PUC-Campinas desenvolve projetos inovadores em seus campi e para laboratórios vivos do HIDS
O Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS) está sendo concebido para ser modelo internacional de distrito inteligente
O Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS) está sendo concebido para atuar como um complexo de laboratórios vivos, com a intenção de se tornar um modelo internacional de distrito inteligente e sustentável. Um laboratório vivo é baseado em um conceito de inovação aberta, na cocriação, integrando processos de pesquisa e inovação dentro de um contexto de parcerias público-privadas e operando em ambientes/territórios e comunidades de “vida real”. Alguns dos temas de laboratórios como esses que estão sendo pensados para o HIDS são água, energia, ciclo de alimentos, direitos humanos, entre outros. A PUC-Campinas tem participado ativamente da construção desses projetos, atuando junto às equipes de planejamento do HIDS.
A abordagem dos laboratórios vivos permite avaliar o desempenho de um produto/tecnologia a partir da sua adoção pelos usuários de determinado território e, então, fazer projeções para sua adoção em larga escala. O HIDS pode servir para isso, especialmente no caso de tecnologias e/ou produtos que auxiliem no cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. “Dentre os 17 objetivos colocados pela ONU, a PUC-Campinas pode, por meio de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, seguindo os objetivos estratégicos da Instituição, atuar nas áreas de saúde e bem-estar, educação de qualidade, água potável e saneamento, energia limpa e acessível, cidades e comunidades sustentáveis, paz, justiça e instituições eficazes, entre outras”, afirma o Reitor da Universidade, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior.
“A Universidade entende que os experimentos de novas ideias, surgidas no ensino e na pesquisa, podem ter resultados mais rápidos e melhores se testados no que chamamos de Laboratórios Vivos, ou seja, em situações reais, com maiores possibilidades de integração entre os participantes. Este ambiente rico será proporcionado pelo HIDS. Daí a importância da participação da PUC-Campinas neste projeto”, disse o reitor. Já estão acontecendo na PUC-Campinas uma série de projetos e iniciativas que poderão ser agregados aos laboratórios vivos que estão sendo idealizados para o HIDS.
Um deles é o projeto “Campi Inteligentes” que abrange sete dimensões: energia elétrica, água e resíduos, mobilidade, segurança, tecnologia da informação e comunicação (sensoriamento em tempo real dos campi), gerenciamento de resíduos sólidos e organização dos espaços de convivência universitária. “Em todos esses eixos de ação, é fundamental fazer um diagnóstico da situação atual e, a partir daí, estabelecer uma estratégia de ação”, explica o coordenador do projeto, Prof. Dr. Victor de Barros Deantoni, diretor da Faculdade de Engenharia Civil da PUC-Campinas. “No caso da energia elétrica, estabelecemos como meta conhecer quanto consumimos, identificar desvios de padrão, medir o consumo em cada prédio para, então, buscar meio de reduzir o consumo. A ideia é chegar de 30 a 50% de redução de consumo de energia elétrica”, explica. Segundo ele, esse projeto tem um forte impacto educacional quando se considera a mensagem sobre consumo consciente para os alunos e funcionários.
Geração fotovoltaica
A PUC também instalou uma usina fotovoltaica experimental ao lado do prédio do CEATEC (Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologia, onde funcionam os cursos de Engenharias, Química, Matemática e Arquitetura) e há um plano de instalar placas fotovoltaicas nos telhados de alguns prédios. “Nossa meta é zerar o consumo da Cabine 8, que atende os prédios de aula do CEATEC, assim, toda a energia consumida nestes prédios seria gerada por fonte própria”, explica Deantoni. Ainda de acordo com ele, o projeto “Campi Inteligente” tem forte participação de alunos da PUC, seja por meio de estágios, seja por meio de disciplinas. “Entendemos que a educação e a consciência de adotar modelos energéticos mais sustentáveis, além de ser um dos eixos de nossa Universidade, são fundamentais para um futuro melhor para todos”, disse.
Na Faculdade de Nutrição, alunos e professores já desenvolvem soluções para problemas reais da comunidade, que poderão complementar laboratórios vivos do HIDS. É o caso do projeto para construir um biodigestor, em parceria com a Faculdade de Engenharia Química e a Praça de Alimentação do Campus I. “Esse biodigestor será usado para o tratamento dos resíduos dos restaurantes do campus”, conta a diretora da Faculdade de Nutrição, Profa. Mara Biazotto Bachelli. Um dos subprodutos do biodigestor é biogás, produzido a partir da decomposição de matéria orgânica por bactérias. “No contexto do HIDS, esse biodigestor poderia ser ampliado para atender todo um bairro ou comunidade. O combustível pode ser convertido em energia elétrica ou térmica e ser aproveitado em projetos na área de transporte no território do HIDS”, sugere a professora. Ela também acredita que um projeto dessa natureza pode incentivar a criação de uma linha de pesquisa nessa área dentro do Centro de Ciências da Vida da PUC.
Outro projeto em andamento na Universidade que vai ao encontro da abordagem dos laboratórios vivos do HIDS é o gerenciamento da água. “A previsão é que dentro de cinco anos a água seja um produto gerenciável dentro de todos os campi da PUC, com uma redução de 50% no consumo”, conta Deantoni. Para isso, toda a rede de água está sendo mapeada para agilizar a identificação e soluções de problemas. Outra ação é a reativação da estação de tratamento de águas cinzas que será reaproveitada nas bacias sanitárias dos prédios da engenharia. “Além disso, estamos conduzindo ações de educação para uso consciente da água e para redução da geração de resíduos”, disse o diretor da Faculdade de Engenharia Civil. “Ao agregar mais instituições em iniciativas como essa – com mais pessoas pensando juntas, compartilhando ideias – esses projetos podem se fortalecer e serem ampliados, gerando um impacto superior. Sem dúvida, todos têm a ganhar com isso”, finaliza o diretor.
Por Patricia Mariuzzo