Pátio dos Leões ganha mural com elementos da herança cultural de Campinas
Muro do prédio, no Centro de Campinas, receberá visual colorido com narrativa que traz memória do ciclo do café do século XIX, criado por três artistas
O Conjunto Arquitetônico Solar do Barão de Itapura, conhecido como Pátio dos Leões, receberá, a partir desta terça-feira, 12 de novembro, um novo visual, a partir do Projeto Colheita. As artistas Ana Mercúrio, Mari Junqueira e Renata Lembro criarão, juntas, um mural vibrante com narrativa que traz à tona elementos da cultura histórica de Campinas, como o ciclo do café, no século XIX. O processo de pintura seguirá até o dia 15 de novembro.
A ação faz parte do início da agenda de eventos culturais que seguem com apresentação de corais e fazem referência ao Centro Cultural e Museológico que será implementado após o restauro do prédio.
“É com muita alegria que iniciamos esse projeto, que é apenas o começo de muitos eventos que teremos. O Solar do Barão abrigará acervos, exposições itinerantes, oficinas culturais, cursos de formação na área das artes e cursos que promovam a cultura na cidade de Campinas. É um movimento de valorização da história de Campinas”, explicou o Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior.
Sobre a pintura
Entre os elementos explorados no mural estará uma jaguatirica, simbolizando a rica biodiversidade e a força bruta da natureza antes da intervenção humana. Ramos de café se entrelaçam e leva a narrativa para um cenário de colheita e paisagens da vida cotidiana da época. O último segmento traz capivaras humanizadas cultivando o café.
O mural propõe um diálogo entre o passado e a continuidade das tradições nos dias atuais., convidando o público a pensar na biodiversidade de Campinas.
Para a confecção, as artistas utilizarão spray e tinta acrílica, que colocam como destaque a cor amarela, simbolizando a iniciativa, e a luz impulsionando a inovação, reforçando a energia vibrante da mulher campineira. O azul representa o céu cheio de sonhos, simbolizando um desejo de construir o futuro.
“Participar desse projeto significa transformar o Centro em um espaço vivo e pulsante, onde a cor e a arte trazem novos significados e resgatam memórias coletivas. Ocupar o Centro com simbolismos visuais é uma forma de devolver a cidade às pessoas, especialmente às mulheres, que encontram nesses espaços um lugar de expressão, presença e identidade. É uma oportunidade de recontar histórias e marcar, nos muros e paredes, a força de quem ali vive e trabalha, criando uma conexão entre o passado e o futuro, onde cada intervenção se torna um ato de resistência e renovação cultural”, disse a artista Ana Mercúrio.
Processo de criação
Nesta segunda-feira, 11 de novembro, foi realizada a projeção no muro do Pátio dos Leões, de modo a guiar os rascunhos das artistas. Nos dias 12 e 13 de novembro, haverá o preenchimento do desenho com formas sólidas. Já nos dias 14 e 15 de novembro, serão realizadas as sombras detalhes e a assinatura das obras.
Esse é mais um passo para a revitalização do espaço. No último dia 9 de setembro, a PUC-Campinas anunciou projeto de restauro do Conjunto Arquitetônico Solar do Barão de Itapura. O espaço, após sua completa restauração, abrigará atividades museológicas, exposições artísticas e culturais, além de formações em empreendedorismo cultural e artístico. Também desenvolverá programas educativos voltados especialmente para jovens e crianças em situação de vulnerabilidade, em parceria com escolas públicas.
Sobre as artistas:
Ana Mercurio (Artista Visual Urbana)
@ana.mercurio – Comunicadora que utiliza as artes visuais urbanas para registrar e contar histórias da cidade e das mulheres. Natural de Campinas, começou a se expressar pelas ruas em 2019, durante um evento de graffiti exclusivo para mulheres, e desde então, encontrou nos muros uma forma de dialogar com a cidade. Com um estilo vibrante e livre das convenções tradicionais, sua arte é influenciada pelo modernismo e cubismo. A cidade de Campinas é sua maior inspiração, e suas obras buscam retratar a memória local.
Mariana Junqueira (Designer de Moda e Artista Plástica)
@marijunqueira.art – Mineira nascida em Poços de Caldas e atualmente vivendo em Campinas, Mari Junqueira é uma artista multidisciplinar com formação em Design de Moda pelo Istituto Europeo di Design (2015). Desde jovem, influenciada por sua mãe e cercada de antiguidades, Mari desenvolveu um olhar sensível e detalhista, começando suas exposições aos oito anos. Ao longo de sua carreira, participou de exposições internacionais, como a Galerías Virtuales no Chile, e de mostras renomadas como a Campinas Decor, onde suas obras se destacam pela profundidade emociona
l e impacto visual. Trabalhando entre muralismo e artes visuais, Mari explora formas e cores que capturam a atenção, criando obras que refletem tanto influências mineiras quanto cosmopolitas. Atualmente, expõe na Galeria Lígia Testa e no marketplace Artsy, trazendo ao público criações que transcendem os limites da pintura tradicional.
Renata Lembo (Tatuadora e Artista Plástica)
@renata.lembo – Artista visual residente em Campinas, São Paulo. Formada em Arquitetura e Urbanismo em 2022 pela Universidade São Judas Tadeu, começou a se dedicar à produção artística ainda durante a graduação e atualmente trabalha sobre diversas mídias: telas, murais, ilustração digital e tatuagens. Seu trabalho se caracteriza pelo uso de linhas fluidas, gestuais e simples, como num esboço em que brinca com a imaginação, no limiar entre o figurativo e o abstrato. Algumas temáticas recorrentes em suas obras são a cultura, a fauna e flora brasileiras; desenhos lúdicos que remetem ao traçado livre da infância e a representação de mulheres para além do lugar de musa inspiradora, mas como personagens ativas, criativas e agentes de transformação da própria realidade.
Recursos para a obra
A captação de recursos para o restauro permanece ativa via Lei Rouanet e patrocínio de empresas interessadas. Em setembro a Universidade recebeu o Certificado de Potencial Construtivo, que permite captar recursos para a obra. A Universidade tem autorização para captar cerca de R$ 48,2 milhões pela Lei Rouanet, do Governo Federal, para a restauração (70%) e instalação da infraestrutura para início de operação do local (30%).