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PUC-Campinas recebe professor mexicano de arquitetura para estudos do habitat para a pessoa idosa

Alejandro Perez-Duarte Fernández também é pesquisador e conheceu projetos ligados à moradia de idosos

A PUC-Campinas recebeu nesta segunda (7) e terça-feira (8) a visita do arquiteto e professor Dr. Alejandro Perez-Duarte Fernández, da ITESO (Universidade Jesuíta de Guadalajara), no México. Pesquisador do tema do habitat para o público idoso, ele esteve na Universidade por reconhecer na PUC-Campinas uma entidade referência na América do Sul como Universidade Amiga do Idoso. Além disso, teve a oportunidade de conhecer projetos voltados a esse público em Campinas e participou de uma visita a “Vila dos Idosos Luiz Carvalini”, na cidade de Indaiatuba.

O tema apareceu há muitos anos na vida do professor e ganhou cada vez mais importância nos estudos e pesquisas do docente. “Há 20 anos eu saí do México e fui fazer doutorado na Espanha. Na ocasião, lá, começou a surgir o tema do envelhecimento. A Espanha estava com reformas no sistema de aposentadoria. Depois, morei no Brasil e vi como esse tema começava outra vez a se apresentar. Em 2019, retornei ao México e também percebi que o país estava caminhando para o mesmo ponto. Assim, cresceu meu interesse pelo tema. Existem muitas possibilidades para se avançar, na área do ensino, extensão e pesquisa”, explicou.

Segundo ele, o pioneirismo da PUC-Campinas como Universidade Amiga do Idoso fez com que ele quisesse conhecer mais sobre o trabalho realizado na Universidade. “O motivo da visita é conhecer de perto as atividades da Universidade em relação ao envelhecimento e à longevidade. Estamos aqui para aprender e estabelecer parcerias. Me chamou a atenção a forma com que a Universidade enfrenta a questão do envelhecimento e longevidade. Também me chamou atenção esse comportamento sério de Universidade Amiga do Idoso, isso indica o nível de compromisso. Estou aqui para conhecer de perto tudo isso e aprender”, completa.

Na segunda-feira (7), às 15h, ele participou de uma roda de conversa sobre os tipos de moradia para o público idoso com os participantes de oficinas do Vitalità. Na ocasião, apresentou o conceito de “Cohousing Senior”, que é uma moradia compartilhada de idosos, onde todos se ajudam e dividem as atividades – bastante diferente de uma instituição de longa permanência (ILPI), por exemplo. Apresentou alguns desafios das cidades e também números de estudos relacionados ao tema. Depois, também teve a oportunidade de ouvir dos presentes as opiniões sobre como melhor atender esse público.

Na terça-feira, pela manhã, o bate-papo foi com estudantes da Graduação e do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Arquitetura e Urbanismo. Ele apresentou desenhos arquitetônicos projetados para o público idoso no decorrer dos anos e as mudanças para os dias atuais. Também falou sobre a busca por ambientes mais amigáveis e com assistência de mais fácil acesso.

Depois, no período da tarde, o professor e uma equipe de docentes da PUC-Campinas estiveram em visita técnica à Vila dos Idosos Luiz Carvalini, na cidade de Indaiatuba, com representantes da prefeitura do município. No local, 41 idosos vivem em comunidade e de forma integrada, com apoio do Sistema de Saúde Municipal. Os moradores foram sorteados para viver nessas moradias, inauguradas no ano passado, destinadas a idosos solteiros ou casados, a partir de 60 anos, que sejam independentes para a realização de tarefas do dia a dia. “Achei interessante a forma como a prefeitura está procurando atender ao problema habitacional na última etapa da vida e com sistema de propriedade vitalícia”, comenta o professor, que cita também a importância do fato de a propriedade passar para outra pessoa em caso de falecimento.

“Ter espaços adaptados às necessidades específicas dessa faixa etária prolonga a autonomia e a autoestima dessas pessoas. Isso afeta diretamente seu cotidiano e bem-estar, permitindo que sigam suas vidas, sejam produtivas, participem ativamente de sua comunidade. A arquitetura e o urbanismo são áreas do conhecimento que podem impulsionar novos formas de habitar, lembrando que uma cidade adequada e segura para crianças e pessoas idosas beneficia a todos”, acrescenta a Profa. Dra. Patrícia Rodrigues Samora, do Programa de Pós-Graduação de Arquitetura e Urbanismo, que também esteve na Vila.

A presença do professor na Universidade também representa o início de uma parceria para desenvolver projetos de pesquisa sobre o tema junto ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo.

“Para nós é muito importante essa parceria, porque une o Vitalità, a Pesquisa, a Extensão e também a internacionalização”, comentou a Prof. Dra. Alessandra Borin Nogueira, Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão.

“A PUC-Campinas possui como uma das linhas de pesquisa ‘Projeto, Inovação e Gestão em Arquitetura e Urbanismo’. Ela discute os paradigmas atuais que envolvem os processos do espaço construído e, em função do envelhecimento populacional, as questões relacionadas à moradia e ambiente coletivo urbano são essenciais”, explica a Profa. Dra. Renata Kelly Mendes Valente, Gerente de Pesquisa e Strictu Sensu. “Além disso, é uma importante ação de internacionalização, sendo que possibilita projetos de pesquisa interinstitucionais, disciplinas conjuntas e participação de estrangeiros em bancas de defesa de alunos. Ainda, a pesquisa no PPG com a população 60+, em parceria com o professor Alejandro, poderá trazer importantes resultados de impacto na sociedade”, completa a docente.

Também foi apresentado ao professor um projeto desenvolvido na Universidade sobre moradias para o público 60+. Na opinião da Profa. Dra. Vera Placido, Gerente de Extensão da Universidade, a proposta foi criada com o objetivo de garantir acesso a serviços e à mobilidade com segurança. “Entendemos essa moradia como um ambiente que, além de responder às necessidades deste público, deve ser garantidor de acesso a outros serviços e da mobilidade com segurança. Ao desenvolver esta proposta, a posicionamos no centro de ações interdisciplinares, ou seja, pesquisadores e extensionistas, através de ações conjuntas, pensarão a melhor arquitetura para este protótipo”, pontua.

A Profa. Dra. Mariana Reis Santimaria, Coordenadora Acadêmica do curso de Gerontologia e Geriatria e professora responsável pelo Vitalità, acompanhou o professor em todas as atividades. Para ela, trata-se de um passo importante, tendo em vista que o envelhecimento é um tema que envolve a todos. “Por ser uma área que requer uma atuação multidisciplinar, essa união cumpre esse papel, olhando de diversas formas a população idosa: pelo olhar da saúde, da engenharia, da psicologia”, reforça.



Carlos Giacomeli
9 de agosto de 2023