Tempo médio de ocupação em leitos de UTI é de 18,5 dias, mostra nota do Observatório PUC-Campinas
Situação aumenta a probabilidade de sobrecarga nos hospitais da RMC. Especialistas reforçam necessidade de adoção de medidas mais restritivas
O tempo médio de ocupação em leitos de UTI nos hospitais do Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-Campinas), composto por 42 municípios, é de 18,5 dias. É o que mostra nota técnica do Observatório PUC-Campinas publicada nesta segunda-feira (26). Segundo a análise, o aumento do prazo se deve à mudança no perfil etário dos pacientes. A maioria dos internados tem idade abaixo dos 60 anos.
O tempo elevado de ocupação explica, segundo o infectologista da PUC-Campinas André Giglio Bueno, a sobrecarga atual dos hospitais da região. Em Campinas, a taxa é bem próxima de 100% no sistema público, e de 90% no privado. Para o especialista, o momento demanda a adoção de medidas ainda mais rígidas, além de aderência da população às ações de distanciamento social.
“Com o tempo de permanência nos leitos intensivos aumentando, as medidas vão demorar mais para conseguir, de fato, reduzir essa sobrecarga. É muito difícil para os profissionais da linha de frente lidarem com a desassistência por tanto tempo. Sem medidas mais drásticas, como as que foram adotadas em março, é pouco provável que sairemos da situação atual”, afirma o médico.
O professor de Medicina da PUC-Campinas reforça, ainda, que acelerar o processo de vacinação é fundamental para controlar o avanço da pandemia, sobretudo nas faixas etárias mais atingidas nesse momento. Ele relata que, após a aplicação das duas doses, o número de internados acima de 70 anos em leitos intensivos reduziu exponencialmente.
“O papel protetor das vacinas é nítido e claro. Infelizmente, apesar da agilidade e brilhantismo de diversos municípios da RMC, que tem aplicado as doses com grande velocidade, o pequeno quantitativo de vacinas que tem chegado impede uma campanha mais robusta e com potencial de impactar em curto prazo a evolução da pandemia”, destaca Giglio.
Entre os dias 20 e 26 de junho, período correspondente à 25ª Semana Epidemiológica, Campinas registrou queda de 3,2% nos casos e 4,7% nas mortes em relação à semana anterior. O DRS-Campinas, por sua vez, apresentou redução de 8,2% nas novas contaminações, mas contabilizou aumento de 22,6% nas mortes. A situação indica um cenário de estabilidade em patamares bem elevados, de acordo com a avaliação do Observatório PUC-Campinas. Os dados atualizados da covid-19 nos municípios paulistas, incluindo a RMC, podem ser obtidos no Painel Interativo do Observatório: https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.
Economia
No aspecto econômico, a leitura é que, apesar de ajustes para cima na previsão de crescimento da economia nacional no ano, a alta taxa de desemprego e o efeito do ajuste dos estoques das empresas no crescimento do primeiro trimestre preocupam. Na RMC, o setor externo continua dando sinais positivos, e o emprego, apesar de desaceleração, ainda sugere aumento dos postos de trabalho.
“Sem uma recuperação do emprego e da renda, e do controle da pandemia, é questão de tempo para a economia regional encerrar a aparente recuperação. A vacinação com a primeira dose avançou bem nesta semana, chegando a 38.3% da população do DRS-Campinas. No entanto, a segunda dose só foi aplicada em 12.6% da população”, explica o economista Paulo Oliveira, que coordena as análises relativas à covid-19 pelo Observatório PUC-Campinas.