, a Pontifícia Universidade Católica de Campinas se utiliza de “Órgãos Complementares” da Reitoria para “auxiliar o aprimoramento e expansão das atividades de ensino, pesquisa e extensão” do artigo 58 do Estatuto. Nesse sentido, a relação entre fé e cultura, que se efetiva essencialmente no espírito da Universidade Católica, em que filosofia, teologia e ciências se relacionam mutuamente, bem como em que se busca a convivência fraterna, merece ganhar institucionalização. Por isso, justifica-se que a edificação de um Núcleo de Fé e Cultura se constitua como um Órgão Complementar da Reitoria, podendo transitar na atividade tríplice fundamental da Universidade – ensino, pesquisa e extensão – como forma de aprimorar a missão da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e sua relação com a sociedade.

 

O Núcleo de Fé e Cultura foi aprovado pelo Egrégio Conselho Universitário, em sua 501ª reunião, realizada aos 28 de agosto de 2014, ficando na estrutura Universitária como Órgão
Complementar da Reitoria, consoante inciso VII, do Art 22 do Regimento Geral da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Definição

O Núcleo de Fé e Cultura é um Órgão Complementar da Reitoria que promove o diálogo da fé cristã com a cultura em suas diversas dimensões, repercutindo nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, para contribuir na formação integral dos estudantes, na boa convivência da Comunidade Universitária, no aperfeiçoamento da relação da Universidade com a sociedade e na orientação da ciência a serviço da defesa e da promoção da vida.

 

Objetivos

– Fomentar o debate entre a fé e a cultura junto às diversas áreas de conhecimento da Universidade.
– Promover o diálogo da Teologia e do Magistério da Igreja com as ciências.
– Contribuir para a formação integral dos membros da Comunidade Universitária.
– Contribuir para a consolidação da identidade católica da Universidade em diálogo com a sociedade.
– Fomentar a reflexão sobre os problemas relacionados com o desenvolvimento econômico, social e cultural, com ênfase na ética, e tendo em vista a humanização da sociedade.

 

Metodologia

– Promover palestras com a Comunidade Universitária para ampliação da consciência sobre a relação entre fé e cultura, à luz do Magistério Eclesiástico.
– Realizar reuniões com as Diretorias de Centro e de Faculdade e Coordenadorias de Programa de Pós-Graduação e de Núcleo de Pesquisa e Extensão, para debate e acolhimento de sugestões acerca de eventos de promoção da relação entre fé e cultura.
– Propor atividades que repercutam no ensino, na pesquisa e na extensão para as respectivas Pró-Reitorias, relativas à promoção da cultura à luz da fé.
– Propor o desenvolvimento de análises de questões emergentes da cultura, a serem apresentadas em canais de comunicação da própria Universidade.
– Propor, com a Pastoral Universitária, a celebração de acontecimentos significativos para a missão da Universidade.

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