PUC-Campinas e Catedral lançam projeto para pessoas em situação de rua
O “Levanta-te e Anda” envolverá ONGs, Catedral e diversos setores da Universidade
A PUC-Campinas lançou na manhã de sexta-feira (8), durante uma missa comemorativa de início do ano letivo realizada às 8h30 na Catedral Metropolitana de Campinas, com a presença do Cardeal José Tolentino Calaça de Mendonça – Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação na Cúria Romana, o seu programa “Levanta-te e Anda”. A missa também teve a presença do Arcebispo Emérito de Campinas D. Gilberto Pereira Lopes, além de bispos, padres e seminaristas de toda a região.
O descerramento da placa de inauguração do projeto foi realizado ao final da cerimônia pelo Cardeal Tolentino, pelo Arcebispo Metropolitano de Campinas e Grão-Chanceler da PUC-Campinas, D. João Inácio Müller, pelo Reitor Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior, pela Profa. Dra. Alessandra Borin Nogueira e pelo irmão Sérgio Max Almeida Prado, da Irmandade do Santíssimo Sacramento.
O projeto, que envolverá diversos setores da Universidade, atuará diretamente com pessoas em situação de rua na cidade de Campinas. O objetivo é articular uma rede permanente de apoio formada por entidades e grupos que já atuam nessa área em Campinas. O papel da Universidade será o de cuidar da articulação dessa rede de apoio, garantindo que todos os participantes possam atuar em conjunto, aprimorando e ampliando seus serviços com objetivo de acolher, proteger e promover as pessoas que vivem nessa situação.
A iniciativa faz parte da missão da instituição, que busca aplicar o conhecimento desenvolvido pela comunidade acadêmica para solucionar problemas da comunidade externa. Por isso, professores, pesquisadores e estudantes de diversos cursos participarão do projeto.
Outro motivo foi o crescimento acelerado de pessoas morando nas ruas do Brasil, que aumentou 140% entre 2020 e 2022 segundo estudo desenvolvido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Esse aumento visível nas cidades brasileiras, incluindo Campinas, fez com que a Universidade decidisse desenvolver um projeto institucionalmente, de forma duradoura e ampla.
Uma equipe foi formada em 2023 com professores com experiência na Extensão Universitária, com trabalhos desenvolvidos para aplicação junto à comunidade externa. Eles foram escolhidos para dar à equipe um caráter multidisciplinar e multiprofissional.
Fases
O trabalho será dividido em fases, sendo a primeira com o treinamento dessa equipe para fazer junto com as entidades parceiras um levantamento de dados e coleta de informação sobre os moradores em situação de rua.
Após esse levantamento, será iniciado um trabalho diretamente com aqueles que já buscam sair das ruas e voltar ao mundo do trabalho, ao convívio social com suas famílias ou amigos. Para isso, uma casa de apoio está sendo reformada e estruturada na região central para dar assistência jurídica, social e formação profissional, com oficinas e cursos para que busquem trabalho formal ou outras formas de garantir sua subsistência.
“A propósito desse projeto Levanta-te e Anda, quero destacar uma fala que o Papa Francisco sempre diz, que só há uma vez em que estamos autorizados a olhar nossos irmãos de cima para baixo. Quando ele está caído e nos aproximamos para lhes dar as mãos e dizer ‘levanta-te e anda’. Então, estão todos autorizados”, disse o Cardeal Tolentino.
“Espero que esse projeto, tão importante voltado aos moradores em situação de rua, avance e atenda a outras pessoas que vivem em situação de fragilidade social, como as que sobrevivem na prostituição, para que resgatem a sua dignidade. Já estamos conquistando apoio de muitas pessoas dentro e fora da Universidade que querem participar”, disse o Reitor, que também anunciou a liberação de uma verba de R$ 400 mil pela Assembleia Legislativa após uma emenda do deputado estadual Rafa Zimbaldi para a Associação Esperança e Vida utilizar na execução desse projeto.
Rede de solidariedade
A equipe formada pela PUC-Campinas também dará apoio a outras organizações que aceitaram participar dessa rede, todas tradicionais na cidade e que trabalham com alimentação, auxílio social, psicológico e com auxílio de saúde para quem tenha dependências químicas ou outras doenças.
Participam da rede de solidariedade e são corresponsáveis pelo programa, junto com a Catedral e a PUC-Campinas, a Associação Lar São Vicente de Paulo, Colégio Técnico Centro Kennedy (CEKETEC), Geladeira Solidária, Casa Fraterna de Aliança São José -Toca de Assis, Cáritas Arquidiocesana de Campinas, Defensoria Pública, Aliança Solidária, Centro de Orientação Familiar e Associação de Apoio Esperança e Vida. Outras entidades já demonstraram interesse em se integrar.
“Nosso projeto não é assistencialista, no sentido de querer manter as pessoas em situação de rua dando somente algum conforto material. Queremos resgatá-los dessa situação, tirando eles da rua, resgatando contatos com a família. Criamos uma rede de solidariedade com diversas entidades que trabalham com pessoas em situação de rua. A PUC ficou com aspecto jurídico e psicológico, a nossa paróquia fará a triagem dessas pessoas, pois a maioria vive na região da Catedral. Pretendemos fazer cursos profissionalizantes para os que não são dependentes químicos e querem sair da rua. Trabalhar com essas pessoas precisa de perseverança, mas se conseguirmos ajudar 10% dessa população será uma conquista importante”, disse o Padre Caio Augusto de Andrade, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, na Catedral.
“Esse projeto é importante para a Universidade. Do ponto de vista da Extensão, está completamente alinhada à missão e aos valores da Instituição. Um deles é estender conhecimento, ensino, pesquisa e extensão para a sociedade, para que consigamos contribuir com relevância para a resolução de problemas complexos que a sociedade tem”, disse a Profa. Dra. Alessandra Borin Nogueira, Pró-Reitora de Pesquisa e Extensão da PUC-Campinas.
“É uma via de mão dupla, porque os nossos alunos, os nossos docentes que vão estar envolvidos, também têm oportunidade de contribuir e desenvolver nesses ambientes, nessas comunidades, nesses programas institucionais, a formação integral deles. Assim, aprimoram novas habilidades e competências, sensibilizadas com problemas sociais tão complexos. E saindo com uma formação integral, sensíveis, se inspirando em poderem ser novos líderes, para contribuir para uma humanidade e uma sociedade mais justa e fraterna”, completou.