Vendas externas seguem em queda na RMC, mas exportações de automóveis crescem 40% em julho
Setor automotivo vê melhora após vários meses de redução nas vendas ao exterior; apesar disso, déficit comercial na região chega a US$ 4,8 bilhões no ano
As exportações de automóveis fabricados na Região Metropolitana de Campinas (RMC) tiveram aumento de 39,8% em julho, na comparação com o mesmo período de 2019. O desempenho do setor, que vinha apresentando quedas expressivas nos últimos meses, ajudou a contrabalancear o resultado comercial da região, que fechou o mês de julho com déficit de US$ 733 milhões. No acumulado do ano, de acordo com informativo do Observatório PUC-Campinas, o descompasso entre as importações e as exportações já gerou um déficit comercial de US$ 4,8 bilhões.
Com exceção do aumento nas vendas externas de automóveis, além de açúcar (+168%), algodão (+479%) e agroquímicos (+7,19%), o mês de julho foi novamente marcado por quedas, a exemplo do vem ocorrendo desde o início do ano devido à crise global provocada pela pandemia do novo coronavírus. As principais reduções foram de produtos como medicamentos, peças e acessórios para veículos, polímeros de propileno, carne e peças para motores de ignição.
Em relação às importações, que também se mantiveram em queda, evidenciando as dificuldades enfrentadas para a retomada das atividades econômicas em meio à covid-19, destaca-se o baixo volume nas compras externas de circuitos eletrônicos integrados, aparelhos elétricos, antissoros e vacinas, compostos heterocíclicos de nitrogênio, e acessórios para máquinas de escritório. Por outro lado, houve crescimento nas importações de medicamentos, antibióticos, agroquímicos e compostos orgânicos e inorgânicos.
Para o economista Paulo Oliveira, a atual conjuntura demonstra que a RMC passa pela pior crise externa da história recente. Com US$ 301,74 milhões vendidos ao exterior, a região apresentou o pior desempenho para o mês de julho em 10 anos. “Além disso, a participação nas exportações do Estado de São Paulo, de 7,14%, corresponde ao segundo pior patamar da série”, acrescenta.
Outro ponto importante, segundo o professor extensionista, é que a queda nas exportações está concentrada em produtos de alta e média-alta complexidade econômica, prejudicando a oferta de empregos mais qualificados. “Produtos considerados complexos requerem maior sofisticação tecnológica das estruturas produtivas, além de conhecimento para sua fabricação. Desta forma, costumam exigir mão de obra mais qualificada, oferecendo maiores salários”, explica.
De janeiro a julho, a RMC importou US$ 6,75 bilhões e exportou US$ 1,87 bilhão. Neste período, comparando-se ao ano passado, houve queda nas exportações para todos os principais países parceiros, sobretudo Estados Unidos (-63,59%) e Argentina (-63,82). Também caíram, no mesmo intervalo, as compras (importações) de parceiros comerciais importantes, como China (-49,33%) e EUA (-46%).
Observatório PUC-Campinas
O Observatório PUC-Campinas, lançado no dia 12 de junho de 2018, nasceu com o propósito de atender às três atividades-fim da Universidade: a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade.
A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação de estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social da RMC. As informações, que englobam indicadores sobre renda, trabalho, emprego, setores econômicos, educação, sustentabilidade e saúde, são de interesse da comunidade acadêmica, de gestores públicos e de todos os cidadãos.