Vitalità consolida novo olhar para o idoso com sucesso em oficinas, inovação e muitas histórias para contar
Centro promoveu 20 oficinas com mais de 400 participantes e tem ajudado a mudar a vida e a visão sobre a velhice
O Vitalità ─ Centro de Envelhecimento e Longevidade da PUC-Campinas ─ encerrou o primeiro semestre de 2022 celebrando a missão cumprida. Os números resumem esse sucesso. Foram ao todo 20 oficinas: 9 delas remotas e 11 presenciais. As atividades reuniram 423 idosos.
Eles puderam ter a experiência de aprender mais sobre a era digital, alimentação saudável, direito do idoso, empreendedorismo, saber como criar e cuidar de uma horta e praticar exercícios físicos. E a arte também esteve presente, com oficinas de fotografia e de canto.
E a trajetória, de quase dois anos, traz outras conquistas: já são 649 cadastrados. Em 9 eventos, 826 pessoas participaram ao vivo. O streaming também foi ferramenta adotada. Teve o alcance de 3500 visualizações.
A participação cresce a cada dia. Hoje, o maior público está entre as idades de 60 e 69 anos: mais da metade dos participantes estão nessa faixa etária. Mas as atividades atendem quem quiser participar, a partir dos 50 anos.
E o alcance tem chamado a atenção. Não são só os idosos de Campinas que o Vitalità atrai. Pessoas de toda a região já conhecem os trabalhos e têm procurado as atividades do Centro. As oficinas alcançaram o público de Valinhos, Paulínia, Hortolândia, Indaiatuba, Sumaré, Americana, Jaguariúna, Vinhedo, Santa Bárbara d’Oeste e Holambra.
O combustível para esse crescimento e promoção de tantas atividades são também os frutos já colhidos. Os depoimentos de quem já colocou na agenda as oficinas do Vitalità reverberam dentro da Universidade. Chegam agradecimentos, demonstrações de carinho e até mesmo poemas, como o do Fernando Antônio Caleffi, 68, que participa das oficinas. Uma importância que fica evidente neste trecho escrito por ele:
“Essa é a primeira vez que eu vivo agora, dantes era … Sei lá como, não me recordo mais … Mas ficou a marca que morria jovem, nunca vivi tanto, tenho certo que isso é inédito. Tenho a grande oportunidade de viver novas experiências, novas vidas dentro dessa mesma vida: renascer.”
Exemplos como esse do Fernando já viraram rotina para quem trabalha diretamente no Centro. Para a Profa. Dra. Mariana Reis Santimaria, Coordenadora Acadêmica do curso de Gerontologia e Geriatria e professora responsável pelo Vitalità, trata-se de um trabalho que não é realizado de maneira pontual, mas contempla vários aspectos. Faz parte de uma visão da PUC-Campinas. “As pessoas parabenizam muito nossas ações. O Centro vem em função desse olhar visionário da Universidade. Nós não estamos olhando para isso só porque todo mundo fala. Isso é uma construção de mais de 30 anos. A Universidade tem uma tradição de atenção a essa população”, explica.
Transformando vidas
Todo esse trabalho, guiado pela seriedade e pelo comprometimento, já começa a promover transformações. Um dos grandes exemplos de como a atenção ao idoso pode mudar o rumo de uma vida é a trajetória de Iolanda Picolotti Corrêa, de 86 anos. Ela é uma das que começaram a participar das atividades assim que o projeto teve início, em 2020. Hoje ela encara a vida melhor, graças ao Vitalità.
Iolanda passou, recentemente, por momentos difíceis. Teve a perda de duas pessoas importantes: o marido e uma filha. O baque foi grande e a idosa foi tomada por sofrimento e tristeza e precisou procurar ajuda de um especialista. Foi quando a filha, Silvania Maria Corrêa Zanini, de 62 anos, ficou sabendo do Vitalitá e resolveu levar a mãe. Agora, as duas fazem as atividades juntas, cheias de energia.
“Ela estava em uma situação difícil, de muita ansiedade. Não dormia à noite. Estávamos com uma psiquiatra, que disse que ela tem muita vontade de viver. Que era melhor fazer atividade em grupo, porque ela gosta muito. Meu marido viu a chamada do Vitalità da PUC-Campinas e viemos”.
Foi o que ela precisava para sair da fase mais difícil e abandonar os remédios. “Ela não está mais tomando remédios. Precisa ver as coisas que ela faz nas atividades”, comenta Silvania.
Iolanda admite a importância de participar das atividades e reforça o ganho de qualidade de vida, com a melhora da condição de saúde. “Eu acho ótimo, muito bom, porque além de trazer alegria, traz bastante exercícios para melhorar o nosso físico. Todos se esforçam, cada um faz do jeito que pode. Estou desde o começo, não faltei nenhum dia”, reforça, orgulhosa. “Muito bom o local, muito boa a oferta da PUC-Campinas de nos proporcionar essa grande alegria”, comenta. Hoje, Iolanda comemora também a evolução da autonomia e da qualidade do sono. “Me locomovo melhor, durmo melhor à noite, parece que me descansa esses exercícios”.
Além das atividades físicas, Iolanda, que mora no bairro Santa Genebra, em Campinas, também participa da oficina de coral. E tem muita disciplina em relação ao cronograma. “Ela está com uma perda de memória, mas ela lembra das atividades. Esses dias me disse ‘vai ter férias né, que pena’”, relembra a filha Silvania.
Mas o que Iolanda valoriza, além das atividades, é o carinho que tem recebido de toda a equipe. Isso, para ela, não tem preço. “Todos os professores são ótimos, eles ajudam. O Vanderlei (Prof. Me. Vanderlei Palandrani, Gestor do Centro), que não é o Cardoso, mas é Vanderlei (brinca, lembrando do cantor Wanderlei Cardoso) ajuda. Os professores, não sei nome de todos, mas gostaria de saber para agradecer”, reforça.
Na equipe que participa das atividades, também está outro personagem. Este, junto com a esposa. A exemplo de Iolanda, ambos participaram em junho de uma quadrilha, que fechou o semestre do Centro. Para José do Carmo Mendes Vieira, 72, a programação ajuda a sair do sedentarismo. “Eu tenho participado dessa atividade de ginástica, eu acho muito bom. Os professores ajudam bastante. Cada um faz no seu ritmo e a gente aproveita bem. É bom para exercitar, eu sou muito sedentário. Minha esposa vem, faço companhia, aproveito e faço”, explica.
Jaime Tadeu Zoppi, 71, também encontrou uma nova forma de ver a vida depois de participar de uma oficina de leitura. “Eu vivia sem um objetivo certo, tendendo à depressão e a alienar-me da sociedade. A integração com o grupo da leitura, as leituras que fizemos, reverteu essa situação”, comenta.
Os voluntários participam ativamente das atividades. No evento de encerramento das atividades de primeiro semestre, Lucas Blumer Trematore, aluno do 2º ano de Educação Física, foi quem coordenou as atividades. Ele começou a participar depois de uma indicação de um professor, e não parou mais. Para ele, a troca enriquece todos os participantes. “Para mim é uma alegria e uma troca de conhecimentos. Eles sempre se mostram dispostos a fazer e isso ajuda bastante. Eles sempre querem mais e a gente faz com mais carinho. A gente dá risada, conversa, eles contam histórias deles e a gente também acaba ajudando com outras coisas, como a internet. Eles sempre estão com sorriso, não pode abraçar ainda, mas sempre parecem muito felizes, nos agradecem muito”, comenta.
Para a professora Mariana Reis Santimaria, essa troca de experiências enriquece muito a história de todos que passam por lá e traz um diferencial para o Centro. “Além dos relatos muito significativos, o vínculo, o carinho com as voluntárias, que são alunas, agradecendo como são tratadas, como os temas são abordados, isso para nós é muito importante”, comenta.
Representatividade internacional
A professora também reforça que todo o trabalho tem por base conceitos sólidos, com um olhar amplo sobre a população idosa. “Nós não estamos apenas pensando em ações assistenciais. Nós estamos integrando ações na graduação, extensão e pesquisa. Temos eixos de atuação importantes, que envolvem qualidade de vida, empreendedorismo sênior, pesquisa e inovação”, detalha Mariana.
Por todo esse cuidado, a Universidade foi a primeira na América do Sul a receber o selo de Amiga do Idoso, credenciada junto à Age-Friendly University (AFU) Global Network. Inclusive, foi convidada a participar de um evento da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no último mês de junho para apresentar os trabalhos do Vitalità.
Quebrando tabus e lutando contra preconceitos
Uma das lutas em todo esse processo é fazer com que a velhice se torne algo encarado com mais naturalidade e respeito, levando ao entendimento das pessoas a importância da valorização do idoso, segundo a professora Mariana Reis Santimaria.
“Envelhecer é uma oportunidade. No ponto de vista social, isso representa uma evolução. Agora, temos um contexto social e econômico que, muitas vezes, não favorece. Então, ainda carecemos de atividades, de serviços, de mudança de cultura, para que a gente possa olhar o envelhecimento de uma forma diferente”, comenta. “Esse medo (de envelhecer) é por desconhecimento. É medo de envelhecer ou das perdas que o envelhecimento traz? Nós não podemos esquecer que é multidimensional, também temos ganhos, coisas boas que vêm. Temos que encarar isso com mais naturalidade. Precisamos incorporar isso, falar sobre isso. O Vitalità é um lugar onde as pessoas podem falar e refletir sobre isso”, completa.
Para o futuro, o Centro continua focado em suas várias frentes. E uma delas, aumentando a cada dia, é ouvir o que o idoso quer e precisa. “O contato com a comunidade proporciona o processo de escuta de demandas apontadas pelo público idoso para que o Vitalità as considere e possa contemplá-las em seus futuros projetos”, comenta o Gestor do Centro, Prof. Me. Vanderlei Palandrani Júnior.
Inscrições abertas
O Vitalità está com inscrições abertas para várias oficinas, entre elas: nutrição, longevidade digital, exercícios físicos. Muitas outras ainda devem ser anunciadas em breve. Para mais detalhes, basta clicar aqui. Na área específica do Centro, no Portal da PUC-Campinas, é possível ver todas as opções e preencher o cadastro. Outra forma de contato é pelo telefone: (19) 3343-7116 ou WhatsApp (19) 99840.0455.