Setor automotivo contraria cenário e vê exportações crescerem 358% em agosto
Venda de automóveis apresenta recuperação pelo segundo mês consecutivo; em contrapartida, exportações de outros produtos seguem em queda
A venda de automóveis ao exterior cresceu 358,18% em agosto, comparando-se ao mesmo período de 2019, aponta o estudo desenvolvido pelo Observatório PUC-Campinas. É o segundo mês consecutivo de recuperação do setor automotivo, contrariando o cenário das exportações na Região Metropolitana de Campinas (RMC), que fechou o mês com queda de 28,2%
Responsável por uma forte estrutura industrial e comercial na RMC, o setor automobilístico, que exerce papel importante na geração de emprego e renda, vinha sofrendo com seguidas quedas nas vendas ao exterior antes mesmo da pandemia, sobretudo pela crise na Argentina, principal mercado automotivo das empresas regionais. O primeiro sinal de recuperação ocorreu em julho, quando houve aumento de 40% nas exportações.
“O crescimento das exportações de veículos deu-se principalmente para países do Mercosul. Esse aumento foi direcionado para a reposição de estoques e renovação da frota, já que as exportações seguiam em baixa, sobretudo de março a maio de 2020, pelas restrições colocadas pela pandemia”, avalia o economista Paulo Oliveira, responsável pelo estudo.
O resultado do setor automotivo, apoiado pelo aumento nas vendas externas de medicamentos, algodão, carnes preparadas e conservadas, e açúcar, ajudou a equilibrar a pauta de exportações, que encerrou mais um mês no vermelho. O recuo de 28,2% em relação a agosto do ano passado foi causado pela diminuição expressiva do volume exportado de agroquímicos, pneus, polímeros e peças para veículos e motores de ignição por combustão interna.
O desempenho ainda é reflexo do desaquecimento econômico global causado pelo coronavírus. Com exceção da China, todos os principais países parceiros da RMC reduziram suas compras em 2020, especialmente Argentina (-38,8%), Peru (-37%) Estados Unidos (-34%) e Alemanha (-30%).
O mesmo fenômeno acontece nas importações, dada a diminuição da atividade produtiva local. Em agosto, a compra de produtos e insumos fabricados no exterior foi 11,8% menor em relação ao mesmo período de 2019. O saldo foi puxado pela queda no volume exportado de acessórios para veículos, ácidos nucleicos, compostos heterocíclicos de nitrogênio e aparelhos elétricos. No entanto, houve aumento na demanda por antissoros e vacinas, peças e acessórios para máquina de escritório, circuitos eletrônicos integrados e agroquímicos.
No acumulado do ano, as importações atingiram a marca de 7,79 bilhões de dólares, enquanto as exportações somaram 2,17 bilhões. Esse desequilíbrio já rendeu um déficit comercial de US$ 5,61 bilhões, maior que o déficit estadual de US% 3,61 bilhões. O Estado de São Paulo teria tido um superávit se não fosse pelo déficit da RMC.
“Em resumo, para além dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência da importação de insumos externos industriais, a conjuntura evidencia que a RMC passa pela pior crise externa de sua história recente”, pontua Oliveira.
Observatório PUC-Campinas
O Observatório PUC-Campinas, lançado no dia 12 de junho de 2018, nasceu com o propósito de atender às três atividades-fim da Universidade: a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade.
A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação de estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social da RMC. As informações, que englobam indicadores sobre renda, trabalho, emprego, setores econômicos, educação, sustentabilidade e saúde, são de interesse da comunidade acadêmica, de gestores públicos e de todos os cidadãos.