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PUC-Campinas participa de publicação sobre ensino no contexto da pandemia de Covid-19

Estudo mostra esforço de professores para manter aulas mesmo de forma remota

A PUC-Campinas, em conjunto com universidades de todo país, participa de um estudo sobre os impactos da pandemia da Covid-19 no ensino, levando em conta a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental. A obra “Retratos da Alfabetização na Pandemia da Covid-19: Resultados de uma Pesquisa em Rede”, retrata a primeira fase da pesquisa e foi construída através de um esforço conjunto durante os anos de 2020 e 2021, por 117 pesquisadores.

A Universidade esteve representada pelo Programa de Pós-Graduação em Educação, por meio da participação da Profa. Dra. Elvira Cristina Martins Tassoni, do Grupo de Pesquisa Formação e Trabalho Docente, que integra o coletivo Alfabetização em Rede – constituído por 29 universidades.

O trabalho inicial foi realizado por meio de questionários, direcionados a professores e gestores. Ao todo, a publicação traz dados de 14.735 professoras de 18 estados em todas as regiões do país. A parte qualitativa da pesquisa foi realizada por meio de grupos focais, com a participação de docentes de 11 estados brasileiros. A segunda fase da pesquisa está em andamento e investiga o retorno às aulas presenciais.

Com a investigação dos grupos focais, foi possível compreender mais a fundo a realidade do ensino fundamental remoto emergencial. “Esse outro momento da pesquisa foi feito em cada Estado. Aí nós pudemos apurar um pouco mais desse cenário. Eu trabalhei com professoras da rede municipal de Campinas, Rio Claro, Limeira, São Bernardo, Diadema, e deu para ter um pouco mais de ideia desse trabalho. A parceria entre a escola e a família foi fundamental. A aproximação que essas professoras tiveram com as famílias foi algo que nunca elas tinham conseguido”, explica a docente.

O trabalho traz ao longo das quase 400 páginas, muitos dados e algumas conclusões importantes. “Diante dessas condições muito restritas, o WhatsApp foi a ferramenta que mais contribuiu com contato entre famílias e professores. As atividades impressas também tiveram um papel importante para manter esse vínculo”, completa a professora.

Segundo a pesquisadora, ficou claro o esforço dos professores, com diferentes realidades, para encontrar saídas para o cenário de isolamento. “O estudo mostrou que a impossibilidade de estar com o outro fisicamente comprometeu muito todo o processo de desenvolvimento mesmo. O que é interessante é ver o quanto os professores foram buscando caminhos. Teve gravação no Youtube, WhatsApp, canal de TV aberta contando histórias, e até rádio foi usado. Os caminhos foram muito diversificados, mas o que fica na base é um esforço para manter o contato com as crianças”, pontua a pesquisadora.

A pesquisa analisará, em um segundo momento, o retorno presencial às aulas, que apresentou grandes desafios. Segundo a professora Elvira Cristina Martins Tassoni, houve dificuldade na adaptação. “A primeira coisa que se manifestou foi a questão do comportamento. Elas estavam muito mais infantilizadas. Algumas crianças, por exemplo, voltaram com chupeta no primeiro ano. Uma situação totalmente incomum em outros tempos. A própria adaptação na escola foi um desafio. Quem começou no primeiro ano, ainda não havia frequentado a escola, porque a educação infantil basicamente não funcionou na pandemia. Então eles choravam, pediam a mãe, não aguentavam ficar o tempo todo”, explica. Porém, a pesquisadora reforça que há uma facilidade de adaptação por parte das crianças, que aconteceu de forma rápida.

Apesar do conteúdo de aulas que, de certo foi prejudicado no período, alguns bons exemplos ficaram como saldo. “A gente não pode apagar essa experiência que vivemos, de dois anos. Temos preservar o que foi aprendido pelos professores, apesar de ter sido um momento difícil. A pesquisa identificou boas experiências, como trabalho coletivo mais fortalecido. Isso não pode se perder. A parceria com a família e o próprio enfrentamento dos medos em relação a tecnologia, também evoluiu. Temos que aproveitar essas experiências e ressinificar na volta”, completa a professora.

O estudo completo pode ser acessado clicando aqui.

 



Carlos Giacomeli
13 de outubro de 2022